Os melhores filmes de Horror (dos últimos tempos!)
A BRUXA (2015)
Recomendo ficar de olho nesse bode. (reprodução - via IMDB)
O filme de estreia do diretor Robert Eggers é tão bom que não dá para chamar de “trabalho de novato''.
Dominando o clima e a tensão com conforto, Eggers cria uma viagem no tempo e leva o público aos anos 1600, onde as lendas de bruxas do Novo Mundo corriam soltas, e mulheres não podiam ser pegas falando com gatos.
Uma família de puritanos é expulsa de sua comunidade, e decide construir sua nova casa ao lado de uma floresta sinistra. Mal sabem eles que o que habita ali não gosta de invasores.
Revitalizar os mitos e tropos das histórias clássicas de bruxas, mas com total seriedade e sem medo de machucar os personagens — ou a audiência — faz deste filme um maravilhoso começo para nossa lista.
Ah, e é a produção que começou a carreira da Anna Taylor-Joy, que você conheceu assistindo O Gambito da Rainha!
O BABADOOK
É meu amigo, depois de Harry Potter a literatura infantil ficou meio hardcore. (reprodução - via IMDB)
O melhor exemplo de que os australianos também curtem uma satanagem.
Uma mulher perde seu marido num trágico acidente, e aos poucos vai sentindo sua vida se extinguir. Talvez por causa de azar, talvez por causa de seu filho meio estranho.
Mas ao ler para o menino uma história de ninar bem diferente, ela liberta uma “coisa”. Essa coisa usa chapéu, gosta de sombras, e pode ser uma manifestação da culpa, do arrependimento, do trauma e do pavor da solidão dessa mulher.
A coisa também pode ser uma entidade das trevas faminta, mas quem sou eu para julgar.
DEIXE ELA ENTRAR (2008)
Ela não sente frio. (reprodução - via IMDB)
Um dos filmes de vampiro mais fantásticos dos últimos tempos.
Na Suécia, um garoto chamado Oskar sofre com o distanciamento de seus pais, colegas babacas e ao tentar ser um adolescente normal quando ninguém liga pra ele.
Então, uma nova vizinha muda para o apartamento do lado. Ela é diferente, é gentil, e também está à procura de uma pessoa com quem possa compartilhar a vida.
Aos poucos, Oskar descobre que ela tem mais do que doze anos.
Um filme de monstro que faz você entender a “criatura das trevas” ao mesmo tempo que traumatiza você mostrando do que o monstro é capaz. A cena da piscina é inesquecível, diferente da refilmagem americana. Procure a versão original mesmo!
O CONVITE (2015)
Festinha! (reprodução - via IMDB)
Há traumas que se expressam de maneiras totalmente coerentes. E existem pedaços do passado que voltam para assombrar, e os desdobramentos disso podem criar horrores muito peculiares.
Will é convidado pela ex-mulher a uma festa. Isso pode ser uma maneira de reconstruir pontes com amigos, embora memórias dolorosas estejam sempre à espreita.
Porém, essa não é uma festa comum. Há algo estranho no ar, no jeito que as pessoas estão se comportando. E Will não sabe exatamente onde entrou.
E é uma pena não poder falar mais nada sobre O Convite. Um filme que vai se desembrulhando aos poucos, mas que bate forte quando descobrimos do que se trata.
Uma pérola brilhante da diretora Karyn Kusama, que também dirigiu Garota Infernal, e que está preparando uma nova adaptação de Drácula!
CORRENTE DO MAL (2014)
GAROTA, SAIA DESSE CARRO AGORA. (reprodução - via IMDB)
Jovem é jovem, né? Eles têm suas paixões, suas euforias, seus arrependimentos.
Mas dos anos 80 pra cá, certas coisas ficaram muito mais complexas, em especial no mundo das descobertas sexuais. O “amor livre” encontrou um vírus no meio do caminho, e nada foi o mesmo desde então.
Em Corrente do Mal, um grupo de amigos sofrem de uma maldição sexualmente transmissível. Ela pode vir sob qualquer forma, pode ser invisível. O desatento nunca perceberá ela chegando.
Um filme de baixo orçamento que impressionou muitos gigantes do cinema, começando em grande estilo a carreira de David Robert Mitchell.
GAROTA SOMBRIA CAMINHA PELA NOITE (2014)
Não tenho o que dizer. Este filme é estiloso demais. (reprodução - via IMDB)
A diretora iraniana Ana Lily Amirpour chamou a atenção do mundo com este… Faroeste… De horror… Em Branco e Preto.
Amirpour pode ser um pouco mais conhecida por seu trabalho dirigindo o filme da Netflix Amores Canibais, uma história que envolve amor e canibalismo.
