O olhar poético sobre uma obra de arte
O grau poético que você tiver vai determinar a sua interpretação de uma obra.
A beleza da arte está no olhar poético de quem á vê. A Monalisa não é somente um quadro de uma mulher pintado por Leonardo da Vinci. Não, ou, sim, se assim você quiser que seja. Você tem o poder sobre uma obra de arte, com teus olhos você pode enxergar aquilo que queres ver.
Como numa frase do minimalismo que diz; What You See Is What You See. (O que você vê é o que você vê.) Eu concordo, mas digo mais ainda: What You See Is What Your Visual Degree Can See. (O que você vê é o que seu grau visual pode ver) Ou mesmo, o que você quer ver, o que você vai se permitir a vê.
A obra tem um significado para cada pessoa, de uma maneira diferente dos demais. Além da mensagem que o artista quis ou não passar, muitas vezes não é aquela em que o observador pegou. As obras de arte estão constantemente reformuladas, reimaginadas, repintadas, sempre em estado de (re) a cada pessoa que entra em contato com ela.
E obras sempre vão sendo renovadas através dos anos, pois o que nós enxergamos hoje numa obra, já vai diferir daqui há um passo a frente do tempo de nossa existência. Pois, o grau de nossos olhos vai se alterando, hoje eu enxerguei algo, amanhã eu posso enxergar outra coisa, e ter outra interpretação. A beleza da arte consiste nisso. Uma obra de arte só se completa com o olhar do outro.
Pois, o olhar do artista já está tão em contato com sua obra, já sabe todas as linhas que a fazem, todas as cores que ele empregou, todas as melodias e tons e letras, todos os rascunhos antes do projeto final, todo o cansaço do trabalho, que para ele já não há muitas vezes uma satisfação, uma reinterpretação, um assombro como Jorge Luís Borges diz em seus contos. Pois, ele já sabe o que se passou por detrás da cortina.
Todos os artistas querem os aplausos, mas também querem brincar nessa coisa do que cada um entendeu, interpretou, tirou para si, da minha obra. Você, eu, somos nós a última ação do artista. A última pincelada na tela de sua obra. Os verdadeiros expectadores. Somos parceiros no ato final do artista. E a cada olhar, adestramos poeticamente os nossos olhos diante de uma obra.
A lição poética é sempre revisar, re-olhar uma obra de arte. Nosso grau poético sempre irá ser ajustado ao longo dos anos de nossa existência. Contemple quantas vezes você puder a Monalisa e a interprete diversas vezes, não há um limite de interpretações. Há sempre várias re-interpretações.
Este artigo foi escrito por Kaique Britto e publicado originalmente em Prensa.li.