O que esperar das eleições presidenciais de 2022?
Quando Jair Bolsonaro venceu as eleições presidenciais em 2018, o clima na oposição era de angústia, preocupação e, claro, medo. O atual candidato do PL assumiu com o mesmo discurso enviesado à extrema-direita, com apoio das classes dominantes e um número razoável para bom de aprovação (49% em janeiro de 2019, segundo o antigo Ibope).
Hoje, com seus fiéis 30% e outros 55% que o reprovam, é praticamente impossível afirmar que Bolsonaro teria chances contra Lula. O petista lidera todas as pesquisas e ganha em todos os cenários de segundo turno contra o atual presidente.
É claro que devemos lembrar que a PEC "Kamikaze" (ou "eleitoreira", como prefiro chamar) ainda não teve efeito nas pesquisas. Mas... a reprovação de Jair não deve cair. E com 55% ele não vence.
Discutido brevemente o cenário pluramente eleitoral, vamos aprofundar o debate.
O que mais está em jogo?
Bolsonaro convocou seus eleitores para irem às ruas no dia 7 de setembro. Pra quê? Pra fazer bagunça, é claro. Não há nada que um brasileiro teria que protestar a não ser contra o próprio Jair. As urnas eletrônicas? Elegeram o próprio Bolsonaro por décadas.
Aqui, a estratégia do presidente é gerar o caos. Criar um clima de "pânico", assim como a PEC aprovada prevê. Dessa forma, quem sabe, poderia adiar as eleições ou torcer muito, numa atitude desesperada, tentar um golpe. Eu acho muito difícil.
Bolsonaro fez um governo exatamente como o planejado. Voltado para as elites, com um Estado sucateado e com as classes dominantes lucrando como nunca. Basicamente o neoliberalismo funcionando em sua essência.
Um golpe não faria muito sentido pra quem realmente manda no Brasil: a burguesia. Se é que dá pra chamar de burgueses.
Por que não? Ora, o candidato favorito, Luis Inácio Lula da Silva, não vai cessar com essa lógica. O governo de Lula entre 2003 e 2010 foi um governo neoliberal, apesar das políticas de esquerda. E vai ser de novo. Até porque não tem outra opção.
Um eventual governo Lula: as possibilidades
Como já dito, Lula é líder nas pesquisas e favorito para vencer as eleições. O vice, Geraldo Alckmin, serve como mais uma "carta aos brasileiros": Lula não é radical. Pode ter sido um dia. Hoje é um ser político que sabe trabalhar bem com os lados da democracia burguesa.
Se vencer, Lula assume um país com mais de 30 milhões de brasileiros em empregos informais, além de um desemprego exorbitante e o Brasil de volta ao mapa da fome.
Politicamente, o petista terá um Congresso cada vez mais ganho pelo Centrão, e que se acostumaram com o "orçamento secreto" e seus bilhões de reais que ninguém sabe pra onde vai. Sem contar o emparelhamento da Polícia Federal, da Procuradoria Geral da República e outras instituições. Todos feitos de Jair.
E claro, o bônus: os 30% fiéis ao bolsonarismo. Bolsonaro pode até ser preso, mas seus eleitores continuaram por aí e provavelmente fazendo barulho.
Lula, com certeza, não terá trabalho fácil. E muito menos nós brasileiros, cada vez mais entregues à desigualdade de 2016 pra cá.
Este artigo foi escrito por Caio Coutinho e publicado originalmente em Prensa.li.