Pandemia muda cenário para profissionais de TI
Pesquisa revelou novas oportunidades na área, aumento de salário e mais mulheres no setor, ainda desigual.
Não é novidade que o trabalho remoto na pandemia acelerou as oportunidades para os profissionais de tecnologia no Brasil. Mas um relatório, publicado pela Revelo, plataforma de tech do mercado de recrutamento, mostrou que quem trabalha da área de TI deixou a região sudeste do País para explorar novos lugares.
E, ainda, passou a ganhar mais, mais tecnólogos entraram na área e mais profissionais preencheram vagas de Full Stack, que lidera com maior número de desenvolvedores.
Só que a desigualdade de gênero ainda é um problema distante de ser resolvido. Apesar do aumento na participação de mulheres no mercado, homens são maioria e dominam o setor.
Confira, a seguir, esse novo cenário para o profissional de tecnologia no Brasil.
Profissionais, em novos lugares
Com a pandemia, trabalhar à distância permitiu ao profissional de TI mudar de Estado. O Relatório de Profissionais de Tecnologia do Brasil revelou que a região Sudeste ainda concentra o maior número desses profissionais, em especial, o Estado de São Paulo.
Mas... algo significativo mudou na pandemia. E foram mudanças para novas regiões. Desenvolvedores deixaram o sudeste (queda de 17,7%) para viver em outras regiões do País. A migração variou de 50% a 42% para outras áreas do Brasil. Confira:
Sudeste: 59,3% (SP 41,1%)
Sul: 15,8%
Nordeste 13,9%
Centro Oeste: 7,9%
Norte: 2,9%
Homens ainda dominam mercado
Quem trabalha na área de tecnologia percebe a desproporção de homens em relação a mulheres. E o relatório confirmou isso! Mostrou que a desigualdade faz parte de todos os setores mas, nas especialidades de Full-stack, Infraestrutura e Back-end, essa diferença é mais presente.
Presta só atenção neste equação que a pesquisa revelou:
10 homens a cada 1 mulher.
Essa é a média! Nas áreas de Mobile e DevOps os números que mostram a desigualdade entre gêneros são ainda maiores.
A representatividade das mulheres é maior em especialidades de Analista de Qualidade, Product Owner e Business Intelligence.
“A identificação de gênero binário dos desenvolvedores é bastante desigual, sendo mais de 87,7% dos desenvolvedores do gênero masculino. Infelizmente, essa desigualdade é um recorte do cenário do mercado brasileiro na área de tecnologia. Apesar do aumento significativo de 60% da participação de mulheres na área, entre 2014 - 2019, de acordo com o levantamento de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), elas ainda representam apenas 12,3% dos profissionais de tecnologia”, segundo relatório.
E, quanto mais tempo e experiência no mercado, a desproporção de mulheres entre os profissionais de tecnologia só aumenta.
Mais tecnólogos na área
A formação dos profissionais de TI também mudou. No mercado, aumentou 7% a participação de tecnólogos e caiu 10% o número de trabalhadores com mestrado e pós-graduação (14,7%).
Só que a maior parte (60%) dos que atuam na área de Tecnologia da Informação possui ensino superior completo (bacharelado, (36,5%) ou é tecnólogo (27,5%). Já a parcela de pessoas com Ensino Médio ou grau de instrução menor é de 5,3% desse total.
O relatório da Revelo ainda apontou os principais cursos de formação dos profissionais de TI:
Tecnologia/Sistemas de Informação/Análise e Desenvolvimento de Sistemas: 34,2%
Ciência da Computação: 27,5%
Engenharia: 24,7%
Administração: 4,6%
Matemática e Estatística: 1,9%
Ciências Econômicas: 1,8%
Comunicação: 1,8%
Ciência e Tecnologia: 1,4%
Direito: 1,1%
Destaque para as formações nas áreas de Comunicação e Direito. Como assim? Pois tem profissionais de humanas na área de TI, sim!
“É interessante notar que cursos de áreas mais abrangentes e não correlatas com a carreira de Desenvolvedor, como Administração, Ciências Econômicas, Comunicação e Direito também são apresentados neste ranking”
Carreira de TI
Dos mais de 33 mil profissionais de tecnologia do Brasil que responderam à pesquisa, a maioria trabalha na área de Full Stack, que lidera com número de desenvolvedores. Confira o ranking:
Full-stack: 30,5%
Back-end: 27,2%
Front-end: 24,2%
Mobile: 3,8%
Business Intelligence: 3,7%
Data Scientist: 2,8%
Product Owner: 1,9%
DevOps: 1,9%
Infraestrutura: 1,8%
Engenheiro de dados: 1,4%
Analista de Qualidade: 0,7%
E ainda: entre as cinco habilidades mais buscadas pelas empresas destaque para Java, Javascript, React. JS, Node.JS e SQL.
Remuneração em alta
O profissional de TI da pandemia também passou a receber maiores salários, principalmente, para as carreias de Engenheiros de Dados, Desenvolvedor Back-End e Devops.
A remuneração, no modelo CLT, aumenta de acordo com a experiência profissional. Os trabalhadores considerados juniores, com até dois anos de mercado, e sem experiência (menos de 1 ano) recebem uma média de R$ 4 mil.
Os classificados no nível pleno (3 a 6 anos de experiência) recebem, em média, entre R$ 6 mil a R$ 8 mil. Já profissionais de nível sênior, a faixa salarial fica acima de R$ 8 mil.
Mas, além dos números, o relatório conclui que a quantidade de juniores em busca de emprego ainda é muito grande. E os profissionais mais experientes, os seniores, partem para carreiras como Product Owner, desenvolvedor Back-end e desenvolvedor Full-stack.
E mesmo com a alta demanda, a procura por profissionais de TI é cada vez maior. As empresas querem ampliar as equipes e acelerar o crescimento de forma rápida.
Este artigo foi escrito por Sandra Riva e publicado originalmente em Prensa.li.