PIX: Cuidado com o golpe
De golpes o mercado está cheio, e sabemos disso, mas o número de pessoas que "caem" neles tem aumentado consideravelmente. Os golpes envolvendo o Pix estão em alta, e o que trouxe mais facilidade ao nosso dia a dia, pode acabar se tornando também, uma grande dor de cabeça.
Portanto muita atenção ao usá-lo, pois apesar de ser rápido, fácil de usar e sem tarifas, o Pix é uma ação praticamente irrevogável, ou seja, uma vez que foi feito, não pode ser desfeito.
Mas o que fazer ao cair em um golpe? Como evitá-los? Vamos descobrir o que é mais indicado nesses casos, mas antes, vamos entender como o Pix funciona.
O que é o PIX
Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco Central (BC) em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. O Pix pode ser realizado a partir de uma conta corrente, poupança ou de pagamentos.
Ele foi criado a fim de aumentar a velocidade nos pagamentos ou transferências que são feitos e recebidos, mas por trás desse simples aumento de velocidade, outras muitas possibilidades podem ser observadas.
Pode-se dizer ainda que o Pix tem o potencial de:
▶️ alavancar a competitividade e a eficiência do mercado;
▶️ baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes;
▶️ incentivar a digitalização do mercado de pagamentos de varejo;
▶️ promover a inclusão financeira;
▶️ preencher uma série de lacunas existentes nas outras formas de pagamentos.
Imagem: Banco Central
Segurança
O Pix, é uma transação financeira totalmente segura e regulamentada pelo BC. Entrou em operação em novembro de 2020 e logo se tornou a maior fonte pagadora do país.
Segundo as palavras do próprio BC, o Pix é prático, rápido e seguro. Mas isso em se tratando dos processos de segurança adotados, pois os golpistas usam da inocência de seus usuários para tirar deles quaisquer quantias.
Todas as operações com o Pix são 100% rastreáveis, o que permite a identificação das contas recebedoras de recursos, caso sejam produtos de fraude/golpe/crime, permitindo a ação mais incisiva da polícia e da Justiça, o que não acontece com saques em caixas eletrônicos, por exemplo.
Porém a "malandragem", sempre dá seu jeito, então vamos abordar os tipos de golpes e como evitá-los.
Golpes com Pix
Os golpes envolvendo Pix são na sua maioria um tipo de Phishing. Onde o golpista consegue enganar o usuário e fazer com que o mesmo faça algum tipo de transferência ou pagamento envolvendo o Pix.
Também é comum o golpe envolvendo perfis hackeados de contas em redes sociais ou do WhatsApp, se fazendo passar por alguma pessoa próxima. Nesses casos, identificar que não é quem você acredita ser, fica mais difícil, pois ela tem acesso às suas conversas.
Assim, o golpista estuda o histórico e aprende a falar com você, como a pessoa que foi clonada. Ela te chama do mesmo jeito, fala de coisas que você conversou com ela recentemente, e principalmente, usa isso para te pedir dinheiro e de preferência por Pix!
Também pode usar o perfil para anunciar a venda de móveis e eletrodomésticos, que geralmente tem o preço lá embaixo. Por confiar na pessoa dona do perfil e pelo apelo do preço chamativo, muitos acabam "comprando" e fazendo pagamento via Pix. Até descobrir que não é real, pode ser tarde.
Posso cancelar o Pix?
Infelizmente, o Pix não pode ser cancelado. Por isso a atenção nesses casos deve ser redobrada. O BC implementou 2 ferramentas para os usuários utilizarem quando perceberem que foram defraudados.
Trata-se do Bloqueio Cautelar e do Mecanismo Especial de Devolução (MED). Contudo, é preciso agir muito rápido! O Bloqueio Preventivo precisa ser acionado dentro de uma janela de tempo de até 30 minutos nos horários entre 6h e 20h, e de uma hora, fora dessa janela, após a realização do Pix.
