Já temos conhecimento da influência do Open Finance no setor financeiro. O sistema atingirá não só as instituições bancárias, como também o setor de crédito, seguros, previdências e o mercado de investimentos.
Nesta palestra, convidamos alguns especialistas para falarem sobre a importância do Open Finance no mercado de investimentos. São eles:
• Carlos Augusto de Oliveira – Diretor da ABBC (Moderador)
• Fábio Farias – CTO na Ideal CTVM
• Cristiano Ayres – CO-CEO na Modalmais
• Iris Sayuri Kazimoto – Product Manager na Easynvest
No encontro promovido, nossos convidados analisaram o quanto o Open Finance se estendeu para alcançar todos os setores que envolviam questões financeiras, até chegar ao mercado de investimentos.
O desafio da indústria de investimentos atualmente
O mundo de investimentos vem ganhando espaço ao longo dos anos, é visível a quantidade de corretoras que ofertam o serviço com alguns diferenciais. Plataformas independentes sugiram no mercado com propostas exclusivas e instituições bancárias abraçaram o mercado de investimentos.
Fábio Farias comenta que, para ele, esse mercado ainda é muito fechado. Apesar do setor de investimento possuir fintechs e empresas que deixam suas APIs expostas, as plataformas são muito verticalizadas.
“Os produtos são muito internos, não temos distribuição de produtos entre as empresas do mercado financeiro. Temos uma concentração muito grande em poucas organizações de investimentos”, diz Fábio.
O Open Finance chega ao mercado de investimentos justamente para alterar este sistema de oligarquias. O sistema permitirá que em 2021 startups consiguam criar uma experiência de usuário que ainda não é possível.
Este ponto é destacado por Fábio, pois ele acredita que estas startups, que sempre pensaram em promover serviços de investimentos tiveram que abrir uma corretora, e seguir padrões de tratamento para manterem-se no mercado,
Com o Open Finance, será possível repensar em plataformas intuitivas que possam conversar com o cliente, e, através das informações disponíveis, as organizações possam ofertar serviços diferenciados.
Desta forma, podemos pensar em um futuro onde o mercado de investimentos abrirá as portas para empresas mais modernas, como fintechs e startups, e que elas possam atuar com mais criatividade alinhadas ao Open Finance.
Mudanças no mercado das plataformas de investimentos
Cristiano Ayres, conta que na Modalmais as mudanças mais perceptíveis começaram a acontecer em 2015, quando a corretora conseguiu desenvolver uma plataforma de serviços. Antes disso, o mercado era mais fechado, entretanto, alterações importantes ocorreram, porém, ainda precisa caminhar ativamente para melhorar o setor.
As diversidades de produtos foram surgindo aos poucos, a Modalmais, por exemplo, começou com a proposta de banco digital, mas não conseguiu fazer funcionar em 2012. Porém, nos últimos anos esta ideia saiu do papel e a corretora expandiu seus negócios.
“Outras plataformas seguiram o mesmo caminho. Podemos ver o Banco Inter que expandiu os negócios para o mercado de investimentos”, diz Cristiano Ayres.
Essa expansão de mercado é positiva, a pandemia de COVID-19 forçou que as organizações trabalhassem em tecnologias, desta forma, o mercado se preparou antes do necessário para receber o Open Finance no ano de 2021.
Outro ponto frisado por Cristiano, é que, ainda por influência da pandemia, as pessoas começaram a procurar meios de fazer dinheiro, e as empresas de investimentos puderam se garantir desta forma.
O perfil dos clientes
Quando olhamos os estudos de raio-x do Banco Central, podemos notar que as pessoas começaram a investir há pouco tempo. Devemos medir em um prazo de 8 anos, e na época, investimentos se resumiam a poupanças e produtos servidos pelas instituições bancárias.
Com o passar dos anos, corretoras e plataformas mais modernas foram surgindo com propostas diferenciadas e começaram a lutar pelos pequenos investidores, na pretensão de democratizar o mercado.
“Hoje podemos ver qualquer pessoa na rua falar sobre investimento. Isto é muito bacana! O mercado de investimentos e o acesso para a população a este conteúdo vem evoluindo nos últimos anos”, comenta Iris Kazimoto.
Irís diz que o ponto para que o mercado de investimentos evolua, está atrelado a educação financeira. Com este conhecimento é possível imaginar o setor se expandindo e permitindo a democratização de produtos entre a população
“As pessoas tinham e tem aquele medo da bolsa de valores, elas a enxergar como algo de risco, isto tem que mudar com a educação financeira”, diz Iris.
O mercado de investimento está em um momento que reconhece a grande caminhada para popularizar o setor entre as pessoas, somente 3% da população brasileira investe atualmente, esta alteração no sistema, vai além do mercado de investimentos.
Entretanto, com o aporte do Open Finance, que também possui como premissa a democratização dos serviços financeiros, é possível acreditar que os usuários terão mais interesse em investir.
Devemos levar em consideração dois pontos para isso. O primeiro está relacionado a necessidade das corretoras, fintechs e startups de usarem a tecnologia e informações ao favor dos clientes, pensando sempre nas suas necessidades.
O segundo ponto é que esta democratização permite que pessoas se sintam mais confortáveis para compartilhar seus dados e possam pensar de modo diferente em relação ao mercado de investimentos visando oportunidades para todas as classes, e que a bolsa de valores não seja visto como algo inseguro.
Quer saber mais sobre o mundo dos investimentos?
Assista a palestra completa com moderação de Carlos Oliveira, e participação de Fábio Farias, Cristiano Ayres e Iris Sayuri.
Este artigo foi escrito por Carlos de Oliveira e publicado originalmente em Prensa.li.