Em seu filme de estreia, no entanto, ela explora a solidão de pessoas abandonadas numa cidade fantasma do Irã, enquanto são caçadas por uma garota com muita fome.
Amirpour não conta as histórias mais tradicionais, mas traz sempre visuais incríveis e um estilo único. Esse, com certeza, é o filme pouco convencional da lista.
AS BOAS MANEIRAS (2017)
Lua vai. Iluminar. Os pensamentos. Delas. (reprodução - via IMDB)
As Boas Maneiras é um filme ousado sobre um romance lésbico. Também é um filme de horror, de sangue, de monstro. Também é um musical. E tem uma ótima sequência animada.
O milagre aqui é que nenhuma dessas partes fica no caminho das outras. Contando com atuações fortes e sinceras de Marjorie Estiano e da portuguesa Isabél Zuaa, a trama se desenrola aos poucos, sem medo de ser ousada, estranha e visceral.
O cinema brasileiro tem a pecha de “fugir do cinema de gênero”, muitas vezes em prol de reivindicações sociais. Ou pelo menos, essa é uma reclamação muito constante.
Mas As Boas Maneiras consegue tratar uma história como ela deve ser: uma história. O bônus de trazer discussões sociais, bem eloquentes para um filme onde vemos sangue e tripas, é um bônus mais do que bem vindo.
Atingir tudo isso fazendo você se apaixonar pelos personagens então, é uma grande façanha. Aplausos aos diretores Marco Dutra e Juliana Rojas.
UM LUGAR SILENCIOSO (2018)
O filme favorito dos bibliotecários. (reprodução - via IMDB)
Depois do sucesso de The Office, John Krasinski decidiu virar ator de Hollywood. E aí quis virar diretor.
Que maneira melhor de começar uma nova carreira do que com um dos filmes mais viscerais e que mais sabem usar o Cinema (com C maiúsculo) em prol de aterrorizar o espectador?
Se você não viu o filme numa sala de cinema, com um som ótimo, você perdeu uma grande experiência. Recomendo que faça um abaixo-assinado para existirem sessões especiais deste filme nas telonas.
Um pai precisa proteger sua família, que inclui uma filha surda e uma esposa grávida, de monstrengos assassinos que escutam o menor ruído a quilômetros de distância. Deixar uma agulha cair significa ser trucidado até a morte.
A esposa de Krasinski, Emily Blunt, entrega uma atuação inesquecível. Tão memorável quanto a cena do prego.
Como esquecer aquela cena do prego. Tenho calafrios até hoje.
E também vale salientar que a atriz que interpreta a filha do casal, Millicent Simmonds, é deficiente auditiva na vida real, e é o coração do filme. Tremenda estreia para ela e para o Jim Halpert!
HEREDITÁRIO (2018)
Essa é uma das cenas mais terríveis dos últimos anos, especialmente se você olhar com atenção. (reprodução - via IMDB)
Hereditário é um filme sobre uma família que perde alguém. E entra numa espiral de desespero. E de dor, de culpa, de trauma. Começam a descobrir que o conceito de “família” nem sempre é um conceito bom. Encontram as feridas uns dos outros e exploram-nas da maneira mais traumatizante e dolorosa.
Hereditário é um filme que trata o espectador de maneira dramática, brutal e sem alívio algum.
Só aí que aparece um demônio cruel para atrapalhar ainda mais a vida da família.
O diretor Ari Aster, que depois faria Midsommar, inicia sua carreira aqui com um filme construído com muita delicadeza e perversidade.
Toni Collete entrega talvez a melhor atuação da carreira como a mãe que começa (talvez, antes mesmo da história do filme) a desistir dessa posição, e não sabe reagir à tragédia.
E é claro, isso abre portas para um hóspede com muito pouca paciência, e muitos planos sinistros.
Destaque também para Milly Shapiro e Alex Wolff, ambos aterrorizados em constante procura de “o que raios está acontecendo”.
Inícios horrorosos
Notou quanta gente dessa lista ou começou a carreira, ou tem um de seus primeiros filmes de grande expressão no gênero de terror, ou alguma variante?
É muito prazeroso aos fãs de horror que filmes como estes apareçam. Eles quebram fórmulas, invertem valores, questionam não só o próprio cinema, mas a sociedade que criou estes diretores.
O planeta todo passou por uma década muito puxada, e agora está terminando dois anos de puro horror. É claro que o cinema vai expressar isso, e quanto mais gente nova chegar com algo a dizer, melhor para nós.
E pior para os pobres personagens desses filmes, que só descobrem o que está à espreita quando é tarde demais.