Os desordeiros da Galáxia
Atenção: o texto a seguir contém spoilers, fofocas e muito fanservice
Esqueça por um momento as crises existenciais e familiares da mistura entre O Senhor dos Anéis e dramalhão mexicano que é a saga das famílias Skywalker e, se você assistiu os nove filmes, Palpatine.
Hoje você descobrirá finalmente porque o melhor filme de Star Wars é o Episódio 31⁄2. E porque há um tal Esquadrão Rogue na cena de batalha espacial mais icônica da história do cinema.
Com vocês, Rogue One - Uma História Star Wars, lançado em 2016.
Era uma vez, num roteiro muito, muito distante…
Se você é daqueles que prestam atenção na abertura dos filmes da saga de George Lucas, vai lembrar que naquele tobogã de letrinhas do Episódio IV - Uma Nova Esperança é citado um grupo de rebeldes que afanou os planos da Estrela da Morte, o brinquedo mais legal – e letal – do Império.
Pois é, esse e mais outros detalhes estão nas letrinhas amarelas, e são a base do roteiro deste filme… que por outro detalhe não têm as tais amarelinhas.
Rogue One amarra todas as pontas soltas entre os episódios III e IV, explicando inclusive o motivo de ser tão fácil destruir a arma mais poderosa do Império. Sério, tem uma explicação e é bem plausível!
Vai dar ruim…
Antes de mais nada, é um eletrizante filme de guerra, daqueles em que todas as causas estão perdidas, e que você (e os personagens) teimam em ver um fiozinho de esperança, mesmo que esteja na cara que nada acabará bem. E eles não estão errados.
Rogue One traz alguns dos melhores personagens do universo Star Wars, a começar pelo melhor dróide já apresentado desde o início da franquia em 1977: K-2SO, o dróide imperial defeituoso. Perdoem os fãs de R2-D2, C3PO ou BB-8. A personalidade de K-2SO só encontra paralelo em Marvin, o andróide paranóide de O Guia do Mochileiro das Galáxias.
E não se pode esquecer de Chirrut Imwe, que coloca qualquer mestre Jedi no chinelo. Não tem Obi-Wan nem Mace Windu que se equipare. Chirrut Imwe é uma mistura de Mestre Yoda com Beato Salú, e completamente cego. Suas ações são plenamente guiadas pela fé na Força, sendo praticamente invencível. Praticamente.
Pela descrição, Chirrut poderia ser um chato de galochas, mas acredite, não é o que acontece. É um dos personagens mais cativantes, profundos e interessantes do filme… além do segundo melhor alívio cômico, perdendo só para o dróide citado acima.
Casos de família
A heroína da história, Jyn Erso tem uma infância bem bacana, vivendo com os pais num planetinha pacato, onde se plantando, tudo dá. O que atrapalha um pouco é que o pai é um cientista graduado, com uma tradição de bons serviços prestados ao Império, mas sabe como é, bateu um estresse e ele resolveu deixar um trabalho inacabado.
Porém, como já sabemos desde a estréia do Episódio IV, lá em 1977, não é nada recomendável contrariar o departamento de RH do Império. Nada pessoal, só negócios.
Daí em diante, a pobre Jyn Erso cresce comendo o pão que Jar Jar Binks amassou; literalmente entocada em cavernas, se alia a lideranças rebeldes regionais, com a intenção de resgatar seu papai das garras do Imperador Palpatine e seus amiguinhos.
Ela é uma heroína idealista, disposta a se sacrificar por um bem maior. Não à toa, a toda poderosa produtora Lucasfilm/Disney, Kathleen Kennedy, comparou a personagem à francesa Joana D’Arc.
Use a Força, pequeno padawan!
Como essa é uma das histórias de Star Wars menos conhecidas, não vamos adiantar muito mais, para não estragar as surpresas. E creiam, são muitas. Mas certas coisas não poderemos passar batido:
É neste episódio de ligação que Darth Vader dá as caras pela primeira vez com todo seu potencial. Você descobrirá porque uma luz na escuridão pode não algo tão bom assim;
Vai ver um dos mais célebres personagens do Episódio IV, o general Grand Moff Tarkin, totalmente recriado por computador e contracenando com uma naturalidade bem aceitável com o elenco de carne e osso: lembremos que seu intérprete original, o ator Peter Cushing, havia partido para uma galáxia muito, muito distante cerca de vinte e dois anos antes do lançamento de Rogue One;
Assim como uma versão jovem da atriz Carrie Fisher, também digital, dando vida à Princesa Leia num dos momentos mais impactantes do filme. Ela surge com seus mesmos vinte e um aninhos da época do lançamento do Episódio IV. Na ocasião de Rogue One, Carrie havia acabado de completar sessenta anos de idade… e faleceria doze dias após a estreia.
Ligando os pontos
Já que falamos tanto no Episódio IV, também conhecido por Uma Nova Esperança, vamos com uma informação que é puro fanservice, mas é uma das coisas mais legais dessa produção: a trilha sonora!
A música dos últimos minutos do filme (composta por Michael Giacchino, que seguiu à risca o trabalho original de John Williams) encaixa-se com precisão milimétrica nos primeiros minutos da trilha de Uma Nova Esperança.
Em outras palavras, se você assistir um filme colado no outro, não perceberá a transição, parecerá uma coisa só.
Pegadinha do Stormtrooper!
Mas somos obrigados a confessar, sem ficar vermelhos de vergonha: praticamos um tremendo clickbait no começo deste artigo. Não vamos contar o porquê de haver um Esquadrão Rogue em Uma Nova Esperança… estragaríamos uma cena divertidíssima de rebeldia contra os próprios rebeldes. Então, é melhor descobrir por conta própria.
Rogue One está disponível no serviço de streaming do Mickey, e recomendamos que façam uma “mini maratona”: assistam ao Episódio III - A Vingança dos Sith, seguido por Rogue One e logo depois emendando com Episódio IV - Uma Nova Esperança. Vai concluir que nada ficou para trás.
Que a Força esteja com você. Ou se preferir, eu estou com a Força e a Força está comigo.
Imagem de capa - Piotr Makovski / Unsplash
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.