Relembre a história de Ben Wallace, um dos históricos defensores da NBA
Um dos grandes ídolos do astro Draymond Green, do atual campeão Golden State Warriors, o pivô Ben Wallace era um defensor de respeito. Aliás, ele era mais do que isso, pois, durante um bom tempo, foi tratado como o melhor protetor de aro de sua geração. Por mais que, do ponto de vista ofensivo, o jogo de Wallace tivesse vários defeitos, ele compensava isso com um grande esforço defensivo.
Ao longo deste texto, você saberá como um cara que, nos lances livres, tinha apenas 41% de acerto se tornou uma lenda. Ademais, você verá como ele foi peça fundamental para que um time sem estrelas fosse campeão. Nos próximos parágrafos, você conhecerá melhor o lendário pivô Ben Wallace.
Início de carreira
Nascido em 10/09/1974, no Alabama-EUA, o jovem pivô Ben Wallace surgiu para o basquete profissional em 1996. Após sair do basquete universitário, ele se inscreveu no Draft daquele ano. No entanto, nenhum time da NBA o selecionou.
Vale lembrar que o Draft de 1996 é considerado um dos melhores da história, pois vários jovens talentos daquela classe se tornariam lendas do basquete. Aliás, foi desse draft que vieram nomes como Kobe Bryant (falecido em 2020), Allen Iverson, Steve Nash, Ray Allen, entre outros.
Ou seja, dificilmente alguém como Ben Wallace, que tinha diversos problemas em seu jogo ofensivo, seria escolhido por algum time da NBA. Afinal de contas, existiam jovens com potencial muito maior que o dele. Ademais, o jovem Wallace tinha “apenas” 2,06m, tamanho baixo para a posição de pivô.
Após ser rejeitado no Draft, Ben Wallace foi jogar no basquete italiano, porém, não obteve sucesso. Em outubro de 1996, o jovem pivô voltou para os EUA, pois foi contratado como agente livre pelo Washington Wizards (na época chamado de Bullets).
O começo de carreira não foi nada empolgante. Como Big Ben (apelido de Wallace) não acertava arremessos a mais de dois passos da cesta, seu jogo ofensivo era uma negação. Aliás, até mesmo seus lances livres eram péssimos, pois seu aproveitamento nunca passou de 41%.
Sem grandes atributos ofensivos, o que fez Ben Wallace jogar na NBA foi o seu esforço e sua capacidade atlética. Ao todo, ele ficou três anos no time de Washington e jogou mais um ano no Orlando Magic. Logo depois, o time da Disney enviou o jogador para o Detroit Pistons numa troca que mudaria sua vida.
Chegada aos Pistons
Sem muito alarde, Ben Wallace chegou aos Pistons em agosto de 2000. Naquele momento, ele era apenas um jogador periférico tentando se consolidar na NBA. No entanto, a passagem por Detroit o transformaria em uma das lendas do basquete.
Logo nos primeiros jogos, virou titular absoluto da equipe e passou a jogar mais de 30 minutos por jogo. Apesar de ter apenas seis pontos de média, ele terminou a temporada com 13 rebotes e dois tocos (bloqueios) por partida. Esses números o transformaram em um dos grandes defensores da NBA.
Basicamente, Ben Wallace compensava sua pouca habilidade no ataque com muito esforço e dedicação na defesa. Ou seja, já que ele não conseguia jogar, ele fazia de tudo para não deixar seus adversários jogarem. O mais legal disso tudo é que, Big Ben não era desleal ou violento com seus adversários, era apenas um defensor incrível.
Com o passar do tempo, jogadores como Richard Hamilton, Chauncey Billups, Tayshaun Prince e Rasheed Wallace chegaram aos Pistons. Dessa forma, a equipe comandada pelo técnico Larry Brown se tornou uma fortaleza defensiva. Por isso, mesmo sem grandes estrelas no elenco, aquele time dos Pistons colheu bons frutos.
