Oportunidades e Riscos da IA na sociedade
Essa é a parte 2 da série sobre Ética e IA. Se você ainda não leu a primeira parte, indico fortemente ler aqui. Se já leu, continue nesse texto 🙂
Que a IA gera impacto na sociedade não é mais uma questão. O problema atual é saber por quem, como, onde, e se o impacto é positivo ou negativo.
Início de tudo
Para Floridi, existem quatro pontos principais na busca de compreender os impactos causados por esse agente tecnológico:
1. Quem poderíamos nos tornar (auto realização);
2. O que poderíamos fazer (Agir humano);
3. O que poderíamos alcançar (habilidades individuais e da sociedade);
4. Como podemos interagir uns com os outros e com o mundo (coesão social).
Nesses casos, IA pode ser utilizada para potencializar tais ações ou criar novas oportunidades; contudo, elas também podem gerar riscos se forem mal utilizadas.
Obsolescência programada e trabalho puramente intelectual
Aqui na Prensa já postei diversos textos sobre como os robôs estão realizando ações mais braçais, as quais podem até retirar vagas de empregos dos humanos. Para o pesquisador acima citado, a IA torna a vida dos humanos mais fácil, já que elas fariam grande parte dos trabalhos braçais, considerados chatos e repetitivos. Logo, as pessoas gastariam seu tempo fazendo ações mais intelectuais.
Só que isso gera um grande impacto negativo na humanidade. Quem nunca estava se sentindo esgotado mentalmente e por conseguinte foi correr na praia? Ou lavar uma pilha de roupa? Assim, a fadiga muscular física se sobrepôs à fadiga intelectual resultando em um melhor aproveitamento cerebral. Quando se perde esse tipo de atividade, isso impacta diretamente na qualidade de vida dos humanos, os quais ficam sobrecarregados com atividades cerebrais que necessitam de grande criatividade, foco e atenção.
Normalmente, trabalhos estão intimamente ligados com a personalidade de cada um. Portanto, quando um robô retira um emprego, impacta não somente na empresa, mas também na vida pessoa do individuo, o que pode acarretar diversos riscos para a comunidade.
Aumentar capacidade humana, reduzir controle
Se você gosta de tecnologia, já está cansado de escutar sobre 1984. Só que, realmente, aquilo é uma verdade. Quando se amplia a capacidade humana de criação e de produtividade, isso infere diretamente na perda do controle, já que há terceirizações de variados tipos, incluindo, a robótica.
Ou seja, os sistemas checam os seus semelhantes, retirando a tarefa de fiscalizar dos humanos e, consequentemente, reduzindo seu controle.
Você provavelmente já escutou sobre o caso do algoritmo do Facebook, que estava programando em uma linguagem que os desenvolvedores não compreendiam. Não há nada de ficção científica aí, simplesmente, chegou a uma forma incompreensível mesmo de interpretação. Essa é uma das formas da perda de controle mais notórias e simples de se explicar.
Interação Social
Desde mudanças climáticas até regular os níveis de probabilidade de um desastre atômico, a IA consegue calcular de uma maneira excelente. Entretanto, onde será que estão a autonomia e a transparência nisso tudo?
Obviamente, há inúmeros benefícios, contudo, eles não eximem a falta de auto controle que o individuo tem sobre seus dados e sobre o que ele utiliza.
O monopólio das bigtechs é real e, como o professor da UCL afirmou em uma palestra sobre metaverso, é realidade: o grande problema é que o governo deu para as empresas privadas todos os direitos da internet. Em resumo, a internet não deveria ser algo controlado pela esfera privada, mas sim, pelos governos.
Ah, mas se fosse assim ela seria partidária, ela sofreria de diversos viéses. E já não ocorre hoje? Cada programador que está por detrás daquele código contém um viés. Isso advém da sua essência, do meio em que se está inserido. O que ocorre é que antes sabíamos quem exatamente estava por trás, quem responsabilizar, e quais ideais aquelas pessoas detinham. Hoje? Ninguém sabe quem codou aquele programa, e muito menos quem responsabilizar. Fica a empresa jogando para uma terceirizada, que joga para o programador a culpa do serviço não funcionar perfeitamente.
Devemos usar ética nas IAs?
Poderia dissertar diversos motivos, mas penso que dois deles são essenciais.
O primeiro, de que ter uma inteligência artificial ética evitaria diversos conflitos legais, atenuando os riscos da empresa de sofrer algum processo.
O segundo, seria o impacto na população. Provavelmente, o programa a ser desenvolvido seria mais aceito, assim, gerando um maior aferimento econômico para a companhia.
Claro que nem só de lei e dinheiro vive um homem, mas, com certeza, é o que vem à mente do empreendedor. Do ponto de vista sociológico, a comunidade se desenvolve de uma forma melhor quando possui confiança nas relações, esta que advém da ética e da moral.
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Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.