Resenha Literária: Vermelho, Branco e Sangue Azul.
A princípio, eles não se suportam e isso fica muito claro no início do livro, com o ódio explícito que Alex tem por Henry. Mas acabam sendo obrigados a conviver, após uma discussão que termina com um bolo no chão no meio do no casamento real de Phillip, irmão de Henry.
“Acho incrível — Nora diz. — Inimigos mortais obrigados a fazer as pazes para resolver tensões entre seus países? Tem um quê shakespeariano nessa história. — Se é shakespeariano, tomara que eu morra esfaqueado — Alex diz.”
E é a partir daí que vemos o desenrolar da relação dos dois e das dificuldades que vão enfrentar por causa do plano midiático para que a relação entre os países não seja prejudicada.
Henry é gay, mas a realeza não pode ser gay - ou pode? Viver escondendo quem realmente é faz com que ele mantenha sempre uma pose superior e séria, o homem perfeito, que era exatamente o motivo de Alex não gostar dele.
Mas após a convivência forçada, Alex pôde conhecer sua verdadeira essência. E como resistir a um príncipe perfeito, engraçado e charmoso?
"Alex fica paralisado, sentindo a pressão dos lábios de Henry e as mangas de seda de seu casaco encostadas em seu queixo. O mundo se transforma em estática, e seu cérebro está se esforçando para acompanhar, solucionando a equação de rixas adolescentes, bolos de casamento e mensagens às duas da madrugada, mas sem entender a variável que o trouxe até aqui, exceto que... bom, por incrível que pareça, ele não se importa. Tipo, nem um pouco."
Vermelho, Branco, Sangue Azul é aquele livro gostoso, perfeito pra sair de uma ressaca literária, diga-se de passagem, e que te faz não conseguir parar de ler (acho que nunca li tão rápido em toda minha vida).
Apesar de ser um livro bem levinho, no quesito leitura fácil, traz vários pontos importantes que valem uma reflexão.
Os personagens são muito fáceis de se identificar, eles se encontram em um período interno de autoconhecimento e dúvidas sobre quem são e o que querem para seus futuros.
O que é algo muito comum e por vezes complicado para os jovens. Por isso, é lindo vê-los crescer, se descobrirem e se apaixonarem.
O livro é indicado para um público acima de 16 anos, já que os personagens não são mais adolescentes e, provavelmente, pelos vários palavrões espalhados pelo livro.
Definitivamente, Alex tem um vocabulário terrível em certas ocasiões, mas particularmente o jeito com que ele lida com tudo ao seu redor, como quem não liga e liga ao mesmo tempo, faz com que ele seja um ótimo personagem a meu ver.
Ele não se importa com o que os tabloides falam dele, mas ainda assim se preocupa como isso pode afetar a carreira política de sua mãe. E é um rapaz com muitas metas para a vida: quer entrar para a carreira política, ajudar o povo e principalmente fazer história.
Henry é o oposto do Alex. Ele é mais reservado, a figura do príncipe perfeito.
Isso não o torna um personagem chato, muito pelo contrário, ele tem suas feridas internas, seus momentos de reflexão e auto descobrimento, e precisa achar em si sua coragem para enfrentar as dificuldades que surgem no decorrer do livro. É lindo e significativo ver o crescimento dele.
"Se a cabeça do primeiro-filho é uma tempestade, Henry é o ponto onde o trovão atinge a terra."
Além dos dois personagens principais, temos o prazer de conhecer alguns outros nomes, como a mãe de Alex, que dá todo apoio ao filho e consegue conciliar isso com uma campanha eleitoral e gerir um país; a irmã de Alex, June; Nora, melhor amiga de Alex; Pez, melhor amigo de Henry; e Bea, princesa da Inglaterra e irmã de Henry.
Esse grupinho me matou de amor em vários momentos, e são personagens que agregam na história de uma forma muito leve e gostosa, com suas próprias trajetórias a serem seguidas e exploradas.
É fácil se perder no mundo de Vermelho, Branco, Sangue Azul, um livro que eu não dei nada no início e saí chorando horrores no final. Definitivamente um dos meus queridinhos a partir de agora.
Digo com todo amor do meu coração o quão maravilhoso é ver a comunidade LGBTQIA+ sendo cada vez mais vista e mostrada, ganhando mais destaque na cena.
Este artigo foi escrito por Nicásia e publicado originalmente em Prensa.li.