O sucesso do Indie Rock e o novo álbum do Arctic Monkeys
Ao longo da história da música, o Rock’n Roll já passou por diversas fases e ciclos. O gênero já vivenciou desde mudanças estéticas e comportamentais até sonoras, dessa forma, dando origem a novos sub-gêneros dentro do próprio estilo musical.
Logo, na virada do século, um novo estilo surgiu, ganhou forças e espaço no mundo da música e conquistou principalmente os jovens: o Indie Rock.
Com o nascimento dessa nova fase e com a aparição de bandas adolescentes, a estética do gênero e de seus adeptos ganhou uma roupagem, visual e estilo musical próprio.
Dentre os novos músicos e artistas, uma banda britânica conseguiu alcançar altos patamares e sucesso a nível global, o quarteto nomeado como Arctic Monkeys.
A banda é formada por Alex Turner nos vocais, guitarra e teclado, Matthew Helders na bateria, Jamie Cock também na guitarra, e por fim Nick O’Malley, que assumiu as linhas de baixo da banda no ano de 2006, quando o grupo lançou oficialmente seu primeiro trabalho, “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”.
O grupo britânico formado no ano de 2002 popularizou-se em 2008, no ano de lançamento do seu segundo disco, “Favourite Worst Nightmare''.
Na ocasião, os jovens de moletom, jeans largos e cabelos penteados para o lado explodiram nas rádios ao redor do globo com as faixas, Teddy Picker, Fluorescent Adolescent, dentre outras.
Inclusive, o segundo álbum foi premiado com o Brit Award: Álbum Britânico do Ano, e, como se não bastasse, o World Music Award: Melhor Álbum do Mundo.
A partir daí, a banda seguiu emplacando sucessos com músicas que preenchiam as playlists dos Ipods e mp3 do público jovem da época, ora com faixas dançantes e alegres ora com ares mais melódicos e românticos.
O boom de AM x o inusitado Tranquility Base Hotel & Casino
Imagem destaque: Reprodução Internet - Facebook - Arctic Monkeys
Já na fase dos 30 anos de idade, os integrantes da banda abandonaram os cabelos com franja, as camisetas temáticas e as calças largas e adotaram um visual retrô típico de Rockstars.
Sendo assim, com a chegada do quinto álbum, o Arctic Monkeys definitivamente adotou o estilo 80's não só nas roupas, mas também na produção musical.
O disco até hoje é o mais vendido da banda britânica, inclusive na versão vinil. O álbum trouxe ao público algumas faixas que posteriormente seriam as principais e mais famosas do grupo.
Trajados de jaquetas de couro à moda motociclista, muito gel no cabelo e camisas de botões, "AM'' bombou pelo mundo, principalmente com as faixas R U Mine, Do I Wanna Know, dentre outras.
Contudo, após o lançamento do disco, as turnês, shows e aparições em eventos musicais, a banda entrou em um período de hiato, deixando os fãs sem novos lançamentos durante cerca de cinco anos.
“Me sinto mal por não estar escrevendo há um bom tempo. Eu quero voltar ao piano, voltar a compor algumas músicas por semana” - Vocalista Alex Turner em entrevista à rádio Beats 1
O que os fãs e a crítica não esperavam, é que o Arctic Monkeys usaria de uma estratégia pouquíssimo comum dentre as bandas de Rock para seu próximo trabalho: produzir um álbum sem faixas de guitarra.
Dessa forma, em maio de 2018, cinco anos após o AM, o quarteto britânico adicionou ao seu leque de discos o polêmico “Tranquility Base Hotel & Casino''.
Parte da polêmica muito se deve a essa nova repaginação da banda, que substituiu a presença da guitarra por teclados e abandonou o estilo Rock’n Roll oitentista do disco anterior.
Tons pastéis agora acompanham o teclado eletrônico nas faixas sem solo, as camisas listradas que substituíram as jaquetas de couro trazem consigo letras menos sensuais e mais críticas, e os cabelos já sem gel e compridos ditam a fase atual do Arctic Monkeys.
O disco em questão é praticamente uma criação exclusiva do tecladista e vocalista Alex Turner, que compôs praticamente o disco todo em sua residência.
Este sexto álbum, apesar do visual bem 70's, não tem o mesmo ritmo e agitação do anterior, o que fica claro inclusive na faixa homônima, que é bem mais lenta e cadenciada do que qualquer faixa do agitado e dançante disco de 2013.
Tranquility Base Hotel & Casino, o álbum futurista e espacial da banda britânica, deixa de lado as letras com o teor alcoólico, curtição e Rock’n Roll, e opta por seguir pelo viés de produções com letras mais profundas e com críticas tanto políticas como sociais.
Tensão e expectativas para The Car
Certamente, lançar sete discos não é tarefa fácil, e mudanças no decorrer da carreira musical são completamente comuns, inclusive dentro do próprio Rock’n Roll.
“Ele retoma de onde o trabalho anterior (Tranquility Base Hotel & Casino) parou. Não terá nada como ‘R U Mine?’ e toda aquela coisa com riffs pesados. Há alguns riffs sim, mas é algo mais up-tempo, não tão alto. É até difícil de explicar.” - Baterista Matt Helders em entrevista à Mike Dolbear, durante o evento Drummath onLIVE
Ao contrário do TBHC, para The Car, Turner e companhia optaram por lançar singles antes do lançamento oficial do novo disco.
Em 30 de agosto deste ano, There’d Better Be A Mirrorball, foi apresentada aos seguidores e fãs da banda, e até a virada do mês já acumulava mais de 2 milhões e meio de visualizações em seu clipe oficial no Youtube.
Ao contrário da faixa I Ain’t Quite Where I Think I Am, que, apesar de não estar disponível em nenhuma plataforma de streaming, já foi apresentada ao vivo em uma passagem da banda em Paris, com presença confirmada no próximo disco.
Tomando como base a faixa disponibilizada pela banda, apesar de a guitarra voltar a marcar presença, o novo álbum aparentemente terá muitas semelhanças com o anterior, demonstrando até mesmo um ar de continuidade ao disco de 2018.
Todavia, ainda é muito cedo para afirmar se The Car surpreenderá positivamente ou não.
Você acredita que o novo trabalho do Arctic Monkeys vai emplacar como "AM'', ou seguirá dividindo opiniões?
Para o momento musical contemporâneo, crê que a banda da terra da rainha acerta em excluir as guitarras de suas produções mesmo sendo uma banda de Rock?
Por fim, qual é a música do Arctic Monkeys que você imagina ser a faixa a ser superada pelos discos seguintes, e por que a sua resposta é R U Mine?
Este artigo foi escrito por Filipe Mello e publicado originalmente em Prensa.li.