O petróleo já foi nosso
Foi-se o tempo em que a Petrobrás foi uma estatal típica brasileira. Capital exclusivamente brasileiro, refinarias sucateadas (e algumas apresentam-se da mesma forma), e salvo algumas excessões, cabide de emprego para apadrinhados políticos, diga-se, pessoas que nada tinham a ver com o mercado de petróleo e gás.
Veio a era FHC, abriu o capital da petrobrás, injetou milhares de reais na Petrobrás a fim de melhorar a capacidade de investimento da petroleira em reservas de gás e petróleo, e a melhoria nas refinarias, algumas privatizadas em seu governo, como a de paulínia."Acabou-se" com aquele aparelhamento dos partidos politicos na administração da petroleira, arregimentou pessoal capacitado na administração e na presidência e começou a esboçar um plano de modernização de algumas refinarias.Para começar a dar lucro, equiparou os preços do petróleo aos do mercado mundial.Jorrou dinheiro nos cofres da petroleira.
No segundo estágio do governo FHC, gerou lucros, começou o processo de capitalização no mercado exterior, digo, entrada da "estatal" na bolsa de NY, e da antiga BOVESPA.O governo ofertou na época cotas de ações proporcionais a quase 70% do capital da petroleira, passando o governo a ter outros 30% de capital, sendo acionista majoritário da petroleira. A partir de então, o petróleo já não e totalmente nosso, parte desse petróleo são dos investidores que compraram ações da petroleira.
Foi um sucesso estrondoso a venda das ações da petrobrás no mercado de capitais.Grandes fundos de ações, muito comuns no mercado americano, e ainda engatinhando aqui no Brasil, compraram grande parte dessas ações,inclusive, a petros, que hoje ganha grandes dividendos dessas ações.
Na era do governo do PT, houve a destruição desse montante arrecadado com a venda das ações.Uma parte foi investimentos que foram mal feitos, como a compra da refinaria de passadena (sucateada ), a construção da refinaria Abreu e Lima em conjunto com a Venezuela, que ainda não foi terminada, e agora recentemente, vendida para um fundo árabe mubadala, detentora da maior refinaria da arabia saudita, a Aramco, e desvios de dinheiro da alta administração da refinaria para fins politicos.
Fora isso, o escandalo de corrupção empreendido pelo governo do PT. Por sua vez, o aparelhamento da alta cúpula da administração da petroleira era evidente.Gente que não sabia o que era petróleo, que mal geria as próprias calças, e que desviava dinheiro, como se tirava de caixa de supermercado de bairro.
Só para entender a importância da refinaria Abreu e Lima, em PE, se hoje essa refinaria tivesse sido terminada, sendo operada em sua plenitude, a gasolina, o diesel e outros derivados de petróleo, seriam refinados no Brasil, não mais no exterior como hoje é feito.Os preços cairiam vertigiosamente mesmo com os impostos, e o preço praticado fora seria para as exportações excedentes do refino. Assim, não precisaríamos comprar sobras de gasolina fora do país.
Hoje sofremos com o descaso do que foi feito lá atrás. Sabe-se lá o por quê, não houve investimentos suficientes e cabeça para pensar que o preço do petróleo iria disparar a qualquer momento. E o refino fora do país subiria com a alta do dolar, coisas que poderiam ser evitadas se a refinaria Abreu e Lima fosse terminada.
Hoje o governo Bolsonaro luta para equilibrar o preço do combustível aqui no Brasil. Vale lembrar que o preço do petróleo é equiparado com o mercado mundial. É uma commodities, por isso são tão elevados aqui no Brasil. Não há como fazer milagre, o que manda é o preço do mercado internacional, se a OPEP aumenta a produção, diminui o preço para o mercado, se diminui a produção aumenta o preço do barril e a tal lei da oferta e da procura.
Esse aumento do preço do barril foi ocasionado pela pandemia mundial. Houve uma retração mundial na economia, com o fechamento dos mercados mundiais, houve uma queda no consumo de combustivel, por causa de lockdows, implantados em alguns países, alguns mais severos outros não, e a OPEP, por sua vez, vendo o prolongamento da epidemia, resolveu diminuir a produção do petroleo no mercado mundial.O barril após a pandemia subiu assustadoramente, chegando a quase incriveis U$$120 o barril, a qual ocasionou uma inflação mundial.
O governo Bolsonaro, por sua vez, parece mais perdido que "cego em tiroteio". É óbvio que diminuir impostos só vai ocasionar o caos nas contas publicas.Infelizmente, o governo federal vive de imposto,não sabe olhar para mais de uma forma de arrecadação.Se diminuir os impostos dos combustiveis, obviamente quem irá pagar o "pato" vai ser o povo.Dessa retração dos preços,lá na frente, irá novamente subir o preço dos combustíveis,pelo acumulado dos meses sem aumento, e novamente, a inflação vai subir.
Então esse não é o melhor caminho. O melhor caminho a qual defendo, e a reforma tributária, bem feita, ampla, que impeça esses repentes inflacionários de ocasião, e que o país cresce de forma sustentável por longos períodos.
Este artigo foi escrito por Paulo Rogério de Oliveira Tavares e publicado originalmente em Prensa.li.