Por que ler os clássicos?
Recentemente, após uma manhã de segunda organizando e limpando meu armário, onde também guardo minha pequena “biblioteca particular”, resolvi pegar uma das obras, Lucíola, do excelentíssimo José de Alencar, escritor e político brasileiro pioneiro no romantismo nacional e patrono da cadeira de Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras.
José de Alencar possui obras como Iracema, O Guarani, O Gaúcho e muitas outras que refletem de maneira crítica as sociedades da época. Mas voltemos ao assunto. Por que ler os clássicos?
Atemporais
As obras clássicas abordam temas que são discutidos desde os primórdios da busca pelo conhecimento da humanidade, tais como amor, vida e morte. Porém muito mais do que os temas universais, os clássicos, como os de José de Alencar, por exemplo, representam uma visão da sociedade da época e servem como referência histórica para muitos momentos de uma nação.
Em muitas obras da literatura brasileira é possível transitar entre os barões do café de São Paulo e a vida boêmia do carioca.
Além disso, obras clássicas como dos autores Machado de Assis e Dostoiévski entregam uma precisão ao abordar os sentimentos humanos, trazendo conflitos, mostrando o quão complexo somos. São também representações da realidade por uma ótica diferente, como 1984, de George Orwell, que é uma crítica aos regimes totalitários, ou Admirável Mundo Novo, que mostra uma sociedade hedonista e separada por castas.
Desafiam mesmo os melhores leitores
Os grandes livros clássicos, muitas vezes possuem uma gramática mais rebuscada, cheia de pequenos detalhes, metáforas, palavras de grande complexidade. Essa riqueza em cada linha é um desafio, de fato. Mas esse contato com o diferente te enriquece, você ganha vocabulário, vê as coisas com novos pensamentos.
Fora todo esse desafio, um bom livro te faz refletir por dias, às vezes anos. Isso quando você não decide reler a mesma obra e acaba mudando totalmente a opinião que você tinha da última vez.
Por fim, acaba sendo mais um assunto na mesa do bar…
Já que boa parte das obras serviram de referência para muitas outras, livros, filmes ou séries. Por exemplo, você sabia que aquele clássico da sessão da tarde “10 coisas que eu odeio em você” tem uma clara inspiração em “A Megera Domada” de Shakespeare? O que “Rei Leão” é baseado em “Hamlet”?
Aliás, o que não falta na cultura pop são referências às obras do inglês. Você sabia, inclusive, que muitas palavras do Inglês foram inventadas pelo escritor e dramaturgo? O “Bardo de Avon” inventou expressões como:
Dishearten (sem coração), em Henrique V;
Assassination (assassinato), em Macbeth;
Addiction (vício), em Otelo;
Unreal (irreal), em Macbeth;
What’s done is done (o que está feito, está feito), em Macbeth;
Viu só quantos assuntos consegui emendar em sequência apenas ao falar sobre clássicos de Shakespeare?
So, for goodness sake, pegue um clássico e aproveite!
Este artigo foi escrito por Matheus Thomaz Rossi e publicado originalmente em Prensa.li.