Open Insurance começa no Brasil
Banco Central libera mais uma etapa do Open Finance, agora, para seguradoras.
A segunda etapa da fase quatro do Open Finance no Brasil começou com uma novidade que promete facilitar a vida do consumidor, e isso não se restringe a ter acesso rápido a créditos e financiamentos, mas sim a obter opções de escolha de serviços oferecidos por seguradoras.
Na prática, agora, as corretoras, seguradoras e, até mesmo, os próprios bancos e instituições podem entrar no jogo de compartilhamento de dados e ofertar serviços personalizados que fazem mais sentido para a vida das pessoas.
E, para quem está do outro lado do Open Insurance, a novidade também é atraente. O sistema de seguros abertos vai permitir ao consumidor comparar as opções de serviços e fazer as cotações de diversas empresas seguradoras ao mesmo tempo.
Mas, claro, o jogo só começa com a permissão do cliente, ao liberar os dados no sistema de compartilhamento do Open Finance, que o Banco Central garante que é seguro.
Então, confira como os dois lados da disputa, clientes e seguradoras, podem jogar juntos no time do Open Insurance.
Open Insurance para consumidores
Nesta 4ª etapa do Open Finance, o Banco Central informou a possibilidade de consumidores permitirem compartilhar as informações de produtos e serviços de seguros, previdência complementar aberta e capitalização. Para a instituição é uma etapa aguardada, pois, de fato, terá um efeito prático na vida do consumidor.
Os dados chegam a sociedades autorizadas e credenciadas pela Susep , Superintendência de Seguros Privados, de forma "segura, ágil, precisa e conveniente", segundo o Banco Central.
“Para entregar esses benefícios ao consumidor, o Open Insurance operacionaliza e padroniza o compartilhamento de dados e serviços por meio de abertura e integração de sistemas, com privacidade e segurança.”
Esta fase promete muitos benefícios ao usuário. Claro, o principal, é permitir que compare os serviços e faça as cotações. O grande diferencial é que terá, em mãos, mais escolhas num mercado aberto.
Sem contar que, além de ser livre para avaliar e contratar produtos e serviços que quiser, o consumidor ainda vai poder migrar para empresas e fazer a portabilidade de dados.
Mas é preciso reforçar que o jogo aberto só acontece se o “dono dos dados”, o consumidor final, quiser e autorizar o envio das informações para as empresas e instituições.
Open Insurance para as seguradoras
As empresas seguradoras e corretoras estão animadas com nova etapa do Open Finance, que coloca os seguros como potencial de crescimento no mercado.
Mercado este que cresceu, mesmo durante os desafios da pandemia da Covid-19. A Susep afirmou que o setor de seguros deu um salto de 14% no faturamento. Ainda no relatório, a instituição destaca a modalidade de seguro de vida, que cresceu 17%.
O setor tem hoje uma participação de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB), com potencial para atingir valores da ordem de 6% a 10% - valores observados em países com mercado segurador maduro. Registre-se que o mercado de seguros no Brasil, de acordo com a publicação “World Insurance” (Swiss Re Institute), ocupou a décima oitava posição no ranking mundial em 2020, em termos de emissão de prêmios totais (vida e não vida), segundo relatório recente da Susep.
Mas o que o consumidor procura é por personalização de apólices, além de pacotes mais acessíveis, por meios mais simples e menos burocráticos. É aí que entra o Open Insurance.
Com mais informações em mãos, a tendência é entregar produtos e serviços personalizados, que atendam à demanda específica de cada consumidor.
Mas tudo deve ser feito com cautela para não atropelar os processos, causar falhas e prejuízos que possam afetar a própria credibilidade das empresas. Sem contar que o Open Finance para seguradoras deverá criar um ambiente mais disputado e concorrido. Ou seja, vai ter maior competitividade, com a entrada de mais produtos e instituições.
Open Insurance e apps
Claro que o sistema de seguros abertos promete mais...
Além da venda, tem muita tecnologia envolvida. Aplicativos devem ser desenvolvidos para permitir a comparação dos diversos serviços oferecidos e seguradoras.
Assim, o consumidor vai ser capaz de decidir com calma as suas escolhas. A ideia é que o possa usar os dados pessoais para definir melhor os produtos que mais atendam ao seu perfil.
Open Insurance liberado, mas caminho é longo
Open Insurance no Brasil está apenas no começo. Para ser realidade e o consumidor ver os serviços funcionando, assim, tão rápido, na prática, vai demorar. Em quanto tempo? Isso depende das empresas e instituições desenvolverem as melhores soluções no mercado.
A expectativa é que as mudanças comecem ainda neste ano. Mas, novamente, o ponto central do mundo Open está concentrado no consumidor. Ele quem deve liberar os dados e permitir as informações no sistema. E, pelo visto, este ainda é um processo desafiador. Visto que, na realidade, apenas 2% de clientes de bancos aderem ao Open Finance.
Este artigo foi escrito por Sandra Riva e publicado originalmente em Prensa.li.