Os egos e as suas guerras
Foto de Konrad Ciężki no Pexels
Quando a vida humana depende do tamanho da ganância de uns poucos
Os motivos das guerras são sempre os mesmos: domínio econômico, territorial e político. Entretanto, para mim, o principal motivo e causa das guerras é a ganância por riquezas e poder. Contudo, em todas as guerras, existem os discursos, as declarações, bem articuladas, afirmando haver outros motivos para esclarecer e justificar tamanha tragédia. E não importa o ângulo ou o ponto de vista, a culpa de uma guerra é sempre do “outro”.
E o mais interessante é saber que com base nesses mesmos motivos, já houve guerras até da parte dos supostos representantes de Deus, na terra. Líderes religiosos perseguiram, prenderam, torturaram, estupraram e mataram milhões de seres humanos, com requinte de crueldade, em nome de Deus, que segundo esses mesmos líderes, tem como mandamento fundamental, “amar o próximo como a si mesmo.”
O foco da imprensa muda conforme os grandes interesses
As manchetes atuais, me refiro ao mês de março de 2021, só tem olhos para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, se existem outros conflitos, se tornaram irrelevantes. Até a pandemia já não importa tanto assim. Certamente, aos soldados, não deve ter havido exigências como o uso de máscaras, lavar as mãos com álcool em gel, e muito menos, apresentar passaporte sanitário, comprovando ter sido vacinado com todas as doses ordenadas, sabe-se lá por quem, da droga produzida e vendida em caráter experimental, que também podemos classificar como uma guerra. Um lado diz que é contra o vírus e a doença, mas existem controvérsias. O mais importante no momento são as pautas sobre a Rússia e a Ucrânia.
Mas de onde vem essa ideia de guerra cujo objetivo principal é juntar um grupo de seres humanos para destruir, assassinar, se possível, deletar da face da terra, outros seres humanos? Segundo o historiador John Baines, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, pode-se dizer que as primeiras guerras que se tem evidências ocorreram no estado de Lagash, na Suméria, próximo ao Iraque, por volta do ano 2525 a.C.
São diversas as guerras, mas, para resumir citarei algumas:
Rebelião de An Lushuan, na China, de 755 a 763. Entre outras consequências, quase 40 milhões de seres humanos morreram. Um general, An Lushuan, decidiu se auto declarar imperador.
Investidas Mongóis, na Ásia, leste europeu, de 1207 a 1472. Entre outras consequências, quase 60 milhões de mortos. Invasões do povo mongol, que por fim, conquistaram um império com um território com mais de 12 milhões de quilômetros quadrados.
Dinastias Ming e Qing, China de 1616 a 1662 entre as duas dinastias. Entre outras consequências, mais de 25 milhões de mortos. Discurso: restabelecer a ordem imperial, porém, é evidente tratar-se de tomada do poder.
Investidas de Tamerlão, na Ásia, de 1369 a 1405, o motivo declarado foi “expandir o Império Timúrida.” Entre outras consequências, mais de 20 milhões de mortos. Mas, conquistaram mais de 5,5 milhões de quilômetros quadrados.
Rebelião Taiping, também na China, de 1815 a 1864. Entre outras consequências, estima-se 60 milhões de mortos. Uma grande guerra civil, tendo como líder o “cristão” Hong Xiuquan, que se auto proclamava o irmão mais novo de Jesus Cristo.
Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, com a participação de países de todos os continentes. A estimativa de mortos chega a 65 milhões de pessoas. As consequências, se estendem até os dias atuais.
Guerra Civil Russa, na Rússia, de 1917 a 1921. Quase 10 milhões de mortos. Os discursos diziam que era necessária para acabar com a monarquia, mas, não é difícil perceber os reais motivos.
Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, com a participação (de novo) de todos os continentes. A estimativa é de quase 80 milhões de mortos, sendo, quase 70% das vítimas, civis, que nada tinham a ver com o conflito, entre os que foram assassinados, como os judeus, por exemplo, por causa dos delírios de alguns líderes psicopatas, assassinos cruéis, além de gananciosos.
A Santa Inquisição religiosa, pode-se dizer que o principal início das perseguições, torturas e matanças, se deu em 1022. Há controvérsias sobre os milhões de mortos pela dita “igreja institucional estatal”, porém, seus historiadores, sempre publicam, que foram bem menos, o número das pessoas presas, torturadas, assassinadas cruelmente, em nome de Deus, por vários anos seguidos.
De guerra em guerra, uns poucos enriquecem, bilhões de seres humanos são assassinados ou se tornam deficientes e miseráveis .
O mercado fabuloso das armas entre outras coisas que, durante as guerras, dão muitos lucros.
Só em 2020, foram gastos R$ 10,7 trilhões. Isso é o que se sabe oficialmente, fora os extras, mercado negro, contrabandos e outros. Os contingentes aumentam a cada ano.
As guerras estão entre os negócios mais lucrativos do mundo, além de proporcionar riquezas e poder a alguns poucos, seja na política, indústrias ou no mercado financeiro.
São séculos e séculos de sofrimentos, dores e matanças, para satisfazer pequenos grupos e elites egoístas. Em todas elas, os únicos que pagam os custos é a população, por meio dos impostos e outros métodos de taxações, como propinas, por exemplo, em se tratando de empreendedores e governantes.
Viver na terra custa muito caro, morrer também. Contudo, egos movidos pela mesma ganância não conformados, em 1983 surge um programa militar, norte-americano, criado pelo presidente Ronald Reagan, batizado com o nome de “Guerra nas Estrelas''.
Embora o discurso foi de que esse programa de satélites seriam acionados na defesa dos EUA contra mísseis, basta pesquisar como andam os programas espaciais para saber que, na verdade, não satisfeitos, os senhores da ganância, querem expandir suas “guerras” também para o espaço sideral.
Os filmes de guerras espaciais que vimos e vemos até hoje, podem deixar de ser meras obras de ficção, pois o tamanho do ego daqueles cuja a ganância não tem limite, parecem necessitar do espaço que há em todos os universos, para, só assim, se acomodar.
Será que ao expandir as consequências de suas ganâncias por todos os universos, os egos, cujo objetivo existencial é o poder e o enriquecimento, se sentirão satisfeitos?
Infelizmente, creio que não. Já tem gente, que faz parte desse tipo de movimento egoísta, que já está propondo a população do mundo, acesso ao "Metaverso''. Certamente, as guerras terão como alcançar patamares inimagináveis.
A insanidade, a ganância e a crueldade em algumas pessoas, não tem limites nem fim.
Este artigo foi escrito por Fabio Costa e publicado originalmente em Prensa.li.