Em 2005, Sanjiva Weerawarana, conhecido como um “evangelista do código aberto” e programador com mais de 30 anos de experiência no mercado de ciência da computação, fundou a WSO2, hoje uma das maiores empresas de open code do mundo e a maior do Sri Lanka.
Mais de 15 anos depois, a WSO2 é líder global em APIs, gerenciamento de identidade, acesso e de integração, com soluções para Open Banking, Open Insurance e Open Healthcare.
Ao todo, são mais de 800 clientes em 80 países. A empresa busca expandir o crescimento global, e quer estar pronta para o IPO até 2025 e conseguir cerca de 300 milhões de dólares em receita até lá.
Em entrevista para a Exame, Weerawarana falou sobre como o open source pode revolucionar o mercado e o futuro da tecnologia com a expansão dos serviços em nuvem.
A flexibilidade do mundo Open
Sanjiva fala sobre a mentalidade de “não estar no controle total” do open source. “Você faz um pouco, outra pessoa faz mais e assim em diante. A partir daí, você projeta sistemas que são mais abertos e fáceis para alguém consumir e ampliar. Isso é essencial no mundo de hoje porque todos os negócios dependem de software, portanto, ter algum nível de flexibilidade é importante.”, diz.
E essa flexibilidade se estende ao Open Banking e Open Healthcare.
“Este é o conceito do open data: as informações são disponibilizadas pelas pessoas que detêm os dados. Sem permissão, você não pode tê-los.”, diz Weerawarana.
A WSO2 possui soluções para essas áreas, que permitem ao usuário compartilhar e gerenciar informações pessoais entre contas bancárias em instituições financeiras diferentes, no caso do Open Banking, por exemplo.
“Com o Open Healthcare, a mesma lógica se aplica. O que eu, como pessoa, quero saber é qual era minha pressão arterial há cinco meses e qual é agora. É sobre como você expõe as informações de forma segura a terceiros.”, explica o CEO.
A expansão do serviço em nuvem
A WSO2 atua lado a lado com gigantes como Amazon, Google e Microsoft em serviços relacionados à nuvem, e Sanjiva explica a importância disso para a empresa.
“Uma das direções que o mundo está seguindo em termos de software é em parte por causa da segurança, em parte por questões de complexidade e em parte por questões de habilidade. Queremos usar cada vez mais o software como serviço. [...] É por isso que o serviço em nuvem está decolando. Você não precisa configurar, manter ou se preocupar com patches de segurança - nós cuidamos de tudo isso.”, diz.
O futuro do mercado de tecnologia
Nos próximos anos, veremos a digitalização dos negócios acelerando ainda mais, de acordo com Sanjiva. A experiência digital tende a melhorar, do ponto de vista do consumidor, porém, isso significa que também teremos “brechas de segurança” por conta de sistemas mal projetados, especula.
“Olhando de uma maneira realista, a violação de dados não desaparecerá. Sempre teremos cenários em que alguém irá cometer um erro e alguém terá de corrigi-lo. Se chegarmos à frente das pessoas que estão hackeando, elas hackearão outra coisa.”, diz.
E é por isso que, para a WSO2, é importante ter infraestrutura local nos países onde está presente, trabalhar com software de código aberto, e ter acesso ao código-fonte e o poder de controlá-lo.
“A nuvem tira muitas das responsabilidades, mas ao mesmo tempo tem esse aspecto internacional que é desafiador agora. Acho que nos próximos anos haverá uma tentativa de descobrir como fazer negócios de nuvem em escala global funcionarem, respeitando e entendendo que o mundo não segue o mesmo conjunto de regras.”, explica Sanjiva.
WSO2 na América Latina
Até o momento, a WSO2 teve um crescimento de 53% apenas em 2022, e conquistou mais de 50 clientes na América Latina. Para Sanjiva, essa expansão tem como principal motivo a pandemia, que acelerou a evolução da tecnologia e a adoção de software para todos os tipos de aplicativos.
“Vemos muitas oportunidades na América Latina para esse tipo de tecnologia, porque há muitos negócios que ainda não implantaram os fundamentos da infraestrutura digital.”, diz Sanjiva.
Na Latam, a empresa tem cerca de 45 funcionários e espera chegar a 100 no final do próximo ano.
“O Brasil é a âncora de tudo isso. Queremos investir ainda mais na região e tentar ajudar ao máximo as indústrias locais. Somos uma empresa, obviamente planejamos receber uma receita através disso, mas queremos fazer da maneira correta e apoiar as pessoas certas.”, finaliza.