Por que artistas morrem cedo?
Elvis Presley, Amy Winehouse, Michael Jackson são exemplos de artistas que morreram muito cedo. Certa vez, quando eu fazia universidade, um amigo, que cursava engenharia, me fez uma pergunta curiosa:
“Por que vocês, das ciências humanas (Comunicação, Música, Design, Literatura, Letras...), normalmente morrem cedo e nós de exatas (Física, Química, Matemática, Estatística, Ciência Da Computação...) vivemos muito mais? Você já ouviu falar de um matemático que morreu de overdose?”
De fato, nunca ouvi falar de um matemático ou de um físico que tenha morrido de overdose. Naquele momento eu não soube responder à pergunta e ela me perseguiu durante um bom tempo. Hoje, passados tantos anos, acredito que os artistas, entre outros da área de humanas, possuem uma visão de mundo muito diferente do pessoal de exatas.
Exemplo: a maioria das pessoas de humanas que conheci normalmente não liga para dinheiro. Em humanas dois mais dois não são quatro; podem ser cinco, três, quatro e meio etc.
São indivíduos que carregam dentro de si uma completa incompreensão da violência, das desigualdades sociais e econômicas, dos diferentes destinos de cada ser humano e absorvem e sofrem com tudo isso, pois possuem uma sensibilidade que o pessoal de exatas quase sempre não tem.
São pessoas muito intensas. Não entendem como pode haver tanta injustiça e tanta mediocridade no mundo, se espantam com a indiferença entre os semelhantes e na maioria das vezes não veem sentido algum na vida.
Acredito que muitos artistas se iniciam nas drogas e na bebida fugindo da inexplicável realidade da vida, que para eles é terrível, um monstro que os persegue quando estão sóbrios. Eles querem literalmente sair desse mundo desequilibrado, transcender a mesmice do dia a dia. Muitos, como Amy Winehouse e Michael Jackson, por exemplo, pareciam ser extremamente infelizes, pois ao que parece não se adequavam a esse mundo em que vivemos.
Penso que é isso. Os artistas não morrem cedo. Eles apenas se libertam.
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.