O Lobisomem
Há mais ou menos uns 15 anos atrás, os conhecidos ufólogos caipiras Tonho e Zé, foram convidados pelo prefeito da cidade de São Sebastião do Paraíso, localizada no oeste do Estado de Minas Gerais, para tentar desvendar o mistério de um suposto lobisomem que estava assustando a população rural do município.
Como sempre, os corajosos ufólogos pegaram a estrada em sua famosa Variant Amarela ano 73. O volante da Variant não tinha folga, tinha férias. Por isso fazer cada curva era um grande desafio, talvez até mais perigoso do que enfrentar o tal lobisomem.
Chegando à São Sebastião do Paraíso, Tonho e Zé foram direto para a zona rural entrevistar as supostas vítimas. Depois de conversarem com várias pessoas, em resumo a história era a seguinte: um bicho extremamente peludo estava roubando as galinhas e patos do pessoal da roça. Provavelmente era mesmo um lobisomem.
Algumas pessoas o viram e fizeram a descrição: ele era totalmente peludo, muito peludo mesmo, usava uma bermuda e nada mais. Andava sobre duas pernas e era muito rápido. Atacava sempre em noite de lua cheia e sumia sem deixar rastros.
Tonho e Zé resolveram então fazer tocaias nas noites de lua cheia, a fim de avistarem e capturarem o bicho. E não é que capturaram mesmo?
Só que descobriram que o lobisomem na verdade era um ladrão fugido do Estado de São Paulo, cuja divisa fica perto de São Sebastião do Paraíso. E ele só roubava as galinhas e os patos nas noites de lua cheia porque não tinha dinheiro nem para comprar uma lanterna. O sujeito tinha tanto pelos espalhados pelo corpo, mas tantos pelos, que realmente parecia um lobisomem.
Mas a história não acaba aí. Enquanto ficou preso na cadeia de São Sebastião do Paraíso, ele teve uma ideia criativa e brilhante e começou a fabricar cordas usando seus próprios pelos. E, aproveitando a mídia que sua história gerou, saiu da cadeia, abriu uma empresa e hoje está riquíssimo.
Ele criou até um slogan para seu produto. “Cordas LOBISOMEM, você vai se amarrar!”
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.