Porque amo corridas de Fórmula 1
Hoje eu estava aqui em casa cedinho fazendo as minhas atividades no computador e quando me dei conta estava assobiando baixinho a música das vitórias do Ayrton Senna, Tchan, Tchan, Tchan ... Tchan, Tchan, Tchan ... linda! Que saudades! Que vitórias! Que alegria! As manhãs de domingo já não são as mesmas, né? Como eu gostava daquilo! Lavava a Alma e nem era a Lava Jato, era brasileiro puro, o “cara” saltando do cockpit, bandeira brasileira na mão, sanguíneo! Meu universo.
Meu universo, comecei a lembrar como comecei a gostar, me apaixonar por aquilo.
Tudo começou em 68 ou 69, não sei direito quando fui assistir a um filme no cinema, vocês lembram que ainda existem cinemas, não? Bem, foi em Santos, Cine Brasília, som estereofônico, 70 mm, meu pai, Carlos Aécio Hernandez Bailão, Arquiteto, tinha construído aquele cinema, é, mas, o filme, “Gran Prix”, fantástico, ainda hoje assisto e fico fascinado, mostrava com todos os requintes de emoção, as imagens, o estrondoso som de escapamentos de F1, que hoje andam meio abafados, as disputas, as intrigas, os heróis que não morriam de overdose, mas por se doarem ao máximo à emoção viciante do esporte.
Poucos dias depois, eu passava por uma banca de jornais, talvez vocês tenham se esquecido que elas existiam, e tinha uma revista “4 Rodas” que a capa se dedicava ao primeiro teste que um brasileiro fazia na Fórmula 1, Emerson Fittipaldi, na Lotus 49C que teria sido de Jim Clark, assessorado por ninguém menos que Colin Chapman.
Aquilo me elevou aos céus, era aquilo que eu queria para a minha vida, a partir daquele momento consumi tudo que se publicava sobre, não pude seguir o meu sonho, mas segui a carreira desses pilotos em tudo que faziam, outro dia, na rua, tive a oportunidade de encontrar e falar isso para o Wilsinho, que alegria! E eu já tinha mais de 50 anos! Dá para imaginar? Pois é, foi assim que começou esse meu assobio despretensioso.
Também me veio à mente que por causa de mudanças comerciais, os meios de comunicação jogam fora as emoções que cultivamos e nos deixam muitas saudades, mudou a emissora de televisão, a equipe até continua a mesma, mas falta a música Tchan, Tchan, Tchan ... Tchan, Tchan, Tchan, isso é um pecado, ficou tudo para atrás, esquecido? Não no meu coração.
Esse ano vamos ter F1 aqui em São Paulo de novo, não pode ser em outro lugar no Brasil, mas precisamos protestar, para não nos fazermos esquecer as emoções que nos fizeram sonhar muitas e muitas vezes e também pela falta de um nome brasileiro no grid, enquanto ficamos assistindo um desfile de uma maioria de “cabeças de bagre”, com só um ou dois na ponta, fazendo uma procissão de carrinhos coloridos dando voltas nas pistas, precisamos de um maluco brasileiro beleza, saltando novamente do carro empunhando a nossa bandeira brasileira, com o hino da vitória que nunca vamos esquecer, Tchan, Tchan, Tchan ... Tchan, Tchan, Tchan.
Este artigo foi escrito por Maurício Bailão e publicado originalmente em Prensa.li.