Reciclagem criativa – O reaproveitamento reduzindo gastos desnecessários
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Inovação Aberta, White Label, bibliotecas de programação, APIs. Se você não conhece algum desses termos, já saiba que eles são grandes exemplos de criatividade, reciclagem e reaproveitamento em suas respectivas áreas de aplicação, mesmo que não se relacionarem apenas com o meio ambiente.
Os “3R’s da sustentabilidade” (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) difundidos em questões ambientais, promovem economias e ganhos para muitos envolvidos, e aqueles termos que comentamos no parágrafo acima servem muito bem a esse propósito, seja no âmbito de negócios ou desenvolvimento tecnológico.
Imagine gastar tempo, dinheiro, pessoas e recursos para produzir um determinado projeto, em teoria, novo, sendo que na verdade, ele já teve esse mesmo processo de investimento realizado várias outras vezes, por você mesmo ou por outros agentes no mercado. Isso não é só um desperdício, como também é um retrabalho, não concorda?
Por mais falho que isso seja, esse é o modelo de produção de muitos produtos e serviços desde muitos séculos atrás.
Por que simplesmente não pegar o que já está pronto e reaproveitar em vez de gastar e fazer tudo do zero?
Organizações torram dinheiro, estressam funcionários e perdem tempo de venda mercado ao tentar reproduzir, por conta própria, processos ou funcionalidades – muitas vezes secundárias ao objetivo principal da empresa – que outras instituições no mercado já criaram e disponibilizam, de diferentes formas, para que outros players as utilizem sem qualquer repetição desnecessária ou desperdício.
A globalização e exponencialidade dos mercados criou uma gama de novas oportunidades e possíveis atuações, da mesma forma que demonstrou o quão repetitivos e abundantes tornaram-se outros recursos que diversas empresas criaram, cada uma, da mesmíssima forma para necessidades que são comuns a todas.
É aí que a redução, reutilização e reciclagem entram!
Soluções tecnológicas e modelos de negócio criativos permitem a combinação de muitos fatores que resultam na redução de gastos desnecessários que seriam despendidos com vários outros.
No ramo específico de tecnologia, temos como exemplos as bibliotecas de desenvolvimento e as APIs. Bibliotecas de desenvolvimento (libraries) nada mais são do que conjuntos pré-prontos de componentes ou funcionalidades digitais de determinadas tecnologias que servem como base para interfaces visuais padrões ou operações comuns na maioria das aplicações.
Podem ser telas de cadastro, chat e funcionalidades de pagamento, automações de verificações de segurança e muitos outros recursos reutilizáveis para várias empresas, que agilizam a entrega para o cliente e reduzem o processo de desenvolvimento dos diferentes times envolvidos.
Em relação as APIs (Interfaces de Programação de Aplicação), muito usadas em milhares de aplicações, podemos destacar os benefícios ligados à redução de recursos e dados que teriam de ser criados, de forma repetitiva, para uma determinada aplicação. As APIs são recursos técnicos utilizados para fazer com que sua aplicação se comunique com outras aplicações que já possuem os dados e recursos necessários, apenas criando uma ponte para transportar (enviando ou recebendo) as informações requisitadas sem que você tenha de possuí-las ou cria-las do zero.
No ramo de negócios – que não deixa de se relacionar com tecnologia – os principais exemplos que podemos dar no quesito de reaproveitamento são as técnicas e modelos de Inovação Aberta e de White Label.
Inovação Aberta talvez seja um dos conceitos mais amplos dentre os exemplos citados, por isso, para não desviarmos do assunto principal, vamos usar uma definição resumida de Inovação Aberta que consiste em ser o tipo de inovação que promove a abertura da organização para ela poder trocar (dar e receber) conhecimentos e recursos, colaborar com outras empresas e ecossistemas parceiros, deixando para trás a modalidade mais tradicional de inovação “fechada” feita apenas com pessoas e recursos internos da organização.
Se há algo mais atrelado aos 3R’s da sustentabilidade do que isso, então eu não sei o que é.
Não é necessariamente apenas uma parceria contratual, mas sim um conjunto de técnicas, comunicações, eventos e atalhos que não se limita a ter que produzir tudo do zero individualmente, mas sim aproveitar o conjunto de ideias e conhecimentos já prontos e existentes entre diversos colaboradores, reduzindo tempo de implementação, reutilizando materiais já feitos pelos parceiros, sem ter que repetir sua criação, e reciclando outras ideias e produções combinadas, transformando-as em inovações benéficas para o ecossistema como um todo.
Seguindo esse intuito, temos o conceito de White Label (etiqueta branca) que são modelos de negócios que permitem acordos, fazendo com que uma organização tenha sua marca atribuída a um determinado produto já pronto, que foi elaborado por outra organização.
Similar as bibliotecas de programação do ramo de tecnologia, o conceito de White Label contribuiu para que certas empresas não tenham de desenvolver por conta própria o fluxo completo de um produto ou serviço, podendo adquirir as soluções desejadas de um modelo de negócios que é feito justamente para disponibilizar (revender) isso com a melhor qualidade e velocidade, seja ele parte do core business da empresa ou mesmo uma linha de entregas secundárias.
No caminho inverso, isso também promove para a empresa que desenvolve e libera a solução para outras a chance de reduzir concorrências no mercado que fariam o mesmo produto, movimentando o mercado em busca da constante melhoria.
Essa terceirização (outsourcing), a reciclagem e o reaproveitamento criativo de produtos ou serviços, quando bem aplicados, ajudam cada agente do mercado individualmente e, mais do que isso, contribuem para uma melhoria no mercado – e no meio ambiente – como um todo.
Esses recursos e métodos podem garantir que uma determinada solução, feita uma única vez, seja utilizada por diferentes clientes, reduzindo os gastos e empenhos necessários que as empresas teriam em repetir um mesmo processo que já é feito e disponibilizado publicamente para vários outros – mediante as devidas licenças de uso e contratos.
Este artigo foi escrito por Gabriel Tessarini e publicado originalmente em Prensa.li.