Peaceful Warrior e o aprendizado do controle emocional
A queda e alguém varrendo os cacos de um corpo frágil e inconsistente. Dan Millman acorda de um pesadelo e isso foi tudo o que viu. Sai para respirar em torno das três horas da madrugada e conhece Sócrates em um posto de conveniência. Dan aprende com Sócrates a ter autodomínio, resultado de um exercício constante de transformação da mente.
“Conhecimento não é o mesmo que sabedoria”, dizia Sócrates ao ginasta que vivia com medo do fracasso profissional. Dan era um jovem com autoestima elevada e acreditava saber tudo, mas Sócrates o fez enxergar, por meio de constantes questionamentos, que “a sabedoria está em fazer”.
Ao perguntar ao rapaz “Você é feliz?”, Sócrates o deixa irritado. Dan enumerou vários itens positivos em resposta à pergunta: sucesso financeiro, notas boas na faculdade, amigos e mulheres. Quando Sócrates pergunta: “E se você não entrar na equipe olímpica, o que vai fazer?”, Dan não admite ouvir aquilo. Simplesmente responde "Seu maluco, não preciso de você mexendo com a minha cabeça”.
Este é o início de Peaceful Warrior, filme dirigido por Victor Salva e traz cenas e diálogos para pensar na dinâmica corporal a partir de mudanças de estado da mente. A autoimagem, às vezes, é resultado daquilo que pensam de nós e, nas contaminações indevidas que ocorrem pelo contato com o outro, o real pode ser distorcido. Acatamos o que não é nosso. O resultado? Distorções da própria imagem que podem determinar fracassos no decorrer da vida.
Há uma extensa bibliografia que tem discutido temas relacionados à mente e ao controle emocional, apontando obstáculos e relações de poder que aparecem toda vez que é preciso lidar com a resistência em não aceitar como verdadeiro e definitivo o que os outros pensam de nós. Para isso, ouçamos os conselhos da personagem Sócrates ao jovem Dan:
*Você precisa fazer perguntas melhores
*Eu quero que você pare de ouvir os outros e comece a procurar respostas dentro de você.
*As pessoas não são o que elas pensam
*Aprenda a jogar fora (da mente) o que não precisa
O filme em português tem como título Poder além da vida e contribui para reflexões que colocam a mente e a individualidade como estados de criação. Sócrates propõe a Dan que use a mente e o corpo do modo como precisa e não fazer como a maioria das pessoas que, por não o fazerem, acabam sendo pessoas comuns.
As cenas do filme levam-nos à compreensão de que é preciso esvaziar a mente, jogar fora o lixo mental e ver o que realmente importa. Quando vivemos o aqui e o agora, ficaremos impressionados em ver como seremos bem-sucedidos.
No filme, Dan começa a entender as estratégias adequadas para não desistir de seus objetivos e conquistar tudo, sem idealizações.
Dan aparece em uma das cenas do filme tomando banho e, ao posicionar as mãos como se pegasse a água, nos transmite a ideia de que podemos dominar o mundo. A cena em câmera lenta mostra um homem determinado que começa a aprender a dar ouvidos à própria intuição. Dan assume o controle de si.
A sabedoria de Sócrates se manifesta em um longo processo de fazer o jovem olhar para si mesmo. Leva-se uma vida inteira praticando o ato de ficar maluco, diz Sócrates em uma das cenas. Disso podemos deduzir que, se ficar maluco nos torna lúcidos, que seja bem-vinda esta loucura.
No final do filme, aparece um texto onde se afirma que o jovem ginasta tornou-se escritor de livros inspiradores para muitas pessoas no mundo inteiro. Dan é autor do livro O caminho do Guerreiro Pacífico, o qual serviu de inspiração para o filme aqui analisado.
Peaceful Warrior foi lançado em 2006 e tem no elenco os atores Nick Nolte, Scott Mechlowitz e Amy Smart. O gênero é classificado como: esportes/drama/romance.
Este artigo foi escrito por Rosa Acassia Luizari e publicado originalmente em Prensa.li.