Próxima Parada: Lar Doce Lar
Fofinhos, perigosos e intrépidos | Divulgação: Netflix/Reel FX
As plataformas de streaming deram um impulso gigantesco à produção de animação. No “antigo” circuito éramos restritos à produções da Disney, Dreamworks, Blue Sky e Sony Animation. Eventualmente, alguma coisa vinha da Europa, como as animações de Asterix ou a interessante produção espanhola As Aventuras de Tadeo. Sem falar nas animações cult do Estúdio Ghibli, do Japão.
Com a popularização da distribuição on demand, o espaço para os desenhos se ampliou. Produções brasileiras, argentinas, e principalmente chinesas, têm aparecido cada vez com mais frequência nos catálogos de infantil das plataformas, nos mostrando culturas e diversidades que não estávamos esperando.
Este é o caso da divertida animação Back to Outback, que aqui recebeu o complicado título Próxima Parada: Lar Doce Lar. A animação australiana vem fazendo sucesso dentro da Netflix desde o final de 2021. Outback, ao contrário do que sua mente faminta possa pensar, não se trata daquela rede de restaurantes com sabores exóticos, mas sim uma imensa zona desértica da Austrália, terra original dos aborígenes e de uma incrível gama de espécies animais.
Se quiser saber um pouquinho além do que vai ler aqui, recomendo assistir a um teaser disponível na internet, que não revela nada, mas é muito bom, e um trailer que já mostra um pouquinho da vibe da história.
Fama de mau
O filme acompanha a vida de uma serpente, uma aranha, um lagarto e um escorpião, exibidos em shows num zoológico, apresentados como os animais mais venenosos e perigosos do mundo, causando medo sobretudo nas crianças que visitam o local. Cansados dessa vida onde sofrem preconceito, resolvem fugir para sua terra natal, o Outback em questão. Na fuga, são vistos por um coala, mascote do parque, que acabam levando junto, para que não os denuncie.
Uma fuga sem limites pelo interior australiano | Imagens: Netflix / Reel FX
Com o andamento do filme, conhecemos bem a personalidade de cada um: Maddie, uma serpente Taipan, afastada de sua família antes de nascer, sonha voltar para casa; Frank, uma aranha-teia-de-funil, anseia por encontrar uma parceira; Zoe, uma lagarto-de-chifres, é a rainha dos planos e estratégias; Nigel, um escorpião anão, é extremamente sensível e tem um profundo senso estético. E Pelúcio, o coala, tem a mesma proporção de fofura e egoísmo, fazendo de tudo para atrapalhar os planos do grupo.
Durante a fuga, o grupo conhece uma organização secreta dirigida e mantida por animais, com ramificações por todo o país, entrando em ação sempre que necessário para protegê-los.
Perseguição implacável
Eles não contam, porém, com a ação de Chaz Hunter, um naturalista que comanda o parque e tem seu próprio programa de TV. Se você lembrou do também australiano Steve Irwin, que teve sua carreira abreviada após uma ferroada fatal de uma arraia, não é coincidência.
Impelido por seu filho, Chazzie, que vê o pai como um herói invencível, o naturalista empreende uma caçada sem precedentes aos animais fugitivos. Há sequências de ação extrema e gags alucinantes, com a participação ativa de boa parte da bizarra fauna da Oceania. O questionamento filosófico de um ornitorrinco, ou um grupo de Diabos da Tasmânia “em férias” rende boas risadas.
O “herói” Chaz e seus métodos levemente exagerados | Imagens: Netflix / Reel FX
Duas personagens coadjuvantes merecem destaque: a crocodilo do mar Jackie (que trata a todos com instinto maternal, e tem uma importância capital no roteiro) e a agente Jacinta, uma tubarão branco confusa e tímida. A sequência dos sapos apaixonados também é ótima.
Como em dezenas de outras animações disponíveis, Próxima Parada: Lar Doce Lar é feita sob medida para agradar o público infantil, porém a maioria das piadas funciona mesmo é com os adultos.
Parcerias de sucesso
O filme é uma coprodução da Netflix Australia com o Reel FX Animation Studios, que além de projetos próprios, também realiza diversas parcerias. De lá saíram grandes sucessos como Festa no Céu (The Book of Life, produção de Guillermo Del Toro), Scooby-Doo (o longa mais recente), Bons de Bico (Free Birds) e a mais recente série de animação dos Looney Tunes.
Além de toda a comédia e aventura, o filme traz uma bela mensagem sobre empatia, e tolerância, além de nos fazer pensar nas diferenças do que é ser e parecer, nos mais diversos níveis.
A diretora Clare Knight tem uma longa carreira como editora na Dreamworks, desde os clássicos O Príncipe do Egito e Spirit. No seu currículo estão as franquias Madagascar, Kung Fu Panda e também Uma Aventura Lego 2, pela Warner.
Próxima Parada: Lar Doce Lar, ou se preferir, Back to Outback está disponível na Netflix e vale muito a pena ser conferida.
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.