Realidade virtual, como será trabalhar nela?
Com o Metaverso às portas, trabalhar em realidade virtual não é mais uma coisa tão futurista assim, pode ser hoje ou amanhã, ou seja, já é possível, mas será que é viável?
As tecnologias envolvidas têm evoluído e com isso estão a cada dia mais acessíveis ao público geral, que é o alvo das grandes empresas; poder produzir e vender em massa.
O que se espera
Com a experiência positiva do home office, onde melhorou a qualidade de vida dos colaboradores o que consequentemente aumentou a produtividade, espera-se que algo semelhante aconteça quanto a trabalhar dentro do Metaverso ou dentro do ambiente virtual. Será mesmo? É que vamos ver agora.
A realidade...
A revista eletrônica europeia Inavate, divulgou estudo realizado na Alemanha sobre o trabalho em realidade virtual, apontou claramente que essa atividade não aumenta a produtividade, o confortou ou o bem-estar.
Apesar do resultado inicial, o relatório pode ajudar a melhorar a experiência de trabalho em realidade virtual no futuro próximo. Esse estudo foi realizado pela Universidade de Coburg com o título: Quantifying the Effects of Working in VR for One Week
Imagem: freepik
O estudo usou o Meta Quest 2
O estudo foi coordenado pelo Dr. Jens Grubert, especialista em interação humano-computador da Universidade Alemã, Coburg, usou o óculos de realidade virtual da Meta, o Meta Quest 2 VR, associado com um teclado Logitech K830 e Chrome Remote Desktop.
Essa combinação de equipamentos foi escolhida especificamente para criar um cenário mais realista, bem aproximado do que os usuários estariam usando atualmente se realmente trabalhassem dentro do ambiente de realidade virtual.
Dados do Estudo
O estudo contou com 16 pessoas, que trabalharam 5 dias, com uma jornada de 8 horas, com um intervalo de 45 minutos para almoço. Mas logo mostrou que não seria uma adaptação fácil, pois já no primeiro dia 2 das 16 pessoas desistiram devido a enxaqueca, náusea e ansiedade.
O relatório mostrou dados de comparações do ambiente virtual com o ambiente físico, onde alguns itens importantes foram observados:
Carga de trabalho: a impressão dos usuários foi de que houve aumento de cerca de 35% nesse quesito.
Frustração: 42% dos participantes se sentiram mais frustrados trabalhando no ambiente virtual do que no ambiente físico.
Afeto negativo: Aumentou 11%. Ou seja, o desafeto cresceu na realidade virtual.
Ansiedade: As pessoas envolvidas no estudo apresentaram um comportamento 19% mais ansioso.
Bem-estar mental: diminuiu 20%, o que era esperado vendo todos os números anteriores.
Cansaço visual: aumentou 48%, talvez o ponto mais preocupante, visto que os olhos são essenciais para a entrada na realidade virtual.
Usabilidade da realidade virtual: ficou 36% mais baixa. O que significa que a eficácia do ambiente percebida pelos usuários caiu. Obviamente o aumento em outros fatores contribuíram para este número.
Capacidade de autoavaliação: a faculdade do colaborador se autoavaliar caiu 14%.
Produtividade percebida: ou seja, a sensação de produtividade de cada um. Caiu 16%.
Imagem: rawpixel - freepik
Conclusão do estudo
Apesar do aparente "desastre" mostrado pelo relatório do estudo, pôde se observar que os participantes superaram os desconfortos iniciais e impressões negativas, seguindo com o experimento, salvo as 2 pessoas que desistiram no primeiro dia.
Enfim, o estudo apresentou os pontos que necessitam de aprimoramento e servirá de base para as próximas pesquisas. Muitas oportunidades de melhorias na experiência de trabalhar em realidade virtual foram descobertas e agora poderão ser sanadas.
Podemos verificar também a partir deste estudo, o risco para as crianças que jogam videogames por muitas horas com óculos de realidade virtual. A tecnologia ainda não está no nível mais seguro, por assim dizer. Além da qualidade da tela, e efeitos danosos da luz nos olhos, há muito mais para ser estudado quanto a saúde dos usuários.
E que venham as melhorias! Afinal o futuro não tarda e logo essa tecnologia será uma necessidade, pois saúde e qualidade de vida devem vir primeiro lugar.
Este artigo foi escrito por Reinaldo Coelho e publicado originalmente em Prensa.li.