O Fusca genérico high-tech vem aí!
Não faz muito tempo, publiquei um artigo cá nestas páginas sobre carros autônomos, e usei a figura do Herbie, o simpático fusquinha dos Estúdios Disney, astro de produções de sucesso como Se Meu Fusca Falasse, O Fusca Enamorado e Meu Fusca Turbinado, entre outras.
Não é fruto do acaso a casa do Mickey ter escolhido o popular modelo da Volkswagen para estrelar seus filmes. O carro é um modelo que transcendeu (e transportou) gerações. Por mais que seu design seja considerado estranho e antiquado nos dias de hoje, o modelo esbanja um certo charme que só ele tem.
Não fica só no visual: sua durabilidade e facilidade para consertar, inspira uma confiança rara na indústria automobilística. Dizia-se, para reparar qualquer problema num fusca você só precisava de um elástico, um rolo de barbante e talvez um tubinho de cola branca. Nem McGyver faria melhor.
O visual do “besouro”, como é chamado nos Estados Unidos, é tão marcante que inspirou a Volkswagen a promover uma releitura do veículo, também com grande sucesso: o New Beetle, cujos modelos iniciais contavam com um vasinho e uma flor de plástico sobre o painel, sabe-se lá o motivo.
O visual mais pós-moderno que um carro pode ter | Imagem: Great Wall
Nos mínimos detalhes
Como quem não quer nada, e inspirada por essa história de sucesso, a montadora chinesa Great Wall pegou carona na ideia e recentemente lançou no mercado o Ora Punk Cat, que nada mais é do que uma cópia descarada, digo, um modelo genérico do nosso querido fusquinha. Com a diferença de ter o melhor da tecnologia embarcada em sua carroceria.
Fortemente “inspirado” nos modelos alemães de meados dos anos 1960, o fusca chinês é levemente maior que o original, e carrega um motor – elétrico – de quase 300 cavalos. E apesar de todo o jeitão retrô que passa por volante, câmbio e detalhes, tem um grande monitor touch screen bem no meio do painel, onde se pode controlar a maioria das funções do carrinho.
E não são poucas as inovações (em termos de um Fusca original, claro). O Punk Cat (e o Ora Ballet Cat, versão dirigida ao público feminino) tem piloto automático, assistente de estacionamento, regulagem autônoma de ar condicionado, carregador de celular por indução, câmera de ré, câmera 360 graus e até mesmo uma inusitada câmera no pára-sol, para você tirar uma selfie antes de dirigir. A autonomia da bateria, segundo o fabricante, é de 300 quilômetros.
Visual bem inspirado nos modelos alemães desde 1950 | Imagem: Great Wall
É bom lembrar que a Great Wall comprou no ano passado a antiga fábrica da Mercedes em Iracemápolis, interior paulista. A princípio, deveria começar a produzir outros carros em suas instalações, mas como já registrou no INPI a marca “Punk Cat”, é certo que o fusca genérico já está em suas prioridades. Além disso, já é tido como certo, os primeiros modelos serão importados para lançamento por aqui.
Homenagem incômoda
Não precisa ser adivinho para desconfiar que a “homenagem” não rodou muito bem lá pelos lados de Wolfsburg. A Volkswagen até achou simpática e carinhosa a ideia chinesa, mas não gostou nem um pouquinho de ter um clone (inegável) nas ruas, sem autorização. Imagina-se a possibilidade de um processo contra a Great Wall, mas também há a chance de haver um acordo entre as duas marcas.
Fusca por fora e por dentro | Imagem: Great Wall
Também não podemos esquecer que a própria Volkswagen está prestes a lançar uma nova releitura do fusca, muito mais aproximada das versões clássicas, e totalmente elétrica, chamada ID Beetle. Há a possibilidade, eventualmente, de termos as duas rodando por aí.
E você, gostaria de comprar um fusca elétrico legítimo ou sua versão chinesa?
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.