Quando acionado, o bloqueio "congela" o valor por até 72 horas, período que o banco usa para avaliar a denúncia de fraude.
Já ao acionar o MED, o que deve ser feito por um canal oficial ou pelo próprio aplicativo, o seu banco, irá utilizar a própria estrutura do Pix, para informar ao banco da conta do golpista, a possível fraude e que esses recursos devem ser bloqueados.
Aqui o processo tem 7 dias, onde ambas as instituições farão as avaliações e ambos os envolvidos, poderão apresentar provas de legalidade ou ilegalidade da transação. Sendo constatada a fraude, o dinheiro volta para o pagador.
Atenção: o golpista também recebe informações sobre o caso. E tem mais: Isso não serve para desacordo comercial. Como quando se compra algo e se paga com Pix, mas não gostou do produto, os mecanismos não valem para estes casos.
Independentemente de qual dessas ferramentas escolher, a instituição financeira precisa ser informada de imediato e um boletim de ocorrências deve ser lavrado, pois esses são documentos importantes, que precisará caso haja necessidade de abrir um processo.
Para evitar o golpe
Aqui vão as melhores dicas de quem já viu esses golpes de perto:
➡️ Adotar uma regra simples, pode resolver muitos dos problemas que esses golpes nos causam, que é a seguinte: sempre que o assunto for dinheiro, ligue para tratar. O vigarista não terá como prosseguir e fim de caso.
➡️ Para receber Pix de outras pessoas, é preciso informar a chave sua Pix, e uma das chaves cadastradas pelos bancos é o nosso CPF. Para receber de terceiros e desconhecidos, podemos cadastrar uma chave aleatória.
➡️ Não se apresse a fazer o Pix. "Ninguém vai tirar o pai da forca." Desconfie da "urgência" de quem está pedindo o dinheiro. Antes de mais nada, confirme a identidade da pessoa por outros meios. Ligue para a pessoa, se não conseguir falar, ligue no trabalho, ou para quem precisar, mas não faça nada sem confirmar a sua identidade.
➡️ Você é uma figura pública? Se não, reduza o acesso às suas contas e perfis sociais e aplicativos de mensagens, permitindo apenas pessoas conhecidas. Perfil normal deve ser privado.
➡️ Não concentre os aplicativos de bancos em apenas um aparelho celular. Caso ele seja furtado, ou clonado, estará de mãos atadas quanto às suas contas bancárias.
➡️ Limite o Pix ao valor menor possível para você. Pelo BC, não há limite de transferências pelo Pix, que podem ser de R$0,01 a tudo o que estiver na conta, porém as instituições bancárias podem colocar um valor mínimo e você pode configurar também, um valor máximo.
➡️ Duvide de promoções mirabolantes, descontos monstruosos e brindes fora do normal, oferecidos na internet, com certeza "algo de errado não está certo"!
Imagem: Macrovector - Freepik
Cai no golpe, o que fazer?
Após usar os mecanismos apresentados acima e da abertura do boletim de ocorrências junto a delegacia de polícia ou pelo site, o cliente pode abrir uma contestação administrativa junto ao banco, visando o ressarcimento da transação. Feito isso, o banco tem 10 dias para responder.
Caso o pedido seja negado, o cliente pode registrar uma reclamação junto ao BC e ao Procon. Juntar aos documentos e provas do ocorrido e procurar um advogado especializado nesse tipo de fraude para analisar o seu caso e para que lhe oriente da melhor forma.
A real...
A grande maioria daqueles que são defraudados por meio de transferência Pix, acabam por assumir o prejuízo por vários motivos. Portanto, o melhor remédio é mesmo prevenir. Aproveite essas informações e dicas úteis, e repasse para parentes, amigos, e colegas de trabalho.
Afinal, próxima vítima pode estar ao seu lado!
Este artigo foi escrito por Reinaldo Coelho e publicado originalmente em Prensa.li.