Vivemos na era dos dados, onde estes são vistos como o novo petróleo. No entanto, existe um grande caminho a ser percorrido, no que tange a realização de intercâmbio de informações através do uso de APIs abertas. Apesar de serem veteranas no mercado de tecnologia, essas interfaces tomaram visibilidade ao destravarem e possibilitarem novos caminhos.
Bruno Diniz, Diretor da América do Sul pela FDATA, conta que o maior exemplo de facilitação de caminhos e novos negócios através do uso de APIs, é o caso do Google Maps. A partir dele, foram criados negócios bilionários, como o Uber e o Airbnb, que fazem uso da informação para entregar uma solução diferente e inovadora ao cliente final.
O Google Maps não é só um bom exemplo de integração entre APIs, como também do uso e implementação da geolocalização. De acordo com Vinicius Grassi, Community Manager & Startups, dentro do universo do Open Banking, é possível validar transações utilizando a localização do usuário. “Quando falamos de localização, não precisa ser apenas a parte física, é possível fazer capturas de geolocalização através de IP”, comenta o especialista.
Fintechs e as fases do mercado financeiro
Apesar de parte desse ecossistema já ter sido desbravado por outros países, ainda existem paradigmas e obstáculos a serem quebrados durante essa evolução da economia. De acordo com Bruno, atualmente, o mercado financeiro pode ser divido em três fases: bundling, unbundling e rebundling.
A primeira fase, conhecida como bundling, ocorreu na época onde os bancos eram detentores dos dados e dos produtos financeiros. Não necessariamente a instituição a qual o usuário se filiava possuía boas ofertas. Assim, o cliente acabava recebendo uma isenção de anuidade, mas estava condicionado a ter um valor mínimo de aplicação, o prendendo na relação.
Com o tempo surgiram as fintechs, sendo que as primeiras mais focadas em determinados produtos. Assim, aquelas que eram focadas na área de investimentos, trouxeram uma melhor experiência em termos de aplicação financeira com baixo custo. De acordo com Bruno, foi nesse instante que o cliente percebeu que não precisava mais consumir diretamente desse pacote bundle.
Desta forma, entrou-se na segunda fase. O mercado caminhou para um ambiente chamado de unbundling, onde houve a fragmentação do mercado financeiro. O cliente passou não só a ser o centro das atenções, mas a ter discricionariedade para escolher o produto financeiro que melhor lhe serve.
“Estamos nos movendo para um cenário chamado de rebundling, onde as fintechs mais focadas em certos produtos, passando a fazer ofertas maiores e a servir seus clientes em outras áreas”, explica Bruno. Na opinião do especialista, é a retomada do modelo antigo com mais conveniência e melhor ofertas e produtos.
Assim sendo, ao invés de refazerem suas estruturas internas, os neobanks passam a integrar. Essa dinâmica, acaba criando modelos de negócios como o Fintech as a service, onde várias fintechs, através de integrações, possibilitam que outros players passem a integrar o ecossistema. Com isso, surgem soluções e mudanças nos modelos de distribuição dos produtos financeiros.
A criação de novas experiências através das APIs
Quando o assunto é Open Banking, ainda existem muitas vertentes a serem exploradas. Leandro Estrada, Gerente de arquitetura do cartão ELO, conta que a operadora já implementou a estrutura de plataformas com APIs aberta, sendo a tabela de BIN (Bank Indentification Number) um exemplo. Estes são os seis primeiros dígitos do cartão do usuário, através dele é possível definir o emissor, o banco e o tipo do cartão.
Ao falarmos de agregação de dados e localização, o BIN, que contém informações valiosas a respeito do consumidor, permite que se obtenham informações como renda mínima para aquisição de um produto atrelado a um emissor. Desta forma, Open Data é combinar todas as informações disponíveis e utilizá-las para desenhar uma estrutura que forneça melhores informações e serviços ao usuário.
“Se um cliente realizar uma compra através de um e-commerce de um eletrodoméstico ou passagem aérea, caso a loja seja um parceiro, em uma consulta é possível reunir informações sobre o cliente que podem melhorar a experiência dele no ato de compra”, relata Leandro.
Este artigo foi escrito por David Ruiz e publicado originalmente em Prensa.li.