Qual o valor de um redator na era da inteligência artificial?
Com o Chat GPT ficou muito fácil gerar textos, mas será que isso é o bastante para substituir os redatores?
Nos últimos meses, o mundo foi surpreendido pelo boom do Chat GPT, uma inteligência artificial da OpenAI que gera textos em questão de segundos, capaz de falar sobre praticamente qualquer assunto com a mesma precisão, fluidez e naturalidade de um redator humano.
Apesar de ter viralizado agora, o Chat GPT é um programa conhecido no meio corporativo como uma ferramenta paga de geração de texto, assim como a Infinity Copy e muitos outros, e já está em sua quarta versão.
O que fez o mundo parar, foi a decisão da OpenAI de disponibilizar para o público geral a versão gratuita do programa, sem restrições de uso nem, muito menos, uma regulamentação jurídica.
Isso permitiu que qualquer pessoa pudesse acessar livremente a plataforma, gerar um texto relativamente bom, e alegar autoria própria, bastando somente um login de e-mail. É aí que as coisas começam a tomar um rumo interessante.
O valor da informação
Antes de falar sobre o valor de um redator, é preciso entender qual é o valor da informação nos dias de hoje.
Se antes as pessoas estavam condicionadas aos canais de comunicação para receber uma notícia ou informação qualquer, seja o resultado do jogo de futebol ou uma mudança na legislação, hoje basta ter um dispositivo com internet.
O consumidor deixou de ser um espectador passivo à espera da informação, para se tornar não só um espectador ativo que escolhe de quais fontes deseja se informar, mas um produtor independente de informação.
Isso rompe com a dependência de determinados canais e favorece a livre circulação e produção de notícias, agora feitas por pessoas comuns, sem a devida apuração dos fatos e o filtro da ética.
Com isso, a informação perde seu valor, uma vez que não há mais indicativos claros do que é uma informação boa ou ruim, verdadeira ou falsa, relevante ou impertinente.
Portanto, qual a diferença entre um conteúdo produzido por um redator, uma pessoa comum ou uma inteligência artificial?
Seguindo com o exemplo do Chat GPT, uma IA pode gerar um conteúdo excelente para as métricas de posicionamento, com a densidade certa de palavras-chave e todas as melhores práticas de SEO.
Algo que um redator experiente ou especializado também é capaz de fazer, logo nos restam duas questões decisivas: a velocidade e a qualidade da informação.
A corrida do conteúdo
Nem é preciso dizer que entre um redator (mero ser humano com contas a pagar) e uma inteligência artificial, quem ganha a corrida para escrever um texto de mil palavras é um robô.
Para se ter ideia, o Chat GPT-3.5 é capaz de gerar até duas mil palavras em menos de cinco minutos.
E esse número pode aumentar em sua nova atualização. Segundo a OpenAI, o Chat GPT-4, versão lançada em 14 de março deste ano, é capaz de produzir até 25 mil palavras com respostas mais precisas e seguras.
Enquanto isso, um redator pode levar em média 2 horas para escrever um conteúdo de mil palavras, podendo variar de acordo com o seu nível de expertise no assunto.
Podemos concluir, então, que em termos de velocidade a inteligência artificial está bons passos à frente. O que nos leva ao último fator: a qualidade da informação.
Qualidade é a chave
Em se tratando de qualidade de informação, existem alguns critérios básicos a serem considerados como a veracidade dos fatos, a profundidade abordada no tema, objetividade, utilidade, credibilidade, a ausência de erros, dentre outros.
No caso do Chat GPT, mesmo em sua versão mais atual, ainda é possível receber informações errôneas e até mesmo perigosas, como instruções de como produzir substâncias danosas ao ser humano.
Vale ressaltar que ainda não existe uma regulamentação para definir os limites e barreiras do uso dessa inteligência artificial, o que significa que ainda não se tem como punir a plataforma por gerar textos contendo informações perigosas ou falaciosas.
É então que nos deparamos com a figura do redator, um profissional da comunicação que pode apurar os fatos e filtrar o que é relevante, apropriado e eficiente de ser dito e comunicado em cada canal.
O redator tem o papel de produzir um conteúdo responsável, com informações devidamente apuradas e que tenham estratégia e propósito.
Gerar textos despretensiosamente qualquer autocompletar de teclado faz, o que não se ganha da noite para o dia é a habilidade de interpretar o usuário que está do outro lado, o efeito que uma informação surtirá nele e como criar conexão por meio das palavras.
O valor do redator
Como diria o neurocientista Miguel Nicolelis, “Se criou quase um fetiche de que devemos criar máquinas que substituam seres humanos”.
Acredito que esta seja uma sensação generalizada nos dias de hoje, onde até o Uber é automatizado, um emprego que mal surgiu e já está caminhando para os seus últimos dias.
No entanto, eu preciso discordar, em partes, da frase icônica de Nicolelis. A tecnologia não é uma vilã à procura de roubar empregos, mas um meio constante de otimização de processos que tornam a vida humana mais fácil.
Se o Chat GPT permite gerar textos com rapidez e eficiência, isso pode ser usado como uma ferramenta de trabalho para redatores.
Mas isso não significa que a criação de conteúdo pode ser completamente automatizada por IA’s, afinal o conteúdo é criado para gerar conexão entre pessoas, sejam elas um CNPJ ou CPF, ainda são pessoas em busca de uma troca.
Além disso, os redatores são muito mais do que produtores de texto. Parte desse trabalho envolve a criação de uma estratégia, onde é definido o público alvo do conteúdo, o tom de voz, métodos de retenção e conversão, entre muitas outras técnicas de marketing de conteúdo.
Por isso, se você quiser um conteúdo que realmente converte e gera resultado, será preciso muito mais que uma máquina de gerar textos.
Este artigo foi escrito por Bruna Teixeira e publicado originalmente em Prensa.li.