Open Bank: seu banco foi reconfigurado com sucesso
A origem da palavra banco divide-se em várias fontes; não é possível identificar historicamente a real, razão pela qual se diz aqui que se divide.
Muitos dizem que nasceu do ato de italianos visionários da Idade Média instalarem assentos em praça pública para trocar ouro por moeda corrente; por segurança, levantavam o tampão do banco para guardar seus pertences e produtos das operações de câmbio.
Outros garantem que os romanos antigos já usavam uma espécie de “bancada” para pagar o soldo dos soldados, ou seja, todo o dinheiro para esse fim era ali depositado. Dessa maneira, a palavra banco teria nascido lá.
Há ainda estudiosos franceses que alegam que a palavra vem de dialeto alemão antigo (“bank”) que passou pelo italiano medieval e chegou à frança como bank.
De qualquer maneira, é muito mais provável que a ideia de banco tenha mesmo nascido do ato de se instalar uma banca (também reconhecida como “mesa”) para fins de troca de moeda.
O verdadeiro open bank
Imagine, leitor, a seguinte cena: você é criador de cabras; seu capril foi produtivo no período; os escambos resultavam, muitas vezes, em trocas injustas, desequilibradas. Então, para evitar prejuízo, você vai à praça pública, procura um cambista para trocar suas cabras por moeda corrente.
Em verdade, nada representa mais a ideia de banco aberto que a cena acima. Tudo feito às claras, em público; todo mundo vendo a operação financeira. Aliás, imagina-se que, na época, também havia maus negócios entre os extremos - clientes e operadores. E se tornavam públicos rapidamente, já que tudo era feito em praça aberta.
Dessa maneira, era comum haver entreveros e quebra literal da mesa, da banca. Daí vem outro termo muito conhecido: bancarrota, que significa banca quebrada.
Bancarrota também passou a designar operações mal-sucedidas por parte do dono da banca em razão de cálculos mal feitos. Assim, dizia-se que a mesa quebrou, está em bancarrota.
Open Bank não é o que parece
Psicólogos apreciadores de semântica e semiologia alegam incoerência no termo “open bank”. Pode ser elemento de preocupação no processo de cognição dos clientes. Afinal, um banco aberto, que é como a percepção assimila, não parece boa ideia.
A noção que o mercado nota é de que as relações cliente-banco serão abertas - à guisa da situação simulada na cena acima. É a primeira impressão. Especialistas em marketing sabem que “o primeiro sutiã ninguém esquece, pois a primeira impressão é a que fica”.
O problema é que as expressivas falhas no controle de dados virtuais são latentes no Brasil. Os diversos casos se alastram em todo tipo de mercado que detenha banco de dados. Parece que nada segura a sanha de espertalhões por mais que as empresas - em especial os bancos - invistam em segurança.
Em 2019, ou seja, quando o sistema começou a ser discutido, o jornal Gazeta do Povo publicou matéria sobre esse fato. “Em um país em que a infraestrutura de internet ainda é falha e as fraudes cibernéticas grandes, isso é um desafio e tanto”, lembrou Rafael Dan Schur, sócio da consultoria EY, em matéria da jornalista Fabiane Ziolla Menezes.
Melhor seria “open finance”
Assim, ainda segundo muitos psicólogos, seria interessante criar-se novo identificador. Por isso, as grandes instituições financeiras estão optando por “Open Finance” em substituição a “open bank”.
Nesse cenário, convém alertar os incautos que, contudo, “open bank” não é o que parece. Os leitores das páginas de Economia aqui, no site Prensa, sabem disso. Dessa maneira, seria interessante que eles comunicassem a quem não sabe.
Você dispõe de uma infinidade de artigos, análises e matérias sobre o funcionamento do “open bank” neste site:
Reconfigurando… dos escambos ao “open bank”
Para antropólogos, boa parte da confiança no sistema “open bank” pode nascer conhecendo-se a evolução histórica das relações financeiras. Esses profissionais alegam que o progresso material ou social das civilizações - de todas elas - passa pelo desenvolvimento de tais relações.
