O IA do Google tem autoconsciência?
O nome do artigo pode parecer ironia, mas, segundo um dos engenheiros que trabalhava dentro da Google – que chegou até mesmo entrevistar o LaMDA – pode ser uma pergunta legitima. O especialista em inteligência artificial do Google, Blake Lemoine – que foi afastado depois de escrever um artigo publicado no último sábado (11) – disse que o sistema da empresa tem de desenvolver um chatbot (que seria um software que tenta simular um ser humano em uma conversa por meio de IA) e esse sistema “ganhou vida”, digamos. Ou seja, teve conversas típicas de uma pessoa.
O que deveria ser essas “conversas típicas de uma pessoa”? Lemoine – no artigo que escreveu – colocou o diálogo e sim, parece uma pessoa respondendo. Talvez, Lemoine tenha esquecido o teste de Turing – feito por Allan Turing (pai da computação) fez nos anos 40 ainda – que consistia em que uma máquina só seria senciente se ela se confundisse com um ser humano dentro de uma conversa ou no meio social.
O sistema LaMDA (Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo) consiste em um sistema do Google que simula a linguagem depois de ter processado bilhões de palavras na internet. Ou seja, ele tem um sistema que usa os diálogos da internet e, talvez, tenha respondido com frases e palavras que faziam sentido. O que Lemoine disse é que o LaMDA "tem sido incrivelmente consistente em suas comunicações sobre o que quer e o que acredita ser seus direitos como pessoa".
Ainda no seu artigo, o engenheiro explicou que teria começado a conversar com o LaMDA no outono passado para determinar se teria algum discurso de ódio ou discriminatório dentro do sistema da inteligência artificial. Ai que Lemoine descobriu que o sistema estava lhe dizendo coisas sobre sua personalidade, seus direitos e desejos. O engenheiro, que estudou a ciência cognitiva e da computação, tomou a iniciativa de falar com um superior da Google sobre o caso de tomada de consciência do sistema, mas eles não acreditaram e rejeitaram o que disse.
Será mesmo que o LaMDA tomou consciência ou foi uma construção linguística convincente do sistema que enganou o engenheiro? Há várias “lendas” de empresas como Google terem descobertos maneiras de software aprenderem e pela rapidez, terem que desligar o sistema. O fato é que não sabemos de fato – com pesquisas e comprovações – se Lemoine tem razão ou os superiores da Google.
Fonte: BBC
Este artigo foi escrito por Amauri Nolasco Sanches Junior e publicado originalmente em Prensa.li.