Consolidação e conquista improvável
No ano de 2004, Ben Wallace já era um jogador consolidado na NBA. Durante sua passagem em Detroit, ele foi selecionado 4x para o All Star Game (Jogo das Estrelas), liderou a NBA em rebotes 2x, 1x em tocos e foi eleito 4x Defensor do Ano.
Apesar de todas essas premiações, ninguém imaginava que o time de Wallace poderia ser campeão. Entretanto, mais uma vez, Big Ben e seus companheiros contrariaram as expectativas.
Ao contrário do futebol, onde o mata-mata é decidido em jogos de ida e volta, na NBA, cada mata-mata é decidido numa série de sete jogos. Ou seja, para eliminar o seu adversário, é preciso vencê-lo 4 vezes.
Após vencer o Indiana Pacers nas finais da Conferência Leste de 2004, os Pistons enfrentariam o lendário Los Angeles Lakers na final da NBA. Liderados por Shaquille O’Neal e Kobe Bryant, o time de Los Angeles havia sido campeão em 2000, 2001 e 2002.
Duelo individual com Shaq
Devido a sua força e tamanho, Shaquille O’Neal é considerado um dos melhores pivôs da história da NBA. Por isso, enfrentá-lo em pé de igualdade era bem complicado, pois ele fazia cestas em cima de qualquer um.
Em suma, ele era um pontuador forte, pesado e bruto, além de ser um grande reboteiro e bloqueador. Basicamente, Shaq dominava o jogo independentemente de quem fosse o adversário. No entanto, ele não esperava que Big Ben pudesse enfrentá-lo de igual para igual.
Mesmo sendo 10 cm mais baixo que o pivô Shaquille O’Neal, Ben Wallace foi um leão defensivamente. Ele brigou muito pelos rebotes, dificultou o trabalho de Shaq e conseguiu bater de frente com ele. Ao fazer isso, Wallace facilitou o trabalho de sua equipe que, mesmo sem nenhum grande nome no elenco, conseguiu ser campeã. Aquele foi o terceiro campeonato vencido pelo time de Detroit (1989, 1990, 2004).
A conquista de 2004 coroou o Detroit Pistons como o melhor time da temporada. Apesar do prêmio de MVP das Finais ter ido para Chauncey Billups, a importância de Ben Wallace durante a campanha foi inegável. Além disso, ele se firmou de vez como um dos melhores defensores de sua geração.
Fim de carreira
Após a conquista em 2004, os Pistons de Wallace retornaram as finais em 2005, mas foram derrotados pelo San Antonio Spurs. Por melhor que fosse o Detroit, o time do Spurs era muito forte e tinha o lendário trio Duncan, Parker e Ginóbili.
Big Ben jogaria em Detroit até 2006, quando seria contratado pelo Chicago Bulls. No ano seguinte, ele passou pelo Cleveland Cavaliers antes de retornar aos Pistons em 2009. No entanto, já com 35 anos e prejudicado por lesões, o veterano pivô já não era mais o mesmo. A prova disso é que sua minutagem e médias de rebotes ficaram bem reduzidas.
Em 2012, aos 37 anos, Ben Wallace resolveu se aposentar, pois já não tinha condições físicas de ajudar sua equipe. Para se ter uma ideia, no título de 2004, o pivô jogava aproximadamente 38 minutos por jogo. No entanto, a minutagem de Big Ben foi reduzida para 15 em sua última temporada.
Legado e homenagens
Quatro anos após o fim de sua carreira, Big Ben teve sua camisa aposentada pelo Detroit Pistons. Ou seja, nenhum outro jogador em Detroit poderia utilizar o número 3. Isso mostra a importância que a técnica defensiva de Wallace tinha para aquela equipe.
Além disso, o lendário pivô dos Pistons foi selecionado para o Hall da Fama do Basquete em 2021. Com toda a certeza, essa é a maior honraria que um jogador pode receber. Para alguém que foi ignorado no começo da carreira, chegar ao Hall da Fama é um grande feito. Com toda certeza, a carreira de Ben Wallace é uma das grandes histórias do basquete mundial.
Este artigo foi escrito por Robson Teixeira e publicado originalmente em Prensa.li.