O futuro do cinema e a realidade virtual
Os espectadores sempre pagaram caro por um ingresso de cinema, mesmo sendo possível conferir o filme no conforto de sua casa depois de alguns meses, e por um valor mais acessível. Mas por qual razão? A experiência, claro.
Telas gigantes, projeção a laser, novas tecnologias de som e imagem, além das salas 4D que exploram os nossos sentidos, são algumas das ferramentas usadas para nos imergir dentro dos filmes. Baseado nesta busca por inovação, novas e mais elaboradas experiências surgem, envolvendo a realidade virtual no cinema.
Os óculos de realidade virtual ganharam espaço nos últimos anos, e vêm sendo explorados por diversos cineastas desde então. “A realidade virtual é o futuro do cinema”, diz o cineasta brasileiro Ricardo Laganaro, um dos pioneiros a utilizar a tecnologia na sétima arte. Para o artista, os óculos de realidade virtual estão cada vez mais baratos com o tempo, e o formato tende a proporcionar entretenimento de forma diferente e interativa.
Muitos filmes já abordaram o assunto nos anos 90, como por exemplo a trilogia de sucesso “Matrix”, considerado um dos melhores filmes de realidade virtual já feito. Porém, hoje o desafio do cinema não é mais apenas abordar o tema em suas narrativas, mas também produzir conteúdo próprio para imersão total.
Segundo o artista e guru da realidade virtual, Chris Milk, os filmes do futuro oferecerão experiências imersivas sob medida. Milk usa o termo "story living" (vivendo a história, em inglês), uma alternativa ao famoso “storytelling” (contando a história, em inglês). Ele acredita que as experiências cinematográficas evoluirão de uma forma que nos faça sentir como se fosse algo natural e real, mas com características das histórias instigantes que tanto gostamos de ver.
Para a Lynette Wallworth, vencedora do Emmy, no futuro a tecnologia da realidade aumentada expandirá o alcance dos filmes tradicionais, permitindo o espectador alternar entre assistir o filme e depois experimentar os momentos de forma imersiva.
"Se você pensar sobre isso em relação a assistir à Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller, por exemplo, você pode ver o filme tradicional com óculos de VR que permitem ver a tela do cinema e alternar os modos", diz. "Então você agora está sentado ao lado de Furiosa na cabine de seu caminhão, enquanto ela dirige precipitadamente pela paisagem do deserto à toda velocidade."
Com esta nova tecnologia, os cineastas exercem menos controle do que em experiências não interativas, permitindo os espectadores fazerem suas próprias escolhas, moldando a narrativa como desejar. Essa seria a diferença entre “contar a história” e “viver a história”.
Apesar de promissor, até o momento essa nova mídia está sendo mais usada apenas como forma de divulgação. Muitas pessoas do mercado apostam que daqui alguns anos será possível produzir filmes inteiros, capazes de nos fazer imergir a tal ponto que sintamos como se estivéssemos vivendo a obra.
Já existem algumas experiências como essa em alguns países, como a The VR Cinema, uma sala de realidade virtual lançada na Holanda, onde os espectadores assistem um curta metragem utilizando a nova mídia.
A IMAX também vem investindo nessa área, com seu centro de realidade virtual. Os primeiros cinemas a receberem a tecnologia serão um em Los Angeles (EUA) e outro em Manchester (Reino Unido).
As distribuidoras não ficaram de fora e também estão investindo no futuro. A Fox, por exemplo, firmou parceria com a Felix & Paul, produtora especializada em realidade virtual, para criar conteúdo imersivo inspirado em filmes e personagens do estúdio. Já a MGM liderou o fundo de investimentos para a startup Survios, enquanto a Sony e a Disney investiram na produção de conteúdo em realidade virtual.
O cinema é, desde o início, uma experiência coletiva, indo contra a ideia da realidade virtual que é uma experiência solitária. Contudo, a ideia de utilizar essa nova tecnologia não precisa ser descartada, já que seria apenas mais uma alternativa de experimentar novas imersões além do formato tradicional dos filmes.
A realidade virtual será cada vez mais utilizada como ferramenta de divulgação e marketing das superproduções. Esse diferencial é o que mantém a indústria cinematográfica em uma competitividade acirrada com os streamings.
Foto para capa Crédito: Max Kegfire/iStock
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Este artigo foi escrito por Bruna da Cruz Souza e publicado originalmente em Prensa.li.