Quais são as etapas de um planejamento financeiro e os seus benefícios?
Segundo a S&P Ratings Services Global Financial Literacy Survey (Pesquisa Global de Educação Financeira da divisão de ratings e pesquisas da Standard & Poor’s), o Brasil está na 74ª posição, atrás de alguns dos países mais pobres do mundo como Madagascar, Togo e Zimbábue.
Este é um dos mais extensos estudos já realizados sobre educação financeira no mundo e a pesquisa investigou se os entrevistados de cada país dominavam quatro conceitos financeiros básicos: aritmética, diversificação de risco, inflação e juros compostos.
Para medir o nível de conhecimento nesses tópicos, foram realizadas cinco perguntas que não abordam assuntos relacionados ao contexto socioeconômico de cada país, as taxas de juros cobradas em cada lugar ou aos mercados financeiros locais.
Uma maior educação financeira pode levar à ampliação da inclusão da população no sistema financeiro, entretanto, pelo fato do mercado financeiro ser um ecossistema extremamente complexo, cheio de variáveis e regulamentações, para um cidadão que não está imerso neste mundo, se planejar financeiramente pode ser um desafio, que demanda muita preparação e conhecimento.
A ausência de planejamento financeiro que se dá, na maioria das vezes, pela falta de educação financeira, ocasionada pelo desconhecimento, desconfiança e inexperiência, gera desafios financeiros e ausência de estabelecimento de metas e objetivos a curto, médio e longo prazo.
Segundo a Valor Investe, a CVM recebeu mais de 200 denúncias de fraudes financeiras somente em 2020. Já o G1, publicou matéria informando que investimentos fraudulentos já fizeram 11% dos brasileiros perderem dinheiro.
A Istoé Dinheiro trouxe matéria afirmando que nem o juro baixo faz o brasileiro investir no exterior, já o Uol trouxe reportagem alertando o leitor que ele pode perder dinheiro investindo sozinho na internet.
Diante de tantas variáveis, surge o papel do consultor financeiro, que é assessorar as diversas áreas da vida do seu cliente, com o objetivo de planejamento e segurança de forma personalizada, sendo a parte de investimentos uma das áreas de atenção.
O Brasil é um dos países com pior conhecimento sobre finanças e isto se reflete na hora de investir, já que as fraudes do mercado, atreladas ao desconhecimento, fazem com que os brasileiros optem por investimentos inseguros ou ineficientes.
O planejador financeiro, de acordo com as regras da CVM, não pode indicar investimentos (exceto se possuir certificação CFP e cadastro na CVM), entretanto, por meio de parcerias reguladas, pode montar na sua consultoria um plano com uma corretora para a montagem de carteira que faça sentido, desde a análise e administração do fluxo de caixa, análise do perfil tributário, administração de riscos, planejamento e administração de investimentos, planejamento da aposentadoria, de bens e sucessão, bem como aplicação do capital e acompanhamento da vida financeira do cliente de acordo com a sua realidade e às oportunidades de mercado.
Quais são os propósitos, benefícios e componentes do processo de planejamento financeiro?
Conforme verificado anteriormente, planejamento financeiro não é só investir ou se preocupar com a aposentadoria, mas envolve uma série de fatores que devem ser verificados para que a vida financeira do cliente seja coberta como um todo.
Portanto, o planejamento financeiro se trata de um processo completo e integrado visando criar estratégias para atingimento dos seus objetivos financeiros e pessoais a curto, médio e longo prazo, e podem envolver os seguintes temas:
· Administração do fluxo de caixa;
· Análise do perfil tributário;
· Análise e administração de riscos;
· Planejamento e administração de investimentos;
· Planejamento de aposentadoria;
· Planejamento e aquisição de bens imóveis;
· Planejamento de sucessão.
Desta forma, o planejador financeiro, para realização de um diagnóstico completo, deve identificar as metas e objetivos de curto, médio e longo prazosdo seu cliente, pesquisar e reunir todas as informações necessárias, tais como receitas, despesas, investimentos, ativos e passivos, analisar a situação atual e alternativas, desenvolver estratégias para atingimento de metas, implementar estas estratégias e, principalmente, revisar o plano periodicamente, revendo se as expectativas financeiras estão sendo atingidas, para recalcular a rota se necessário.
São benefícios para o cliente de um planejamento financeiro:
· Real conhecimento do alcance da renda;
· Evitar a assunção de dívidas que não podem ser pagas;
· Identificação para cortes de desperdícios;
· Construção de patrimônio;
· Visão concreta de onde o dinheiro está sendo gasto;
· Exemplo para a família sobre responsabilidade financeira;
· Aumento da produtividade e planejamento de trabalho, visto menor preocupação com a vida financeira;
· Criação de um plano de investimentos para manter o mesmo (ou melhor) padrão de vida durante a aposentadoria; e
· Independência financeira.
Portanto, para que se tenha uma vida financeira saudável, é inevitável a realização de um planejamento financeiro que envolva todas as áreas da vida pessoal e financeira de qualquer pessoa, renda ou idade, visto que, para obtenção de quaisquer objetivos da vida, é necessário o investimento de tempo e dinheiro.
Quais são as etapas do planejamento financeiro?
Cada planejador financeiro pode traçar uma estratégia para a elaboração do diagnóstico do seu cliente, entretanto, existem algumas etapas básicas, recomendadas, inclusive, pela PLANEJAR, que é a Associação Brasileira de Planejamento Financeiro e banca responsável pela elaboração das questões para a certificação CFP®, quais sejam:
a) Definição de como se dará o relacionamento entre o planejador financeiro e o seu cliente;
b) Obtenção dos dados, informações e objetivos do cliente;
c) Análise e avaliação das condições financeiras do cliente;
d) Desenvolvimento e sugestão do planejamento;
e) Execução das recomendações;
f) Monitoramento.
Desta forma, é inegável que o empoderamento dos brasileiros na conquista dos objetivos financeiros é fundamental para transformação financeira, econômica e cultural não só do indivíduo, mas de todo o ecossistema no qual ele está inserido, trazendo crescimento e desenvolvimento para todos que o cercam.
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Este artigo foi escrito por Juliana de Jesus Cunha Chiose e publicado originalmente em Prensa.li.