O futuro será moldado pela confiança
Web Summit Rio 2025 reforça que tecnologia e inovação se fazem com conhecimento humano, confira os primeiros destaques da cobertura Prensa.
O Web Summit Rio 2025 deixou claro que a tecnologia, por si só, já não impressiona — é o impacto humano que está em jogo.
Em meio a palcos lotados e corredores fervilhando de conversas, o que se destacou foi um consenso: estamos em plena travessia. O futuro não será moldado apenas por inovação técnica, mas por nossa capacidade de gerar confiança, remover barreiras e criar experiências mais inteligentes, inclusivas e com propósito.
Na edição desta segunda-feira da Prensa Tech, trago os primeiros insights de uma semana dedicada à inovação e tecnologia. Das incertezas para o futuro à cooperação global, da valorização da confiança à urgência por inclusão real, confira a curadoria Prensa do Web Summit Rio 2025.
O futuro é incerto. Então, por que não moldá-lo?
Nicole Ingra, estrategista global de marcas, compartilhou no palco do Web Summit Rio sua visão sobre como indivíduos e empresas podem assumir um papel ativo na construção do futuro. Com base em três pilares — cultura, criatividade e inovação —, ela defende que o amanhã não é algo a ser previsto, mas sim criado. “O futuro não existe ainda, ele está aberto à criação”, afirmou. Para ela, são as decisões tomadas hoje, os valores escolhidos e as ações implementadas moldam o que virá.
Nicole propôs uma abordagem propositiva, especialmente em momentos de incerteza: utilizar princípios, sistemas, narrativas e posicionamentos de marca como catalisadores para desenhar futuros desejáveis. Esses elementos, segundo ela, são ferramentas fundamentais para mover uma organização do presente para o “próximo”. Em vez de se adaptar passivamente às mudanças, a palestra incentivou o público a ocupar a posição de protagonista, reescrevendo as regras em tempos de transformação.
Inspirando-se na ficção científica, Nicole provocou: se até os viajantes do tempo acreditam que pequenas ações podem alterar drasticamente o futuro, por que nós, que estamos no presente, não levamos isso a sério? Em um mundo em constante mutação, ser estratégico, criativo e ousado é mais do que desejável — é necessário. A incerteza, disse ela, pode ser assustadora, mas também é onde nascem as possibilidades mais poderosas.
Brasil se firma como potência tecnológica e atrai talentos de volta ao país
Durante a palestra Tapping into Brazil’s dev culture, realizada no Web Summit Rio, o executivo Luis Bitencourt-Emilio destacou a transformação do cenário tecnológico brasileiro nas últimas décadas. Em um relato pessoal, ele lembrou o período em que, ao trabalhar fora do país, contribuiu para o “brain drain”, levando profissionais qualificados para o exterior. “Naquela época, não havia uma comunidade tech forte no Brasil”, afirmou. No entanto, segundo ele, esse quadro mudou radicalmente com o surgimento de startups, unicórnios e investimentos locais. Foi esse amadurecimento que o motivou a retornar ao país há cerca de seis anos, com o desejo de contribuir para o fortalecimento do setor.
Luis também pontuou os desafios que acompanham esse novo momento, como a concorrência entre empresas brasileiras e estrangeiras por talentos locais. Para ele, mais do que salários, é preciso oferecer propósito, realização e um ambiente que estimule a inovação. “Temos que pensar como nos tornamos um lugar empolgante para desenvolvedores, designers e profissionais de produto. Um espaço onde eles queiram ficar e contribuir”, defendeu.
Já Shelley McKinley reforçou a importância de fornecer aos profissionais acesso às melhores ferramentas e tecnologias. Para ela, desenvolvedores são criativos e querem resolver grandes problemas, por isso precisam de infraestrutura moderna e ambiente que favoreça a inovação responsável. Shelley também chamou atenção para a diversidade nas equipes, afirmando que grandes empresas devem refletir o mundo que desejam servir. “Se quem desenvolve os sistemas representa o mundo, você consegue atender melhor sua base de clientes”, concluiu.
Brasil e Alemanha reforçam cooperação internacional para regular a inteligência artificial
Representantes dos governos do Brasil e da Alemanha debateram os desafios e as estratégias para equilibrar inovação e responsabilidade no avanço da inteligência artificial (IA). Daniel Almeida Filho, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), destacou a importância de regulamentar tecnologias disruptivas com foco no bem-estar social.
Stephan Knoll, secretário de Estado do Ministério Federal de Digital e Transporte da Alemanha, apresentou a experiência europeia com o AI Act, que classifica aplicações de IA por níveis de risco e busca garantir transparência e segurança sem frear a inovação. Ele reforçou a necessidade de cooperação internacional e destacou iniciativas bilaterais como o programa Indústria Aberta Brasil-Alemanha para criação de espaços de dados interoperáveis.
