Poder Jovem: Como dois milhões de eleitores podem mudar o jogo
Evolução do Eleitorado de 16 e 17 anos. Fonte: TSE/arquivo pessoal
O sufrágio universal é o fundamento da soberania popular previsto no artigo 14 da Constituição Federal. Compreende o direito ao voto e a ser votado independentemente de fatores socioeconômicos, cor, gênero e origem.
O voto é sua expressão material. O exercício do sufrágio se inicia no alistamento eleitoral, que é facultativo a menores de 18 anos. O Tribunal Superior Eleitoral anunciou que mais de dois milhões de novos eleitores, entre 16 e 18 anos, se habilitaram para exercer seu direito na próxima eleição. Um recorde.
No processo eleitoral mais contestado do atual ciclo democrático, que começou em 1985 e se consolidou somente quatro anos depois, é muito significativo que tal contingente de novos eleitores se apresentem.
Segundo as estatísticas do TSE, quase um milhão são jovens de 16 e 17 anos que não tem obrigação de votar. Entretanto, os números ainda podem ser maiores considerando o início do mês de maio, quando ocorreu a data limite para o cadastramento.
Afasta-se com números a opinião habitual de que jovens não se interessam pela política. Muito já se fala a respeito do impacto das campanhas da mídia, TSE, influencers e outras celebridades. Com certeza tiveram seu efeito, mas existe também uma automobilização entre jovens que estimularam outros a participar do jogo democrático.
Não é, porém, o maior número absoluto de eleitores nesta faixa etária. Em 2016, nada menos que 1,9 milhão de eleitores de 16 e 17 anos estavam dispostos a participar do pleito. Depois, a quantidade foi expressivamente menor.
A tendência de alta é retomada num momento de grave crise política e o engajamento confere representatividade ao pleito, que pode ter pela primeira vez uma base eleitoral acima de 150 milhões de cidadãos aptos a votar, dependendo do fechamento dos números finais de cadastramento pelo TSE.
3,5 milhões decidiram eleição
Em 2014, a diferença entre Dilma Roussef, candidata à reeleição, e Aécio Neves foi de apenas 3.459.963 votos ou 3,28%. Somente os 2 milhões de novos eleitores entre 16 e 18 anos representam 57% dessa diferença que deu a vitória a então presidente. Em caso de disputa acirrada, os novos eleitores podem definir quem exercerá os cargos majoritários. Nas eleições proporcionais, alteram tanto o quociente eleitoral quanto o partidário.
Por essas razões, penso que os marqueteiros e assessores próximos aos postulantes já devem estar pensando na estratégia para aumentar o impacto de campanhas para esse público. Imagino as preocupações de um jovem hoje devam ser emprego, educação, segurança e saúde.
Obviamente, não necessariamente nessa ordem que é variável de acordo com os acontecimentos da vida nacional. Fica a dica – de graça – para os profissionais que recebem na casa de dezenas de milhões de reais por campanha.
E caprichem, pois como estamos na geração pós-millenials ou geração Z, a qual veio já no boom da sociedade de informação dos últimos 20 anos, é bem provável que não engulam qualquer coisa.
Reforço Democrático
Ninguém entra em jogo jogado. Quem está vindo agora com absoluta certeza pensa fazer a diferença e valoriza o comparecimento às urnas. É um exemplo para os veteranos de eleição que pensam em não votar, seja pela abstenção ou pelo voto nulo ou branco. É inexplicável a obrigatoriedade legal do voto, mas a obrigação do exercício da cidadania é antes com a sociedade que com o Estado.
Sejam benvindos e em comum com os demais cidadãos projetem um futuro melhor e maior para o país. Outras gerações sobrepujarão a que hoje se apresenta para esta eleição. E que
seja em quantidade e conhecimento. Para isso, no entanto, é fundamental o papel dos jovens de hoje, principalmente os conscientes de seu poder e importância.
Então, às urnas!
Este artigo foi escrito por Renato Assef e publicado originalmente em Prensa.li.