Podcasts True Crime e Justiça Social
No curso de Direito, normalmente passamos 6 meses com uma cadeira chamada “Introdução ao Estudo do Direito” em que perguntamos, diversas vezes, e traçamos hipóteses, do que seria justiça e como alcançá-la.
Justiça é um ideal muito vago, advindo desde os primórdios e antes mesmo do direito. Na Bíblia, no Antigo Testamento, já dizia abertamente que a justiça divina é diferente da justiça humana, contendo versículos de chocar até mesmo os cristãos.
Todavia, com o aumento dos podcasts e de suas influências, esses programas sonoros estão inferindo diretamente em como os órgãos jurídicos julgam os crimes.
Na terra do Kpop, também tem massacre: Serial
Hae Min Lee, uma estudante americana-coreana do ensino médio, desapareceu em 1999 e seu corpo foi encontrado quatro semanas depois. Aparentemente, ela tinha sido estrangulada. Uma fonte anônima afirmou que teria sido o namorado da vítima, Adnan Masud Syed, que foi prontamente intitulado como principal suspeito, e foi denunciado por homicídio. Enquanto o processo rolava, tiveram 2 juris, com o segundo sentenciando-o a 30 anos de prisão.
De 2014, o podcast “Serial” cobre o caso e insere novos contextos, o levando para ares internacionais. O podcast aumentou uma preocupação se Syed realmente teria realizado o delito e, a partir do podcast, foi garantido ao réu um novo julgamento, o qual libertou-o da prisão após 23 anos de encarceramento.
The Teachers Pet
O podcast Australiano conseguiu prender um antigo jogador de rugby de 74 anos pela morte de sua esposa quase 40 anos após o crime. Lynette nunca teve um velório digno, já que seu corpo nunca foi achado. O marido dela negou seu envolvimento com o desaparecimento da vítima. Criado por jornalistas australianos, o podcast narra detalhes do feito. A população se envolveu tanto com o podcast, que o caso foi reaberto por conta do programa de áudio.
'In the Dark', e não é BlackBird
Essa produção americana possui duas temporadas. Apresentada por Madeleine Bara, essa série não era somente uma produção de podcast, mas também uma densa pesquisa jornalística investigativa, a qual mostrava lacunas e novas rotas. A primeira temporada é focada no sequestro e assassinato do menino de 11 anos chamado Jacob Wetterlling, em 1989. A segunda temporada foi sobre um Homem de Mississippi, chamado Curtis Flower, que teve 6 juris por 4 homicídios. Por conta da amplitude do programa, o estado do Mississipi teve que pagar 500 mil dólares ao homem por prendê-lo de forma errônea.
E não poderia faltar o Brasil
Já trouxe aqui na Prensa 2 artigos sobre um caso bem brasileiro e super atual, o podcast A Mulher da Casa Abandonada.
Nele, Margarida Bonetti, uma brasileira que mora em uma mansão decadente num dos bairros mais ricos de São Paulo, foi acusada nos EUA por submeter uma pessoa à condição análoga a escravidão, maus tratos e outros crimes subjacentes. A repercussão foi tão grande que, além de passar nas grandes mídias, o Ministério Público ajuizou uma ação contra os parentes da Margarida, afirmando que ela tinha sido abandonada pelos parentes, e que não detinha condições de viver só.
Bem, a mídia realmente tem uma força exorbitante, como também a população. O problema central é se um desses programas for enviesado e acabar prendendo alguém de forma errônea.
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Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.