Já filósofos demonstram que o sistema financeiro em si, especialmente o conceito de “dinheiro”, teve e mantém função essencial no universo mental. Questões associadas à ética, moral, ideais, aspirações, sentido de existência, ou seja, todo o escopo da construção de valores, têm base na maneira como o ser humano percebe esse universo.
Quaisquer moedas
Há dez mil anos, no período Neolítico, nascia a ideia de “escambo”. Assim, qualquer produto, objeto, favor (não necessariamente com o sentido de hoje) sobressalente para alguém poderia ser usado como moeda para quem precisasse e dispusesse de um produto, objeto, favor necessário àquele alguém.
Certamente, nada havia de equitativo nesse esquema. Bastava o “cliente” precisar de algo - uma flecha, por exemplo - para o negócio ser fechado com troca - por um boi, por exemplo.
Aliás, até hoje se faz piadas com o fato histórico associado a escambo: bugigangas e utensílios dados aos indígenas quando Cabral chegou ao Brasil. Tecnicamente, não passou disso.
Esse sistema foi usado por milhares de anos posteriores, não obstante causar uma série de problemas:
Produtos se deterioram, em especial naquela época
O valor da oferta quase nunca equivalia à procura
O ato comercial precisava de muito tempo para que ambas as partes se convencessem da assertividade
A qualidade dos produtos envolvidos não era atestável imediatamente
Entre outros tantos entraves. O homem precisou de uns 5 mil anos para encontrar alternativa e isso se deu na era dos metais. Contudo, foi preciso mais alguns milhares de anos, cerca de 1500 anos antes da era atual, para que o metal fosse aplicado na feitura de moedas.
Moeda salgada
Na época do Império Romano, o uso de moeda de metal já tinha certa frequência. Contudo, havia ainda alguns produtos cujo valor era reconhecido comercialmente, pois eram vitais para a sobrevivência da época, como as commodities atuais.
Assim, eram usados como forma de troca nas operações comerciais. Gado, peixe, açúcar etc. eram alguns desses produtos. Dentre eles, o sal se sobressaía, pois se considerava como produto de muito valor prático e comercial.
Não à toa, os soldados romanos eram pagos com sal. Não à toa, a palavra “salário” nasceu de “sallarium” que, por sua vez, nasceu de “sallis”.
Moeda metálica
O objeto tão buscado e protegido por todos tem sido visto mais em cofres bancários que nas mãos dos usuários. Tão almejado e endeusado por muitos tem circulado pouco. Tão acumulado e escondido por poucos tem caído em esquecimento. Foi o elo mais prático de comércio e de pagamento por serviços até pouco tempo atrás. E durante muitos séculos.
Segundo historiadores, o conceito de “dinheiro” como é entendido hoje foi criado muitos séculos antes da era atual, na China. Inicialmente, eram moedas pesadas, com pouca praticidade de guarda e uso. Após séculos e até onde inscrições e documentos demonstram, a dinastia Song deu início à produção de papel moeda por volta dos anos 600 antes da era atual.
Moeda rubricada
As primeiras notas promissórias datam da Idade Média a partir do conceito de “letra de câmbio”. Décadas depois desse tipo de documento financeiro, os banqueiros passaram a atestar depósito bancário de alguns clientes por meio de uma espécie de escrita de próprio punho e assinada.
Mais alguns anos depois, o documento tornou-se objeto de questão jurídica. Nesse sentido, poderia ser cobrado ou contestado judicialmente.
Moeda de plástico
Comerciantes de algum lugar de Nova Iorque na década de 20, provavelmente donos de restaurantes, já pensavam que era preciso ter diferenciais para manter clientes cativos. E seguiram pela via mais prática para ambos os extremos: necessidade de ter bons clientes por parte dos proprietários e clientes necessitados de ter seu orgulho alimentado.
Assim, começaram a oferecer certo tempo para que clientes fiéis pagassem pelo consumo. Ou seja, ofereceram crédito. Não se tratou do conhecido “fiado” (solicitado), mas de “fiado ofertado”.
