😎 O que mudou no Instagram e no Facebook?
2025 começou com Mark Zuckerberg na defensiva contra a pressão global pela regulamentação das redes sociais. Saiba mais na edição de hoje!
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Mark Zuckerberg surpreende com mudanças radicais nas políticas de moderação da Meta
Desencadeando debates intensos sobre o papel das redes sociais na disseminação de notícias fraudulentas, CEO publicou anúncio no Instagram
Elogiado por Elon Musk e pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg declarou, na última terça-feira (7), que eliminará os verificadores de fatos, delegando a moderação diretamente aos usuários. Ele também promete reduzir restrições de conteúdo e ajustar algoritmos para ampliar debates políticos nas plataformas da Meta com o objetivo declarado de minimizar erros e censuras.
O movimento de Zuckerberg reflete dois interesses principais: alinhar-se ao "novo normal" da política americana e resistir ao modelo europeu de regulação das redes sociais. Essa decisão também evidencia um esforço para defender o modelo de negócios da Meta, inserindo a empresa no centro do debate sobre liberdade de expressão e confrontando diretamente a soberania de países na Europa, Ásia e América do Sul, incluindo o Brasil.
O secretário de Políticas Digitais do Brasil, João Brant, criticou duramente a Meta, afirmando que o fim da checagem de fatos transformará Facebook e Instagram em plataformas que priorizam a liberdade de expressão em detrimento de outros direitos coletivos e individuais.
Como era a verificação de fatos?
Desde 2016, a Meta enfrenta pressão para corrigir vazamentos de dados e combater a desinformação. Ao longo dos anos, as políticas de moderação evoluíram:
Dados para acadêmicos foram restritos;
Empresas jornalísticas independentes assumiram a checagem de fatos;
Um conselho independente passou a supervisionar a moderação.
A verificação era realizada por agências certificadas pela Rede Internacional de Verificação de Fatos (IFCN). No Brasil, organizações como Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa e UOL Confere desempenhavam esse papel. Nos EUA, agências como AP Fact Check e PolitiFact estavam entre as credenciadas.
Zuckerberg, acusando essas empresas de viés progressista, anunciou o fim da parceria, substituindo-as por um sistema baseado em "notas da comunidade".
Como funcionam as notas da comunidade?
Inspirado no sistema do X (antigo Twitter), Zuckerberg implementará um modelo em que os usuários avaliam postagens com conteúdo falso. Segundo ele, o sistema exigirá consenso entre perspectivas diversas, garantindo transparência e neutralidade.
O modelo de Notas da Comunidade permitirá que os usuários das redes sociais da Meta – Facebook, Instagram e Threads – chamem a atenção para publicações potencialmente enganosas e que precisam de mais contexto, em vez de colocar a responsabilidade em organizações e especialistas independentes em checagem de fatos.
“Queremos que diferentes pontos de vista informem as notas exibidas em nossos aplicativos e estamos desenvolvendo maneiras de compartilhar essas informações”, explicou o CEO da Meta.
Qual é o impacto da decisão da Meta no território digital?
Especialistas alertam que a mudança enfraquece o combate à desinformação. Segundo David Nemer, da Universidade da Virgínia, a decisão reflete uma busca da Meta por reduzir custos, mesmo à custa de retrocessos. Letícia Capone, da PUC-Rio, ressalta que isso tornará o ambiente virtual menos seguro. Para Francisco Brito Cruz, do InternetLab, as ações da Meta sinalizam alinhamento com o governo republicano dos EUA e resistência à regulação global das redes sociais. “Vamos trabalhar com o presidente Trump para pressionar governos que promovem censura às plataformas”, afirmou Zuckerberg.
Redes sociais dependem de moderação para evitar spam, pornografia e propaganda ilícita, além de manter o interesse dos usuários. Moderação não é censura, mas uma prática essencial para a sustentabilidade das plataformas. O desafio da regulação das redes sociais no Brasil em 2025 se tornou ainda mais complexo, exigindo soluções equilibradas entre liberdade de expressão e a proteção dos direitos coletivos.
“Essas mudanças colocam o Sul Global em um lugar ainda mais preocupante por a gente ser mais afetado de maneira geral por conteúdos danosos e conteúdos problemáticos online. Esse discurso do Zuckerberg mostra que ele não tem apreço por democracia, não tem apreço por soberania dos países. Ele tem apreço pelo modelo de negócios dele — e é disso que ele vai atrás.” — afirma Bruna Santos, da Coalização Direitos na Rede, em entrevista ao fact-checking Aos Fatos.
Essa foi a sua primeira Prensa Tech do ano de 2025! Encontro você aqui novamente na próxima segunda-feira. Um abraço!