Henrique Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital do MCTI, detalhou o panorama brasileiro. Ele apontou o crescimento do uso de tecnologias digitais no país, como o app GovBR e o Pix, mas alertou para a necessidade de reduzir desigualdades regionais de acesso. Miguel também apresentou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que prevê investimentos de US$4 bilhões em ações estruturantes, incentivo a startups e a criação de centros de transparência e supercomputadores de alto desempenho. A expectativa é que a nova Lei de Inteligência Artificial brasileira seja aprovada ainda este ano, alinhando o país às regulamentações internacionais.
O encontro reafirmou o compromisso dos dois países em promover o uso ético e responsável da IA, combinando inovação tecnológica com proteção de direitos fundamentais.
Heineken reforça aposta em conexão humana e relevância cultural no Web Summit Rio
Como marcas globais conseguem ser autênticas em diferentes culturas? A resposta, segundo Cecilia Bottai Mondino, VP de Marketing da Heineken Brasil, passa por respeitar o contexto local e investir na colaboração verdadeira entre agências e times globais. Durante a palestra “Pense globalmente, fale localmente: decifrando o código da conexão cultural”, mediada por Monica Gadsby (Publicis Groupe), Cecilia mostrou exemplos concretos dessa abordagem.
A campanha "The Green One", originalmente criada para o público global, ressoou profundamente no Brasil, onde o apelido "verdinha" se encaixou naturalmente na comunicação popular. Já a homenagem ao Ayrton Senna, realizada em parceria com a Netflix, nasceu de um insight genuinamente brasileiro e demonstrou que a emoção pode atravessar fronteiras — o projeto emocionou até os executivos globais da Heineken.
Para garantir a relevância local, Cecilia defendeu a importância de agências integradas — no caso, a mesma rede Le Pub tanto no Brasil quanto globalmente — e uma comunicação direta e transparente sobre o que funciona ou não nos mercados locais. A confiança mútua é fundamental, assim como a antecipação de necessidades para o planejamento de campanhas.
A executiva também abordou o papel da tecnologia. Deixando de lado o medo da inteligência artificial, ela destacou que a IA tem servido para acelerar insights e tornar a produção de conteúdo mais ágil. O projeto "Boring Phone", que promove a socialização e o distanciamento saudável dos celulares, é um exemplo: desenvolvido a partir de dados e tendências identificados com ajuda de IA, ele resultou em eventos presenciais impactantes, como um show da cantora Joss Stone no Rio de Janeiro, onde os celulares do público foram guardados para estimular a interação humana.
Por fim, Cecilia defendeu que, em um cenário de crescente digitalização e isolamento, as marcas que quiserem se manter relevantes precisarão assumir um papel social claro. No caso da Heineken, esse papel é promover momentos de socialização real, sempre com leveza e sem imposições — estimulando as pessoas a descobrirem novas experiências fora das telas.
Microsoft aposta no Brasil como hub de inovação com IA
Durante sua fala no Web Summit Rio, Daniela Monteiro destacou o compromisso de longo prazo da Microsoft com o Brasil, onde a empresa atua há 36 anos. Segundo ela, o país é visto como um adotante ágil de tecnologia e tem potencial para se tornar um polo de inovação em inteligência artificial e computação em nuvem. “A IA pode tornar o Brasil mais competitivo globalmente, e queremos fazer parte disso”, afirmou. A executiva defendeu que, para aproveitar esse momento, é essencial investir em infraestrutura, formação de talentos e governança de dados.
Daniela organizou sua visão sobre a aplicação prática de IA em quatro frentes: aumento da produtividade, transformação da experiência do cliente, otimização de processos e inovação. Ela enfatizou que, mais do que adotar a tecnologia por tendência, as empresas devem repensar seus negócios com base em prioridades reais. A governança de dados, a capacitação dos profissionais e o controle interno são vistos como barreiras-chave para a implementação segura da IA, que pode gerar impactos significativos especialmente onde há grandes volumes de dados.
A executiva destacou o programa Conecta A.I., com a meta de treinar 5 milhões de brasileiros em IA até 2026 — 2,4 milhões já foram capacitados. Além de preparar jovens para o mercado, a iniciativa também busca incluir populações sub-representadas no setor de tecnologia. Daniela, terceira mulher a liderar a operação brasileira da Microsoft, reforçou o compromisso da empresa com diversidade e citou o programa “Elas na IA” como exemplo de mentoria com foco em inclusão. Para ela, sucesso é contribuir com o crescimento econômico e sustentável do país, tornando a IA uma ferramenta acessível e transformadora.


Essa é a primeira edição especial da #PrensaWebSummitRio2025 — Fique por dentro do nosso calendário semanal de newsletters com uma curadoria exclusiva de conteúdo. Nossos leitores receberão durante todo o mês de maio os insights do principal evento de inovação e tecnologia da América Latina😎