Por que as startups têm demitido tantos colaboradores?
O que pareciam casos isolados de demissão de colaboradores de startups no Brasil têm se revelado uma onda de demissões que já dão medo aos trabalhadores que atuam nesse setor. A Empiricus, por exemplo, informou no dia 6 de junho o corte de 12% do quadro de funcionários. Já a Facily demitiu entre 200 e 400 funcionários dentro de um plano de reestruturação.
A pergunta que não quer calar é por que as startups têm demitido tantos profissionais atualmente em todo o mundo. Esse texto aponta alguns fatores que podem responder a esse questionamento para que possamos compreender melhor o contexto dessas empresas em 2022.
Primeiramente, destaco a definição de startup que, segundo o Sebrae, é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.
Em busca da “eficiência”
Em busca da eficiência, que aqui pode ser definida como ter o máximo de lucro com o mínimo de pessoal, muitas startups têm enxugado a quantidade de trabalhadores. Ao pesquisar o tema para esse artigo, encontrei como explicação que, como captar recursos com investidores ficou mais caro e mais difícil, as startups estão controlando a queima de caixa e colocando rentabilidade como objetivo primordial.
No QuintoAndar, por exemplo, as demissões foram de cerca de 200 pessoas, segundo números oficiais da empresa, o que representa cerca de 4% do quadro de funcionários. Vale ressaltar que os dados desse texto são das próprias startups e outros são estimativas, já que algumas dessas empresas anunciaram os cortes sem trazer informações do número de pessoas demitidas.
Inflação e aumento de juros
Com o expressivo aumento da inflação neste ano, uma alternativa utilizada por governos em todo o mundo para conter o problema foi elevar a taxa de juros. Para quem não sabe, a elevação dos juros dificulta o crescimento econômico, mas incentiva investidores a colocarem os recursos em renda fixa. Afinal, a renda fixa paga agora tão bem como a renda variável, tendo como vantagem a segurança frente às instabilidades trazidas pela crise causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Como muitos investidores têm preferido investir dinheiro na renda fixa, o mercado de tecnologia tem um cenário de dificuldades para captar recursos e ainda sofre com a diminuição do consumo por parte dos clientes, isto é, com a redução do lucro. Por essa razão, essas empresas agora têm que recorrer a reorganizações ou mudanças de prioridades, que é como elas chamam os processos de demissões que assustam trabalhadores que atuam nelas.
Novos rumos
Com o fim da oferta de crédito fácil, o que possibilitou um crescimento rápido dessas empresas, a ideia das startups agora parece ser se concentrar na sua atividade principal. O objetivo é garantir a consolidação das atividades do negócio e dar vida longa a essas empresas. Para que isso se concretize, as empresas têm se preocupado menos com a ideia da expansão, tendo em vista que isso gera altos custos com novas equipes.
Nesse processo, algumas startups inclusive têm deixado as operações em alguns países para se concentrar somente nos lugares em que admitem ter maior lucratividade. Ao que tudo indica, menos se tornou mais para essas companhias nessa nova fase das operações
Universo da tecnologia
Embora estejamos inseridos em um cenário de dificuldade econômica que atinge até empresas novas e disruptivas como as startups, o clima não deve aterrorizar você que pretende trabalhar na área de tecnologia. Afinal, o mercado tende a se recuperar e demandar novamente mais profissionais. Isso sem contar que a oferta de novas tecnologias é um cenário sem volta e que deve avançar ainda mais em todo o mundo, o que faz com que trabalhadores que atuam com programação, redação web, UX, desenvolvimento e copywriting, por exemplo, sejam sempre cobiçados.
Por isso, esse texto tem o intuito de explicar sobre o fenômeno dessas demissões para que você compreenda o contexto dessas empresas e possa estar preparado inclusive para atuar como autônomo caso isso afete você direta ou indiretamente.
Este artigo foi escrito por Caroline Brito e publicado originalmente em Prensa.li.