Curiosamente, três décadas depois, um incidente estimulou a criatividade de um empreendedor, também de Nova Iorque, Frank MacNamara. Diz-se que o homem notou que tinha esquecido carteira e talões de cheque depois de um jantar em um restaurante. Constrangido, alegou que voltaria no dia seguinte para sanar o problema.
O proprietário aceitou, mas apresentou a fatura e pediu para que MacNamara a assinasse. Durante o trajeto para casa, no carro, teve a ideia. Nasceu assim o primeiro cartão de crédito na forma visual em que o conhecemos hoje, o “Diners Club Card”.
Moeda voadora
Desde os períodos após a “moeda em pó”, a intenção dos gestores bancários foi sempre favorecer conforto e segurança dos clientes. Não carregar dinheiro está entre as estratégias.
A ideia de transferir posse de dinheiro de um cliente para outro já era buscada há séculos. Nesse cenário, tentava-se substituir o valor real do dinheiro por algo reconhecidamente compatível. Tem-se, assim, o conceito de “transferência bancária”.
Dessa maneira, pesquisadores garantem que os chineses (sempre eles!) criaram o que chamaram de “dinheiro voador” ainda no começo do século IX. Grandes viajantes temiam furtos durante longos trajetos. Assim, combinavam de guardar uma soma com um comerciante local; como comprovação, assinava uma espécie de atestado de depósito e tomava para si cópia assinada pelo comerciante.
Ao comprar produtos e bens em geral na viagem, dava sua cópia de depósito ao fornecedor. Este, quando bem lhe conviesse, resgataria o valor perante o comerciante depositário ou mesmo comercializaria sua cópia.
Nesse contexto, a transferência dos valores era feita via documento. Esse sistema seria aplicado pelos séculos seguintes. No XIX, começou a se popularizar e a ser instrumento dos bancos.
Moeda transeunte
Dentro do cenário bancário, a dúvida sobre a origem dos cheques é a mais intensa. Há historiadores que alegam ter visto documentos de três séculos antes da era atual. Estes mencionariam mecanismos comerciais muito semelhantes às moedas transeuntes(transitam de um portador para outro) usadas até pouco tempo.
Outros pesquisadores dizem que, em verdade, os cheques são invenção da Idade Média. Teriam sido criados pelos templários, que se especializaram em guardas de tesouros de membros da alta corte europeia. Para tanto, recorreram aos ourives da época, pois seus estabelecimentos eram considerados seguros em razão de suas atividades.
Moeda teclada
Em países estrangeiros, o sistema de moeda teclada é conhecido como Automated Teller Machine - ATM - (Máquina de Atendimento automático). No Brasil, é simplesmente caixa eletrônico.
A primeira dessas máquinas foi instalada em 1967 pelos técnicos do Barclays Bank, instituição britânica. Os jornais do dia indicaram que verdadeira multidão acorreu para a agência, em Enfield, norte de Londres. Queria conhecer a máquina que fala com pessoas.
Moeda computadorizada
Os EUA da década de 80 já eram um país intensamente desenvolvido no quesito tecnologia. Que os bancos se aproveitariam dele mais cedo ou mais tarde, era questão de tempo. E não demorou muito.
Assim, tanto lá quanto na Europa, o conceito de home bank (ou internet bank) se formou de maneira natural. Nesse ínterim, em complemento à ideia de caixa eletrônico, a agência bancária dentro de casa foi ganhando espaço cada vez mais no dia a dia do cidadão.
Inicialmente, o fax e o telefone eram os elos entre as pontas. Com a evolução ainda mais premente da tecnologia da informação, os serviços oferecidos foram se ampliando. Junto com eles, a confiança dos clientes.
Finalmente, open bank
Como dito acima, você, leitor, dispõe de uma série quase infindável de artigos neste site sobre esse novo conceito de relações bancárias. Como toda ideia nova, é alvo de todo tipo de visão, impressão e parecer. Contudo, segundo a maioria dos grandes economistas, o sistema vai descomplicar a vida do cidadão.
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Imagem de capa - Torna-se um operador bancário em qualquer lugar a partir do open bank (Imagem - Tim Douglas no Pexels)
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Este artigo foi escrito por Serg Smigg e publicado originalmente em Prensa.li.