Por que o Instagram quer imitar o TikTok?
Vendo uma notícia que o CEO do Meta desistiu de mudanças no Instagram – no portal do Meio & Mensagem – onde se entendeu que o TikTok, rede social chinesa, tenha conquistado adeptos por causa do formato. Os norte-americanos não entenderam – ou não perceberam – que a questão do formato não tem muita significância na adesão das redes sociais. Poderíamos usar o exemplo do Google, que em 2014, acabou com o Orkut e começou a vincular o Google+ e foi um fracasso. Tanto é, que a Google, acabou com a rede e não mais investiu na área.
Primeiro, as pessoas querem muito colocar cada coisa em uma espécie de “gavetinha”, principalmente, sociedade ocidental (cartesiana). Como dizer que tiktok é para vídeos, Instagram é para fotos, Twitter é para interações rápidas, blogs para textos etc. O filósofo Michel Foucault, em sua obra A História da Loucura, diz que a questão de separar sempre foi uma questão moderna da produtividade enquanto ser atuante dentro da realidade, mas, por outro lado, eram meios de encontrar mão-de-obra barata dentro de instituições que tinham o conceito, que a loucura era um sintoma da preguiça.
Os tempos são outros e as dinâmicas são outras, mas, essa coisa de produzir é muito forte em nós e constrói um ser escravo de um conceito que sempre faz ele querer ser algo, ser o vencedor, o herói mitológico que venceu e é lembrado. Então, pouco importa o formato da coisa e sim, qual a dinâmica que as redes tem e como usar essas redes, como interação com o outro enquanto produzir pequenos “mitos” e narrativas. Daí, podemos até ir mais além, porque as pessoas acham – ou venderam essa ideia – que uma Luísa Sonza ou uma Maisa, ir na Grécia ou ir numa balada, tem o mesmo impacto que a pessoa ir numa balada qualquer.
As novas tecnologias ao mesmo tempo, deram ao grande publico uma sensação de liberdade (que não seria concreta), por outro lado, se começou ser reféns de iniciativas afirmativas de fazerem o que o publico queiram. São escravos de estatísticas que podem errar, ou podem ser apenas, um aumento no momento que o publico não aceita. Pois, não se acabou o Orkut por causa do formato dele e sim, imposições que deixavam a plataforma chata e de um formato obscuro onde poucos interagiam. Na verdade, o Orkut nunca parou, mas, a Google como empresa, queria concorrer com o Facebook de igualdade e perdeu. Eu sempre aprendi que o capitalismo é isso.
Ora, o que acontece é que nos acostumamos com as hegemonias que conquistamos e nunca assumimos que erramos. Os norte-americanos deveriam aprender que o seu produto é esse, vai ter pessoas que vão gostar e outros que não, porque o mercado não tem só a ver com tendencias e sim, com gostos e preferencias. Uns vão gostar das feeds do Facebook, outros vão gostar das do TikTok e é assim. O problema é obrigar as pessoas consumirem aquilo que não querem, dai, sempre vai acontecer o que aconteceu com o Orkut e a Google.
Este artigo foi escrito por Amauri Nolasco Sanches Junior e publicado originalmente em Prensa.li.