Pontos que não são traçados: por que não podemos falar de maturidade editorial no Brasil?
Alguns paralelos têm sido feitos sobre antigos e atuais conflitos. É possível nos deparar com artigos de opinião traçando paralelos do que aconteceu no início do século entre os Estados Unidos bombardeando o Iraque e a atual invasão da Ucrânia pela Rússia, sob a tutela do presidente Vladimir Putin.
Uma das clivagens existentes entre esses dois acontecimentos - separados também por décadas e por maneiras que a imprensa norteamericana e brasileira fizeram - é que o presidente russo falar que busca desnazificar a Ucrânia encontra aconchego na realidade material.
Enquanto os Estados Unidos até os dias atuais tentam provar que Sadam Hussein estava fabricando, nos confins do Iraque, armas de destruição em massa, os neonazistas saíram as ruas e colocaram seu discurso como forma de legitimação política na Ucrânia e isso é um fato.
Paralelos também podemos traçar com a realidade brasileira. Desestabilidade política e econômica provocada por interesses escusos inflamaram a população para ir as ruas e pedir a renúncia da pessoa que estava como chefe de estado.
Você por acaso já ouviu falar dos neocons? São os políticos e estrategistas neoconservadores que atuaram avidamente depois dos ataques às Torres Gêmeas em 2001. É de impressionar que, consensualmente, grandes emissoras de televisão no mundo sejam uníssonas ao defender os interesses da ala conservadora e militarista americana.
Não há contraponto ao absurdo, estamos falando da validade em traçar mais paralelos aos acontecidos nos últimos anos. Mas pluralidade de opinião é o que não se vê. No entanto vemos o uso de fakenews para exemplificar os horrores de uma guerra que não deveria ter começado.
Pessoas estão morrendo e a necessidade de checar a veracidade dos acontecimentos é tão importante quanto a contextualização geopolítica de forma crítica. Se uma guerra se faz não só com bombas, mas com informação falsa expondo só um lado da história, está na hora da imprensa brasileira mostrar que aprendeu alguma coisa com a história.
Em tempos de fakenews, no qual se busca apurar e mostrar a complexidade dos fatos, precisamos falar de maturidade editorial, coisa que os meios de comunicação ainda demonstram serem capazes de aprender.
Para ir além das narrativas deliberadamente criadas em defesa dos interesses neoconservadores, precisamos questionar o papel da imprensa sem perder de vista a crítica aos principais fatores causadores de uma guerra em tempos que pensaríamos sair de uma pandemia como uma humanidade minimamente evoluída.
Este artigo foi escrito por João Ernesto e publicado originalmente em Prensa.li.