O Papel e o IPad: aumento dos livros e alta na miopia
Para alguns, livros são artigos de luxo, para outros, item essencial para a educação. Já para a Constituição Federal Brasileira, os livros foram contemplados com imunidade tributária (ou seja, não pagam imposto) objetivando principalmente a não censura, a ampla divulgação, e o incentivo à cultura.
No começo de 2022, os preços de papel e papelão aumentaram em mais de 20%, deixando muita coisa mais cara, desde envelopes até os livros. A comunidade brasileira que já lia pouco, em média 2,4 livros completos por ano, e que já teve queda em 2019, provavelmente vai ter sua taxa decaída novamente.
Livros para todos (principalmente para quem não tem tempo)
Na matéria da Agência Brasil, a pesquisadora Zoara Failla informa:
“De acordo com a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, a internet e as redes sociais são razões para a queda no percentual de leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.
“[Essas pessoas] estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para a leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais”, diz.
“A gente nota que a principal dificuldade apontada é tempo para leitura e o tempo que sobra está sendo usado nas redes sociais”, completa.
Dessa forma, o Spotify não perdeu tempo e seguiu na onda dos áudio livros. Depois do CCJ aprovar a extensão da imunidade tributária para livros em todos os formatos (incluindo o áudio), a verdinha viu uma grande possibilidade de aumentar suas fontes aqui no Brasil.
“Não saia do app para ler seu livro, escute ele aqui mesmo”
A frase acima foi dita pelo CFO do Spotify, e salientou que a plataforma está explorando novos horizontes e como incluir novos produtos na companhia.
O País tupiniquim teve um crescimento no mundo dos podcasts, chegando a marca de 40% dos internautas possuírem um “programa de rádio moderno” favorito. Nos últimos meses, o A Mulher da Casa abandonada se tornou um hype, tendo até mesmo o Ministério Público entrado nas investigações (pode ler mais sobre isso aqui).
Nos últimos meses de 2021, o Spotify comprou a Findaway, uma distribuidora de áudio livros. Ou seja, a estratégia criada provavelmente já vem sendo maquinada há algum tempo, ou são uma forma de aproveitar os investimentos feitos, nunca se sabe.
A plataforma está contando com uma estratégia similar à que ela utilizou nos podcasts, almejando se tornar um dos maiores players dentro do mundo dos livros escutados.
A empresa verdinha possui quase 500 milhões de assinantes ativos, ou seja, com certeza sua distribuição gera tendências - e rende muitos vídeos do TikTok. Sendo assim, talvez o Spotify contribua positivamente para a sociedade brasileira, dando um “empurrãozinho” para aqueles que “não têm tempo de ler um livro” mas vão escutando ao longo do caminho até o trabalho.
O spotify não é o único
A Tim já possui um sistema vinculado ao plano Tim Black de audiobooks, em que se paga uma pequena taxa mensal e recebe um novo audiolivro por mês. Até mesmo os Correios não ficaram para trás, com esse vai e volta de privatização, a companhia investiu pesado, fazendo campanha com o Skeelo para incentivar o consumidor a ler livros. O hype dos audiolivros é tão grande, que até comunidades mais tradicionais estão investindo nesse ramo, como a comunidade Católica, com o Peregrino APP, e a comunidade protestante, com o Pilgrim APP.
Alta na miopia
Segundo o Instituto Da visão Assad Rasses:
A previsão é de que, em três anos, um terço da população mundial terá miopia, e até 2050 o número pode chegar a 50% da população mundial.
A maior incidência deste aumento está entre os jovens do leste asiático, que chegam a níveis de 90% de jovens de ensino médio míopes em países como China e Coreia do Sul. E, enquanto os índices são menores em outras partes do mundo, o aumento rápido está chegando em lugares como a Europa e os Estados Unidos, também.
Com base em um estudo de uma universidade norte-americana, o Dr. Smith afirma que o aumento na miopia é advindo da quantidade de tempo que se passa em lugares fechados, principalmente usando telas.
Para o Dr. Smith, as demandas educacionais e a quantidade de tempo que passamos dentro de ambientes fechados em comparação ao ar livre têm uma contribuição no aumento de casos de miopia. Ele afirma que “em situações em que existe alta demanda educacional, as pessoas têm grandes chances de tornarem-se míopes. Eu uso nossos estudantes como exemplo. Quase metade deles teve o seu grau de miopia aumentado durante os quatro anos de Faculdade."
Ainda que os leitores digitais como Kindle, Kobo, etc sejam uma mão na roda no tocante a não carregar peso e tenham telas que diminuam a vista cansada, mesmo assim, não são similares a um papel.
Na pandemia, com o uso exacerbado de telas, houve um aumento gritante na alta da miopia, principalmente de crianças e jovens.
Será que os áudiolivros vão trazer uma estagnação do aumento da miopia, já que as pessoas começaram a escutá-los? Ou, quiçá, aumentar o grau educacional da sociedade brasileira a um baixo custo? Quem sabe?
Me segue aqui na Prensa e entra no meu grupo do Telegram para não perder nada. :)
Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.