O Diabo em Ohio e o terror na Netflix
Mesmo com novas plataformas de streaming surgindo ano após ano, a Netflix ainda tem lugar cativo no coração de seus assinantes e, aos poucos, vem conquistando o público amante do gênero de terror com produções independentes de arrepiar.
Impressões assustadoras
Por mais que existam títulos de terror famosos na história do cinema, criar produções de sucesso não é nada fácil. Não é à toa que as receitas de grandes filmes são frequentemente “copiadas” e não chegam nem perto da obra original. Após o lançamento de O Exorcista (1973), a temática de possessões demoníacas e rituais de exorcismos tornou-se frequente em filmes e produções de terror.
Dessa forma, quando algum estúdio, roteirista ou diretor consegue produzir a receita de um bom filme de terror, tenta extrair o máximo possível até que ela seque. Assim como foi Jogos Mortais, que teve seu primeiro filme lançado em 2004 e tornou-se uma franquia que, graças a seu sucesso, teve um total de sete capítulos somados a dois spin-offs. A franquia, inicialmente produzida por James Wan e Leigh Whannell, teve seu último capítulo em 2010. As armadilhas mortais de Jigsaw apareceram por seis anos consecutivos no cinema até que seu fim fosse decretado.
Assim como Invocação do Mal, após o sucesso do primeiro filme em 2013, que lançou não somente mais dois longas para relatar a vida e história do casal Warren, mas, também, trouxe às telas outras três sequências de filmes spin-offs da trama principal.
Se nos cinemas a tarefa de fazer terror já não é das mais simples, no streaming não poderia ser diferente.
Sustos em capítulos
Após os sucessos de produções como Dexter, American Horror Story e The Walking Dead, a Netflix também se aventurou no mundo das histórias de terror e logo encontrou o caminho das pedras.
Além do título “Eu Vi’, série que conta relatos curtos de histórias reais em formato de pequenos documentários paranormais, a plataforma começou a investir em suas próprias séries de assustadoras.
No ano de 2018, a série A Maldição da Residência Hill foi lançada e, de maneira surpreendente, conquistou fãs logo de cara, alcançando uma nota de 8,6 no IMDB.
A história da traumatizada família Hill, no decorrer dos dez episódios, garantiu mais do que bons sustos, mas, também, uma história muito bem contada e um enredo inovador.
Cerca de dois anos depois, eutilizando parte do elenco da primeira série, a Netflix lançou A Maldição da Mansão Bly. Apesar de não ter alcançado a mesma nota que a primeira obra, ainda assim garantiu diversos arrepios aos espectadores, e um desfecho com ares de romance e tons dramáticos.
Já em 2019, com uma roupagem completamente nova, fomos apresentados a Marianne, uma história que, apesar de também ter seus momentos sentimentais e tocantes, de certo é a que tem o maior número de cenas chocantes e creepy.
Além da ótima interpretação de Mireille Herbstmeyer, a trama foge do habitual roteiro de terror, onde o personagem mais bobo morre e os demais vão em seguida, até que um solucione todo o problema. A história francesa, ambientada em um vilarejo afastado, tem tudo para causar arrepios. Na ocasião, a escritora Emma, vivida por Victoire Du Bois, precisa encarar alguns fantasmas do passado para conseguir levar sua vida adiante, contudo, não imaginava que parte desses fantasmas fossem tão reais como os de suas obras.
Já que tocamos no assunto local afastado, óbvio que A Missa da Meia Noite não poderia ficar de fora. Novamente utilizando a base do elenco das primeiras produções, esta quarta série da Netflix traz um ar sombrio diferente das anteriores. Muito deste tom se deve à problematização da série que, de forma corajosa, transfere à religião cristã responsabilidade pelos problemas locais, desde a educação, passando por discriminação a outras crenças, até questões voltadas ao convívio da sociedade e seus hábitos.
Como se não bastasse entrar em conflito com a religião, o conto por diversas vezes embasa argumentos e discursos com trechos e passagens da bíblia para justificar horrores ocorridos na história. Inclusive, com a representação de seres ora celestiais e divinos, ora assustadores e macabros no decorrer da trama.
O Diabo em Ohio
Imagem destaque: reprodução Netflix
A nova produção da Netflix apresenta relatos baseados em um conto verídico onde uma jovem garota, interpretada por Madeleine Arthur, demonstra ter uma relação para lá de estranha com o local onde fora resgatada pela família de Suzanne Mathis, interpretada por Emily Deschanel.
Com uma ambientação parecida com a de O Matagal, de Stephen King, nesta nova adaptação mergulhamos na história de uma garota inocente, que apresenta comportamentos e atitudes fora do que se espera para alguém daquela idade e naquela condição.
Seus novos parentes logo descobrem que o campo de onde a menina fora resgatada guarda mais segredos e mistérios do que esperavam. Logo, a família descobre que a criança está envolvida com uma seita pagã que realiza sacrifícios e rituais macabros.
O Diabo em Ohio, adaptação do livro de Daria Polatin, estreia no dia 2 de setembro na Netflix.
E você? Crê que a Netflix caminha em uma direção boa em produções de terror ou ainda não achou a tal fórmula de sucesso? Gosta de consumir terror em séries ou acha que o gênero só se encaixa bem em filmes?
Este artigo foi escrito por Filipe Mello e publicado originalmente em Prensa.li.