Por mais difícil as notícias, há esperança
esperança: sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; fé.
São anos difíceis, confesso que mal consigo processar todas essas dores pessoais nos últimos tempos. Até imagino não estar só nesse caminho, afinal, como buscamos nos fortalecer, enquanto existe a dor comunitária? Como pedir ajuda, uma vez que todos a pedem neste momento?
Já são 48 milhões de brasileiros em condições de pobreza, dentre elas 11 milhões apenas ao longo de 2021. Isso equivale a um município inteiro de São Paulo, ou até mesmo toda a população de Portugal. Entre as crianças e adolescentes, esse número cresce e muito: são 19 milhões de menores de idade nesta linha da pobreza.
Recentemente, li tweets comentando sobre o problema econômico já afetar na alimentação nossa de cada dia, o que escancara esse retrato. Também escancara ler sobre as crianças que até chegam a ligar para a polícia para pedir ajuda às suas famílias, para poder ter um prato de comida e a família poder se alimentar - o almoço e a janta, que é um dos combustíveis essenciais do povo. O Brasil, hoje, é um dos maiores produtores alimentícios do mundo, mas seu povo não está conseguindo se alimentar adequadamente.
A alimentação inadequada, aliás, chegou aos supermercados e atacarejos com subprodutos com baixo teor nutricional, como é o caso do leite e da carne: produtos compostos por essas sobras estão sendo vendidas, à preços acessíveis - o que era para ser algo inimaginável - e nutricionistas alertam que esses são os fatores centrais para um fenômeno chamado nutricídio: a troca de uma alimentação saudável pela de menor custo, devido aos fatores financeiros.
Esse retrato não é inédito, fui criança nos anos 90 e havia esse quadro de pobreza também. E ela não poupa ninguém: especialmente as mães e os filhos, como contei em meu post anterior. Dor esta que a gente vê, mas não sabe como lidar, como ajudar, de tantas dores que há em nosso cotidiano. Mas, vou aqui lhes falar de um exemplo de gentileza e boa vontade, que vi graças a uma situação que aconteceu comigo.
A gentileza da equipe do Méqui
Na última sexta (29), estava trabalhando, me empenhando nas funções e tarefas, e fui pedir um lanche do McDonald's da cidade onde moro para almoçar. Recebi do entregador e o copo (que é de papel) estava entornando em toda a sacola. Precisava fazer a solicitação de troca no aplicativo, mas meus pais foram me acompanhando até a unidade do Méqui e fomos muito bem recebidos e atendidos pela equipe.
Na porta do local, haviam crianças que estavam pedindo por um lanche para almoçar e, prontamente, o gerente geral da região foi atendê-las, conversou com elas, as reuniram e serviram os lanches. Alí, eu vi com meus olhos, a prática dos ensinamentos sobre a gentileza, a união, a boa vontade, e isso é muito diferente daquelas cenas tristes que ainda são contadas nos noticiários.
Não gravei fotos ou nomes, mas guardo e compartilho essa memória com vocês, parabenizando essa equipe que foi gentil até com os mais necessitados. São ações como estas que a gente precisa praticar, afinal, independente da crença e do ensino, é a prática que nos ajuda a progredir em escrever as nossas histórias pelos meios da virtude.
Este artigo foi escrito por Camila L. Oliveira e publicado originalmente em Prensa.li.