Old but Gold: Entenda o poder do marketing de nostalgia nas trilhas sonoras de Stranger Things
Hoje, não é difícil ouvir músicas famosas e atemporais como trilhas sonoras de produções audiovisuais. Durante os anos na indústria Hollywoodiana, vários filmes e séries já trabalharam com hits de forma mais simples, mas hoje esse espaço vem ganhando o mercado do entretenimento e dos telespectadores.
Assim como o mundo, o mercado tem ganhado mudanças e adaptações em sua forma de consumo. Um dos casos mais instigantes foi a série Stranger Things, produção da plataforma Netflix, que sofreu um efeito descrito como “Kate Bush”.
Na quarta temporada, a música “Running Up that Hill”, hit lançado em 1985, foi tema da personagem Max, interpretada por Sadie Sink, que, ao escutar a música, é salva do vilão Vecna.
Os acessos pelo Spotify e engajamento na mídia dos fãs, fizeram com que a canção de Kate Bush, que estava há 4 décadas longe dos holofotes, liderasse novamente as paradas mundiais.
Não satisfeita, a série, na mesma temporada, usou o efeito de novo mas, dessa vez, com a banda de heavy metal norte americana, Metallica. Na cena épica, o querido e icônico Eddie Munson, interpretado Joseph Quinn, toca em sua guitarra a lendária canção “Master Of Puppets”, que também liderou o Top mundial do Spotify.
O feedback da banda pelas redes sociais, trouxe vídeos e ações incluindo o próprio ator em apresentações do grupo. Mobilizações que não foram feitas só para engajar com o público mas, também, para reforçar a difusão de uma canção de 86 que retornou com força e de forma simbólica.
Mas, afinal de contas, o que é marketing de nostalgia e como esse efeito impactou o consumidor/telespectador?
A série se passa na década de 80 e traz diversos elementos oitentistas através das vestes, costumes e músicas daquela época, imergindo os fãs naquele período. Assim como no entretenimento, o marketing de nostalgia pode ser usado em qualquer produto ou serviço quando deseja atingir 2 públicos: o novo e o que já conhece àquele universo, a fim de conectar ambos a uma era anterior e gerar sensações afetivas.
No caso da série, seu poder é muito grande em um público mais novo, pois os jovens estão constantemente conectados e em uma fase de descoberta da própria identidade. Isso não é diferente quando olham para si e montam playlists inspiradas na época ou para saber qual música os salvaria do vilão "Vecna". Utilizando a cultura de uma era que é bastante querida e consumida por conta dos elementos considerados “cool” ou, melhor dizendo, “Old but Gold” é compreensível visto que os telespectadores querem experimentar e replicar os gostos musicais.
Com isso, as músicas que eram parte da trama dos personagens saíram das telas para se tornar engajamento nas redes sociais através de trends e no streaming, mas agora fazendo parte de quem os assistia. Só assim, os fãs de Stranger Things descobriram Kate Bush e estabeleceram maior conexão com o Metallica através da personalidade do roqueiro cativante Eddie.
De acordo com pesquisas recentes da geração Z, o público principal de “Stranger Things”, uma a cada 3 pessoas não possuem conhecimento sobre bandas como Beatles, Bon Jovi, Pink Floyd e David Bowie. Em contraste a esse dado, faz todo o sentido explorarem sonoridades clássicas da época para imergir os fãs no enredo e, como consequência, tamanho engajamento que fez as soundtracks chegarem ao auge dos streamings.
É inegável que a série revolucionou a forma de influenciar seu público a partir da música. Agora, com o efeito “Kate Bush”, a cantora é reconhecida pela nova geração e o Metallica vem se aproximando dos novos jovens e, principalmente, no ponto de vista digital, o que nunca fizeram até então.
Os irmãos Duffer, criadores da produção, disseram em uma entrevista que na 5ª temporada tentarão replicar essa dinâmica, mas será que irá rolar?
Este artigo foi escrito por Juliana Marques e publicado originalmente em Prensa.li.