Por que não vacinar as crianças?
Se você foi criança nos anos 1980 e 1990 deve se lembrar das inúmeras vacinas e do famoso Zé Gotinha cantando a importância da vacinação contra doenças. De uns tempos para cá essa realidade vem mudando e muitos pais começaram a repensar a possibilidade de vacinar seus filhos.
A elaboração de vacinas contra o covid-19 durante a pandemia iniciada em 2020 levantou um longo e árduo debate sobre a necessidade de vacinar ou não as crianças. Essa discussão não ganhou somente as redes sociais, como também é um embate entre o governo federal brasileiro e a comunidade científica.
Vacina para crianças
Em novembro de 2021, a farmacêutica Pfizer anunciou que os testes de vacinação em crianças na faixa etária de 5 a 11 anos apresentou 90% de eficácia contra o coronavírus. Antes mesmo de pedir autorização para aplicação da vacina neste grupo, inúmeras questões foram levantadas sobre a segurança e necessidade de vacinar crianças.
Vale lembrar que no início da contaminação em massa, foi descoberto que crianças possuem maior resistência e menor risco de transmissão se comparados aos idosos e pessoas imunossuprimidas, principais vítimas do vírus. A vacinação, que teve início em janeiro de 2021, tinha como objetivo vacinar maiores de 18 anos, a começar pelos idosos. Isso porque ainda não havia resultados acerca da vacinação em menores de idade, devido a fase de testes em andamento.
Um ano depois dos primeiros vacinados no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autoriza a aplicação em crianças. É aí que se iniciam os desentendimentos entre a presidência e a Anvisa.
Por que não vacinar as crianças?
Em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais no dia 6 de janeiro de 2022, o presidente Jair Bolsonaro questionou a necessidade de vacinar crianças quando há baixa taxa de infecção neste grupo. Segundo o ministério da saúde, foram cerca de 311 contaminados menores de 11 anos de idade.
Embora o número seja relativamente baixo quando comparado aos adultos, ainda há alto risco de contaminação, transmissão e morte de crianças não vacinadas. A vacina tem como objetivo diminuir os sintomas e gravidade na ação do vírus.
Pesquisadores da saúde afirmam que declarações como a de Bolsonaro, que afirmou ainda não ter pretensão de vacinar sua filha de 11 anos, são um desestímulo aos pais na adesão pela vacina.
É importante lembrar que com a pandemia caiu o número de vacinados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em outras doenças, como sarampo e febre amarela. Segundo dados da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e OMS (Organização Mundial da Saúde), 17 milhões de crianças no mundo não receberam nenhuma vacina no ano de 2020, enquanto 23 milhões perderam alguma vacina vital.
Vacinar é um ato de valorização da vida e um direito de todos, sobretudo das crianças. Os efeitos adversos são leves e a eficácia quase total. É necessário pensar no coletivo quando falamos de vacina.
Este artigo foi escrito por Amanda Casado e publicado originalmente em Prensa.li.