O rumo da Inteligência Artificial: a arte imita a vida, ou seria o inverso?
Há quem ache que isso não passe de falácias de fãs da trilogia Matrix. Entretanto, há dúvida acerca dos limites da IA, até mesmo no meio científico.
Inteligência Artificial: dos cálculos à subjetividade
Retratada como uma ameaça apocalíptica em filmes como O Exterminador do Futuro, a Inteligência Artificial, fora dos enredos de cinema, tem uma definição mais simples: trata-se de uma área da Computação, que busca oferecer respostas a questões específicas.
Em geral, os problemas tratados pela IA não possuem solução através dos algoritmos tradicionais. Ou, demandam análises extensas, que levariam até mesmo décadas para serem analisadas pela mente humana.
O conceito de Machine Learning
Digamos que, enquanto uma criação humana, a Inteligência Artificial passa por "fases evolutivas". Bem como qualquer criatura biológica, que nasce e se desenvolve. Feita à imagem e semelhança de seu criador, a IA se desenvolve [no cenário atual] em uma etapa chamada de Machine Learning.
Os serviços de streaming, como Netflix e Spotify, estão cada vez mais conquistando público. Ao utilizar recursos de Machine Learning, a Netflix consegue oferecer uma interface intuitiva, que recomenda filmes, séries e documentários baseados no gosto pessoal do usuário.
Com esse simples exemplo é possível compreender o conceito de Machine Learning: a Inteligência Artificial pode, então, trazer respostas baseadas em qualquer tipo de dado, matemáticos ou não.
A velocidade impressionante da evolução tecnológica
A questão mais fascinante e talvez assustadora acerca da tecnologia é a velocidade de seu desenvolvimento.
Vamos levar em consideração que a internet veio à público em 1995. E que, entre o disquete e a o CD-Room, tivemos uma janela de quase 10 anos.
Hoje, no entanto, temos acesso à dispositivos como a Alexa, tecnologia que até poucos anos atrás, faria mais sentido em um filme de Steven Spielberg. A complexidade da tecnologia evolui cada vez mais rápido, progressivamente.
Quais serão as demandas da Inteligência Artificial dentro dos próximos 10 ou 20 anos? A questão mais interessante nessa pauta é o impacto que tal avanço terá nas relações humanas.
Deus Ex Machina: a máquina pensante poderia falhar?
Deus Ex Machina: a máquina pensante poderia falhar? | Fonte: Canva
Seria, então, pura fantasia pensar que a máquina será capaz de desenvolver complexidade e que se sobreponha à mente humana? Essas questões ainda são uma dúvida, até mesmo para os cientistas da computação.
Inserir padrões subjetivos na programação das máquinas já é possível e já foi feito, inclusive.
Robôs programados podem reproduzir padrões racistas e sexistas
Pode parecer surreal para nós, grande massa que não faz parte dos gênios da Ciência da Computação.
No entanto, uma pesquisa realizada no Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA) se propôs a inserir em robôs uma programação mais subjetiva, baseada em análises de comportamento e dados humanos. Contudo, o estudo obteve resultados polêmicos…
Na pesquisa, máquinas foram programadas para selecionar imagens de pessoas que, supostamente, teriam mais probabilidade de serem criminosos ou assumirem certos cargos profissionais.
Durante a pesquisa os robôs selecionaram, em 10% mais vezes, imagens de pessoas negras e pardas, identificadas de acordo com a análise equivocada da IA, como supostos criminosos.
Uma das cofundadoras da pesquisa, Vicky Zeng, relata que na prática dentro de uma residência, em breve, essa tecnologia poderia escolher uma boneca branca quando uma criança pedisse para pela boneca mais bonita, por exemplo.
O impacto da Inteligência Artificial no rumo da humanidade
Digamos que é quase impossível prever os próximos passos da Inteligência Artificial.
Possivelmente essa geração ainda presencie uma transição de sistema sócioeconômico e possa ver grandes mudanças nas relações humanas, como consequência do imenso avanço tecnológico.
Devemos lembrar que a utopia já saiu dos roteiros e se tornou realidade algumas vezes.
Vamos pegar como exemplo o Metaverso, assunto em alta nos últimos meses. Quem já assistiu o Jogador Número 1 deve ter ficado no mínimo espantado com a semelhança do conceito entre o filme e o mundo online, apresentado por Mark Zuckerberg (dono da empresa Meta).
A arte imita a vida, ou, quem sabe o inverso seja ainda mais possível. Talvez o rumo da humanidade não esteja assim tão longe dos clássicos da Ficção Científica.
O objetivo aqui não é criar pânico acerca do rumo da IA. Mas sim, levantar a discussão de que deve haver muita cautela no estudo e análises cuidadosas, acerca da inserção dessa tecnologia na sociedade.
Enfim, estamos prontos?
Enfim, estamos prontos? | Fonte: Canva
A mente humana está, de fato, preparada pra vivenciar mudanças profundas nas relações de trabalho e no entretenimento, que a Inteligência Artificial pode trazer?
Nós, que vivenciamos o nascimento das redes sociais e a evolução dos smartphones, já sentimos o impacto de tais avanços em nossa forma de nos relacionar um com os outros.
Obviamente que tal impacto não se resume somente em efeitos negativos. A tecnologia pode também nos aproximar, difundir informação e facilitar a vida. No entanto, na mesma proporção em que tal avanço contribui para o bem, pode também nos levar à ruína.
Vamos continuar acompanhando, um dia de cada vez, a evolução da Inteligência Artificial, que apesar de já surpreendente, ainda está em seus primeiros anos de vida.
Este artigo foi escrito por Miriã Marconi e publicado originalmente em Prensa.li.