Por que o dólar está caindo?
Imagem: Nathan Dumlao/Unsplah
Está um pouco mais fácil pôr uma dessas no bolso, mas nem tudo são flores.
O dólar está abaixo dos 5 reais desde 21 de março. Só em junho do ano passado a marca havia sido atingida pela última vez, quando a moeda chegou a R$ 4,97 (contra menos de R$ 4,80 agora). Como é praxe, a taxa de juros e as commodities estão por trás disso. Mas, dessa vez, a notícia não é promessa de vacas gordas.
A taxa de juros quase sempre está envolvida nas mudanças do câmbio. Isso porque é a famosa taxa Selic quem fixa os prêmios pagos por títulos públicos – as aplicações preferidas de estrangeiros.
Com a Selic a 10,75% ao ano (maior valor desde 2017) – enquanto taxas de países como os EUA seguem próximas de zero – muitos gringos resolveram investir aqui.
Os estrangeiros esperam que nossos juros subam ao patamar pré-pandemia antes do resto do mundo. Assim, muitos trazem dólares querendo comprar títulos em reais: a demanda pela nossa moeda sobe, a oferta da divisa americana também, e o dólar fica mais barato.
As commodities, que no Brasil vêm principalmente da agropecuária e que são o cerne das nossas exportações, também têm seu papel na flutuação cambial. O preço desses bens, em dólar, subiu 13,5% desde o fim do ano passado (dados da FGV). Isso faz com que mais dólares cheguem aqui como pagamento pelas exportações. Os produtores, que gastam em real, trocam mais moeda. O dólar cai.
O problema aqui é que não houve um grande acerto: coincidências levaram o real a se valorizar, e tudo indica que a sorte está acabando. Com a guerra na Ucrânia, os investidores tendem a buscar mercados mais seguros, como os EUA, encarecendo o dólar mundialmente. Ao mesmo tempo, outros países devem voltar a subir suas taxas de juros, diminuindo a atratividade do Brasil. Com isso (e a ameaça de uma guerra nuclear), é melhor adiar um pouco mais a viagem à Disney.
Este artigo foi escrito por Diogo Leite e publicado originalmente em Prensa.li.