O Open Finance é uma iniciativa do Banco Central do Brasil (BC), seu objetivo é tornar o sistema financeiro mais competitivo.
O sistema entregará aos usuários o direito de poder decidir sobre seus dados bancários dentro da instituição financeira. Ou seja, o cliente será dono de suas informações e poderá escolher se deseja compartilha-las com outras organizações.
Ao redor do mundo, o sistema foi adotado com o nome de Open Banking, entretanto, no Brasil, a escolha por Open Finance foi feita pois o sistema não está restrito somente a instituições bancárias.
O Open Finance irá se expandir para outros setores como previdência, investimentos e seguros.
Desta forma, convidamos alguns especialistas para conversarem sobre o “Impacto do Open Finance no Mundo de Seguros”. Os palestrantes são:
• Vanessa Fialdini – Advogada na Fialdini Advogados (Moderadora)
• Eduardo Fraga L. de Melo – Diretor na SUSEP
• José Prado Villela – Entrepreneur & Keynote Speaker na Insurtech
Medidas regulatórias e Open Finance
O mercado de seguros está em um momento ímpar de inovação, com diversas iniciativas sendo colocadas em prática. A SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) é uma das responsáveis por atuar na regulamentação do sistema.
Uma das iniciativas é a SandBox Regulatória, que, de acordo com o Banco Central (BC), pode ser definida como uma iniciativa que permite que instituições já autorizadas e ainda não autorizadas a funcionar pelo BC possam testar projetos inovadores (produtos ou serviços experimentais) com clientes reais, sujeitos a requisitos regulatórios específicos.
“A Sandbox regulatória foi a primeira iniciativa a ser colocada na rua. Nós a duas semanas atrás concluímos o processo seletivo e tivemos 11 projetos inovadores habilitados “, diz Eduardo Fraga.
De acordo com Eduardo, diversas medidas que ocorrem no mercado de seguros são equiparáveis com os objetivos do Open Finance. O estímulo a concorrência, a ampliação da cobertura, ampliação da penetração dos seguros, inclusão social, eficiência de projetos, inovação, entre outros.
“Todas essas iniciativas tem como foco o consumidor. Não com uma visão de proteção ao cliente. Mas atendê-lo e oferecer diversas opções, alternativas de escolha, uma experiência mais tecnológica, uma linguagem simplificada, entre outras”, comenta Fraga.
Entretanto, devemos lembrar que a fase de seguros e previdências privadas estão estipuladas na 4ª fase de implantação do Open Finance.
Isso quer dizer que reguladores do mercado de seguro possuem receio que não haja simetria entre o mercado de seguros e a previdência. Eduardo Fraga pontua que nem todas as companhias de seguros utilizam canal bancário para distribuição de seus produtos, e nem todos os conglomerados pertencem a instituições bancárias.
Desta forma, os reguladores tem como objetivo colocar o mercado de seguros dentro destes ambientes para ir de encontro a agenda regulatória do mercado de seguros, alinhada com a 4ª fase de implementação do Open Finance.
Um ponto importante a se pensar sobre o meio de seguros, é que este setor está dentro da vida dos clientes sem que ele perceba. Enquanto dirige o rastreador do carro e o seguro contratado para o automóvel recebe informações, quando está utilizando o plano de saúde ou o seguro de vida.
Podemos concluir então que o mercado de seguros está constantemente tendo acesso a informações e dados pessoas dos usuários.
Assim, conseguimos notar que com a chegada do Open Finance neste setor, a quantidade de informações compartilhadas pelos clientes, permitirá que as organizações possam desenvolver produtos específicos para cada um dos usuários.
“Uma das consequências naturais do Open Finance é a criação de produtos específicos para cada cliente e usuário, isto não será diferente no mercado de seguros”, afirma Eduardo.
O mercado de seguros em movimento
A indústria de seguros é um setor centenário, que passou por algumas mudanças ao longo dos anos, mas nada que fosse de extrema relevância.
Nos últimos 10 anos, podemos enxergar mudanças trazidas pela tecnologia nesse setor. Tais novidades acarretamram em avaliações mais precisas dos cálculos de risco em relação aos clientes.
“Tem quem acredita que com a IA, e outros modelos de negócio que ajudam a repensar a indústria, em 10 anos não será possível reconhecer como o mercado de seguros era nos anos 90”, diz José Prado.
O seguro tinha diversas necessidades a serem supridas. E com a chegada do Open Finance e a SandBox Regulatória foi possível perceber que o principal tópico era a abordam e criação de produtos específicos para os clientes.
De acordo com José Prado, a indústria de seguros é muito complicada, o que não permite transmitir conhecimento para o cliente. O mercado possui falhas na oferta de seus produtos, e sua cobertura ainda é baixa no país.
O Open Finance irá possibilitar que as organizações explorarem novos serviços de seguros, como a cobertura em desastres naturais, que estão ocorrendo com mais frequência por mudanças climáticas.
Além disso, a valorização do cliente final irá impactar diretamente na competição entre as empresas. Isto porque as organizações estarão empenhadas em utilizar da melhor forma as informações que possuirem para alcançar sucesso no mercado.
Quer saber mais sobre o Impacto do Open Finance no mercado de seguros?
Assista a live completa com Eduardo Fraga e José Prado, com moderação de Vanessa Fialdini .
Este artigo foi escrito por Vanêssa Fialdini e publicado originalmente em Prensa.li.