O mundo se despedaça
“Ele cortou com uma faca o que nos mantinha unidos, e nós nos despedaçamos"
Chinua Achebe é um contador de histórias, mais precisamente um contador do declínio de uma cultura, no caso a Ibo na Nigéria, diante da colonização inglesa. Em “ O mundo se despedaça” aprendemos que o domínio e massacre de um povo pelos colonizadores europeus somente se faz possível se contar com a colaboração de indivíduos deslocados daquela cultura.
Os colaboradores do despedaçamento da cultura ibo são aqueles que não aceitam as tradições da cultura de onde nasceram ou simplesmente abrem mão da comunidade em favorecimento da sua individualidade, o que já é uma aberração em se tratando de uma cultura tal como a ibo onde a coletividade deve se posta em primeiro plano.
Serão esses mesmos individualistas e deslocados que mais tarde serão combatidos por Okonkwo, personagem central da narrativa. Em um certo trecho Okonkwo diz:” Nosso clã foi rachado e muitos membros tomaram caminhos diversos. Nós, os que aqui estamos esta manhã, permanecemos fiéis a nossos antepassados, porém alguns de nossos irmãos desertaram, juntando-se a um forasteiro para enodoar a terra de seus pais. Se lutarmos contra o forasteiro, teremos de combater esses nossos irmãos e talvez derramemos o sangue de membros do clã”
O clã de Okonkwo não pode combater no tempo certo seus inimigos internos e por isso foram dominados, sua cultura subjugada e da ibolândia que conhecemos em sua idade do ouro, harmônica e equilibrada no início do romance sobrou somente cacos que podemos encontrar no estilo do autor que mescla a oralidade com a narrativa literária moderna, os provérbios do povo ibo com a análise precisa dos males trazidos pela colonização da África.
Este artigo foi escrito por Ifaponle Ayinla e publicado originalmente em Prensa.li.