A implantação da primeira fase do Open Banking no Brasil deu início a uma incrível jornada com muitos desafios para o mercado financeiro brasileiro. As oportunidades de negócio e estratégias de implementação são os aspectos mais evidentes (obviamente) e podem, por vezes, desviar o importante e necessário olhar que as empresas precisam ter para os desafios tecnológicos. Afinal, o Open Banking é totalmente baseado em tecnologia.
Cada empresa que “desça para o play” do Open Banking Brasil (de maneira voluntária ou não) precisa realizar escolhas bastante assertivas dentro de sua estratégia em tecnologia para apoiar o ecossistema. Esse com os seguintes desafios: atender às regulações existentes no sistema financeiro (com as mudanças propostas para sua abertura), manter o sentimento de confiança da população, que impacta diretamente na decisão de adoção, e servir de trampolim para a inovação em todos os mercados abrangidos pela iniciativa.
Cultura de aprendizado constante
Embora já existente em diversas empresas, a cultura de aprendizado constante ainda é um tabu para muitas empresas e profissionais que vivem no formato tradicional de trabalho. Não estamos falando somente da necessidade em se atualizar com cursos de novas tecnologias e linguagens de programação (inerentes a nossa área), mas estar aberto a novos conhecimentos no geral e a novas formas de aprender.
Reino Unido e Austrália já se beneficiaram dessa cultura que envolve lições e compartilhamento de experiências. Reino Unido está em processo mais maduro (com mais funcionalidades disponíveis), enquanto a Australia já nasceu com ajustes do modelo de sua referência e, por esse motivo, sofreu menos em diversos aspectos, como por exemplo, formato das documentações de suas APIs. Nós brasileiros temos a oportunidade de aprender e aplicar essas lições.
Na fase 1 - Open Data (Dados abertos) do Open Banking no Brasil, já foi possível perceber que se preparar, aprender e agir rápido frente aos novos cenários tornou a vida de algumas empresas mais fácil do que de outras, mesmo considerando que, no fim das contas, todo o ecossistema é impactado. E, nós aqui no Brasil, só estamos no começo dessa jornada.
Modernização – Disponibilidade, Performance e Segurança
O tão esperado ou temido momento chegou. Os investimentos que não foram feitos em um momento anterior, agora custam mais caro e com menos tempo para ser realizados. Para o ecossistema, é de suma importância a garantia de disponibilidade e performance, afinal, nenhum consumidor vai aderir a uma solução que não está disponível, que não responde no tempo necessário ou, ainda, que não seja segura.
E esse é um efeito borboleta dentro do ecossistema: um participante que não performa impacta outros participantes; um vazamento de informação de um cliente em uma instituição coloca todo o ecossistema em cheque.
A modernização de sistemas legados se torna fundamental para reduzir custos e atender a esses requisitos. Além de aprendizados nas tecnologias mais recentes e relacionadas ao conceito de API Management (exposição, governança, métricas de consumo e performance de APIs), é importante observar os aspectos funcionais e arquiteturais dos sistemas de cada organização. Refletir em arquiteturas modernas, com maior desacoplamento e baseadas nos benefícios disponíveis em grandes fornecedores de computação na nuvem (Cloud), é um primeiro passo muito importante.
Experiência dos desenvolvedores
Você leu certo: experiência do desenvolvedor. Obviamente que, dentre os principais pilares da iniciativa, está a experiência do consumidor, que é fundamental e depende de diversos aspectos. Esses, na maioria das vezes, serão entregues por desenvolvedores.
Investir tempo e atenção nesse tema é garantia de bom humor dentro do ecossistema: desenvolvedores com acesso a informações mais claras sobre especificação, requisitos e referências (especialmente as técnicas) são desenvolvedores mais felizes, que entregam com maior assertividade e em menor tempo.
Embora a Governança do Open Banking Brasil invista nesse tema, as empresas que investirem mais (além do que é disponibilizado) têm maior chance de conquistar o coração dessa clientela tão importante e obter mais parcerias/oportunidades de negócio para aquilo que ainda não entrou para a regulação.
Conclusão
O Open Banking é uma oportunidade não somente de novos negócios, mas sim de repensar a forma como os profissionais e empresas enxergam a Tecnologia: quando está no coração da empresa e é priorizada, os negócios tendem a prosperar ainda mais.
Dentro deste novo ecossistema, será possível identificar sem muitos esforços as decisões que cada empresa participante tomou e quais os efeitos diante dos desafios pela frente.
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Este artigo foi escrito por Anderson Santana e publicado originalmente em Prensa.li.