Reflexão sobre as Redes Sociais e o Mundo que vivemos
Não é de hoje que as redes sociais estão aí e que nos mostram sua importância e força. Importância porque com elas conseguimos rever aqueles amigos de longa data. Aquele familiar que sumiu e que só reapareceu por conta de uma rede. Pudemos matar a saudade de quem gostamos. Força, porque permitiu grupos de organizarem. As minorias, por exemplo, buscam usar essa força para que possam ser respeitados e reconhecidos.
Só que ao mesmo tempo, não estamos “nos ligando” dos riscos que elas estão nos trazendo. A grande maioria as utiliza e acredita piamente em fatos divulgados sem checagem, sem estudo. Já vi um “meme” na internet que dizia que é mais fácil acreditar num boato de internet, porque para acreditar na ciência é preciso estudar.
A discussão a respeito da ciência deve se manter a nível de cientistas. Como que eu, formado em tecnologia, vou desacreditar o trabalho de um cientista, que passou anos estudando, só porque acredito numa teoria de conspiração de que eles só fazem ciência pelo comercial? Já pararam para pensar se todos começarem a duvidar de tudo… onde vamos parar? Acredito que a ciência já deu provas de que eles testam e testam diversas vezes todas os experimentos… Não tem o que discutir com o que está posto. A não ser que seja na sua área de conhecimento. Se não for, como podemos duvidar?
Vemos jovens se acabando por conta das redes sociais. Buscando filtros, cirurgias plásticas. Vemos aumentar índices de depressão, suicídio e outros males causados pelos “cancelamentos”. Afinal nada pior do que você receber um comentário negativo né? Citando um questionamento que vi no documentário “O dilema das redes”: Será que estamos preparados para sermos julgados por 1 milhão de pessoas em nossas redes sociais? - Se nem Cristo agradou a todos, como nós queremos agradar?
Vemos uma enormidade de notícias falsas circulando pelas redes sem controle. Quando olhamos ficamos nos perguntando: “Como alguém pode acreditar nisso?” Temos que lembrar nessa horas que mesmo com alto grau de estudo muitas pessoas estão cada vez mais imersas nestes tipos de conteúdos. Isso vai fazendo com que a pessoa altere sua percepção de mundo e comece a se importar somente com o que seu pequeno grupo de amigos pensa.
Quando as redes nos possibilitam ficar longe de pessoas e opiniões que nos incomodam, isso dá a impressão de que nós estamos certos e eles errados. Observem essa loucura! Muita gente não pára e pensa que opiniões diferentes são construtivas. Que o respeito deve existir mesmo que nós não concordemos. Que me perdoem alguns que podem se incomodar, mas alguém lembra de alguma passagem bíblica onde Jesus cria uma notícia falsa para que mais pessoas se tornem cristãos?
Graças a mecanismos de sugestão, amplamente utilizados pelas redes sociais, vemos sugestões de vídeos, grupos chegando o tempo todo. O problema é que os robôs (também chamados de algoritmos) não sabem o que é verdadeiro, o que é falso. Não sabem o que é bom ou ruim para os seres humanos. Eles simplesmente analisam as informações e sugerem grupos e temas para que possamos seguir de acordo com a programação deles.
Alguém já parou para pensar que ,inicialmente, esses programadores moravam no Vale do Silício, tinham uma determinada realidade, e normalmente são brancos e de classe média para alta? Como eles pensarão de diferentes formas para o mundo se não havia diversidade inicialmente?
E porque se incomodar com a opinião do outro apenas porque não concordamos? Opinião cada um tem a sua. Se não concordo com sua opinião dou a minha e pronto. NÃO PRECISO TE CONVENCER DE QUE A MINHA ESTÁ CERTA. E nem quero convencer. Na verdade esta é uma reflexão. Se somos seres inteligentes, então podemos refletir. E se podemos refletir, que pecado há em mudar de opinião? Só não podemos obrigar ninguém a isso.
Mas o que pode solucionar todos estes problemas? O que pode fazer com que nos tornemos de fato melhores? Quando aprenderemos a utilizar de forma civilizada as redes sociais? Como usá-las de forma inteligente? Precisamos de algo que faça a união da raça humana, não a divisão. Só seremos um povo civilizado quando fronteiras ideológicas negacionistas e de divisão entre as pessoas caírem. Deixo uma reflexão importante: Quem ganha com toda essa divisão? Eu? Você? Ou somente os que governam para se manterem no poder e nos deixar com as migalhas?
As redes acabam nos mostrando que somos muito bons em nos destruir. Mas quando chegará o tempo em que passaremos a postar, justamente o que nos diferencia dos animais, a nossa humanidade?
Este artigo foi escrito por Arley Cordovil e publicado originalmente em Prensa.li.