O que são os indicadores econômicos? Explicando PIB, inflação, taxas de juros e câmbio
Os indicadores econômicos são feitos para entendermos a economia de uma forma mais simples, visto que eles conseguem retirar informações de uma grande base de dados para resumi-los em um ou poucos números.
O primeiro indicador que trataremos é o Produto Interno Bruto (PIB), representando a riqueza criada dentro de um país. Ele é o valor, em moeda, de bens e serviços finais produzidos em uma economia e em um determinado período e pode ser mensurado independentemente da nacionalidade dos agentes econômicos criadores da riqueza, ou seja, não importa para o PIB se o gerador da riqueza foi nacional ou estrangeiro. Quanto mais valor geramos, mais recursos a sociedade terá para viver.
Este indicador é calculado mediante a soma do valor adicionado/agregado e omite os rendimentos líquidos recebidos do restante do mundo, sendo medido apenas pela produção realizada dentro do país. O PIB geralmente é medido em bases anuais, porém é comum o lançamento de prévias trimestrais, ademais, verifica-se o valor final do produto ou serviço.
A título exemplificativo podemos falar do caso de um pneu de carro: se você o compra para utilizá-lo ele é calculado no PIB, porém uma montadora que o compra para colocá-lo em uma linha de produção não, visto que o mesmo pneu seria computado duas vezes: uma no momento da compra do pneu pela montadora e outra na venda do produto final (o carro).
Este número é verificado mediante a variação de um ano para o outro, visto que o valor é alto, podendo-se analisar se a variação foi positiva ou negativa.
Existem algumas formas do PIB ser medido, porém o mais comum é o da demanda:
Y = C + G + I + NX, sendo que:
Y = componente do PIB
C = consumo das famílias (quanto mais as famílias consomem, maior o PIB)
G = gasto líquido dos governos (quanto mais o governo gasta, maior o PIB, visto que há investimento público no aquecimento da economia)
I = investimento das empresas (quanto mais as empresas investem, mais a economia é aquecida)
NX = exportações líquidas (tudo que produzimos e exportamos, entra no cálculo do PIB, visto que a riqueza e o produto dela são gerados e ficam no país de origem)
Outro indicador econômico importante para a economia é a inflação, que é a variação sistemática de preços de itens de consumo, mensurando o poder de compra. Pensando de forma micro, cada pessoa tem uma “inflação” própria, visto que cada indivíduo consome um pacote de produtos e serviços diferentes, então, cada item consumido individualmente, dentro de um pacote de produtos e serviços, terá variações e impactos diferentes para cada pessoa. Desta forma, cada pessoa sente a variação da inflação de forma diferente.
Porém, pensando em políticas públicas, é necessária a avaliação de uma média de consumo por uma população específica, nesse sentido, os indicadores de inflação mais relevantes são o IPCA/IBGE e o IGP-M/FGV.
O IPCA mede uma cesta de produtos e serviços consumidos por famílias que ganham entre um e quarenta salários mínimos em todo o Brasil, utilizando uma média ponderada, com pesos diferentes para cada item desta cesta. Trata-se de indicador extremamente importante para a economia, visto que, quando o governo estuda controle de meta de inflação, este é o indicador utilizado como balizador
Já o IGP-M é composto por três outros indicadores de inflação, sendo calculado da seguinte forma:
- 60% IPA (Índice de Preços ao Atacado);
- 30% IPC (Índice de Preços ao Consumidor); e
- 10% INCC (Índice Nacional da Construção Civil).
Ademais, o IGP-M é um indicador de inflação muito utilizado como índice de correção de contratos de locação.
Além do PIB e dos indicadores de inflação, outro indicador econômico relevante é a mensuração de taxas de juros, que é o valor que remunera o dinheiro ao longo do tempo.
A mais conhecida taxa de juros do mercado é a Taxa Selic, que se trata da taxa básica da economia, visto que é o juro que o governo paga quando alguém empresta dinheiro para ele, de forma pós-fixada. Além disso, é considerada como taxa básica, pois não há ninguém para quem você possa emprestar dinheiro de forma mais segura do que ao governo, visto que ele possui o poder de “imprimir” mais dinheiro para pagar suas dívidas, ou arrecadar mais recursos por meio de impostos. Como ela é a taxa mais segura, geralmente é a taxa mais baixa, sendo utilizada como referência para a determinação das demais taxas do mercado.
Os títulos públicos ficam custodiados em uma câmara de custódia, sendo que alguns destes títulos são utilizados como lastro e garantia dos empréstimos realizados entre um banco e outro em operações compromissadas, que cobram seus juros próprios ao emprestar dinheiro entre si. Portanto, pelo fato dessas operações serem interbancárias e com risco baixo, eles se utilizam destes títulos para viabilizar este tipo de operação.
Portanto, a Taxa Selic é apurada no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e trata-se da taxa média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e cursadas no sistema Selic ou em câmaras de compensação e liquidação de ativos, na forma de operações compromissadas.
Outra taxa de juros relevante para o mercado é a Taxa DI, que tem uma similaridade com a taxa Selic, porém não possui lastro em títulos públicos.
Todos os dias os bancos emprestam dinheiro uns aos outros, e como garantia desses empréstimos eles emitem títulos de dívidas, o chamado Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). Cada banco é livre para cobrar do outro a taxa de juros que quiser (livre mercado), porém, considerando que são empréstimos de um dia com risco baixo, mensura-se a média do que é cobrado por estes emprestados, surgindo a taxa que é derivada do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que é a Taxa DI.
A Taxa DI é anualizada, exponencial, com base em 252 dias úteis e é divulgada diariamente para operações de um dia ou prazos maiores.
A B3 faz a apuração diária das médias destas taxas, divulgando-a ao mercado como parâmetro das taxas praticadas.
Esta é uma taxa muito conhecida no mercado, visto que alguns bancos, instituições de pagamento, corretoras e fintechs a utilizam como atrativo na aquisição de clientes e remuneração de dinheiro depositado em suas contas pelos consumidores e empresas.
Outra taxa de juros relevante é a Taxa de Longo Prazo (TLP), que é a taxa que o BNDES cobra de juros quando empresta dinheiro, ou seja, se trata do principal custo financeiro dos financiamentos do BNDES, desde 01/01/2018, sendo composta pelos (i) juros reais prefixados (TLP-Pré); e (ii) inflação medida pelo IPCA pelo período que o tomador pegará o dinheiro emprestado.
A TLP-Pré é calculada mensalmente pelo Banco Central do Brasil com base na média de três meses da taxa de juros real do título público NTB-B de 5 anos. Em 2023 a TLP-Pré será igual aos juros reais da NTB-B (convergência gradual).
Outro indicador relevante é o câmbio (preço da moeda estrangeira), que no Brasil, hoje, é livre ou flutuante, ou seja, varia de acordo com a livre negociação.
A PTAX é o indicador que mensura a variação de câmbio, sendo calculada por meio da média aritmética das taxas de compra (PTAX de compra) e de venda (PTAX de venda) das consultas realizadas diariamente, excluídas as duas maiores e menores taxas, sendo realizadas quatro consultas diárias aos dealers de câmbio (negociadores e grandes operadores de câmbio).
Portanto, o PIB, a inflação, as taxas de juros e o câmbio são os principais indicadores econômicos que norteiam a nossa economia, sendo extremamente relevantes e devendo ser analisadas em conjunto para definições de metas e estratégias que dependam do cenário econômico.
E você, conhecia estes indicadores e a sua importância para a economia? Você sabia que com um planejamento financeiro efetivo é possível utilizar estratégias utilizando-os para a conquista de objetivos financeiros?
Deixe o seu comentário e saiba mais sobre planejamento financeiro me acompanhando nas redes sociais.
Este artigo foi escrito por Juliana de Jesus Cunha Chiose e publicado originalmente em Prensa.li.