Resumo do capítulo "Rudolf Laban: Uma vida dedicada ao movimento" do livro "Reflexões sobre Laban, o mestre do movimento"
Dentro desse meio artístico o contato dele com a dança e o teatro se intensificou, o que lhe abriu um leque de possibilidades de pesquisa na área, influenciando demasiadamente seu trabalho como coreografo e pedagogo posteriormente. Contudo, o trabalho de Laban não se resumiu em ensinar e criar o que já existia. Ele continuou sua pesquisa de movimento além do que já era conhecido, focando na harmonia do corpo dançante. Com isso em mente, em 1913, Laban montou uma escola de artes em Monte Varitá.
Nessa escola o ensino ia além do que era comumente ensinado nas escolas de dança e artes, assim como tudo que Laban fez. As aulas eram baseadas não no desafio do corpo para com as tradicionais técnicas de dança, mas na pesquisa de um corpo próprio e criativo.
Envolvendo aulas de Dança, música, artes plásticas, jardinagem, culinária entre outras diversas matérias, ele apenas se importava com a capacidade de criar e recriar e explorar ideias por meio da improvisação. Com isso, o treinamento corporal de Laban envolvia o movimento, os sentimentos e a razão, fazendo com que o aluno se colocasse tanto em si mesmo quanto no espaço.
Ele, então, criou a chamada Teoria do Movimento. Partindo de uma inspiração filosófica e matemática Laban denominou seu estudo como Coreologia (A ciência dos círculos), que para ele significava a união do movimento com a razão, devido a característica fluída existente no círculo. A partir disso ele dividiu seu estudo em 3 partes:
Eucinética - A análise do movimento e das suas dinâmicas, pois o gesto foge do padrão ritmico da música e este só poderia ser visto a partir do impulso interno necessário para a sua criação.
Coreútica - Trabalha o espaço dentro de formas geométricas, o que nos permite delimitar pontos de deslocamento e de movimento por meio da orientação de figuras.
Kinetographie - A escrita do movimento. Uma forma de passar a dança para o próximo sem necessariamente estar com ele, pois, para Laban, a dança é, antes mesmo da música e das demais formas de arte, o elemento básico da vida.
Laban foi obrigado a fechar a escola de artes em Monte Varitá, por questões financeiras, durante a Primeira Guerra Mundial. No entanto, assim que esta terminou, ele retornou a Alemanha e deu continuidade aos seus trabalhos, montou diversas coreografias e abriu várias escolas por toda a Alemanha. Em 1926, inaugurou o Centro Coreográfico em Berlim.
Usando da kinetographie Laban montou coreografias com grupos enormes de pessoas, que nunca haviam se visto. Isso chamou a atenção do governo, tanto positiva, por ser de extremo valor publicitário, quanto negativa, por, como declararam, ter judeus no elenco.
Laban, então, fugiu para Paris, onde Kurt Joos e Sigurd Leeder tinham a escola de dança de Dartington Hall. Esta fechou na Segunda Guerra Mundial.
Com o passar do tempo, o trabalho de Laban foi se voltando cada vez mais a educação, o que possibilitou que ele se aprofunda-se no esforço de movimento, publicando um livro com o tema logo depois. Ele publicou vários livros com as pesquisas que realizou no Art of Movement Studio (Escola criada por uma de suas discípulas, Lisa Ullman) e posteriormente fundou o Laban Art of Movemente Centre em Surrey.
Laban morreu no dia 1° de julho de 1958, mas deixou um legado gigantesco no mundo das artes com a sua pesquisa. Seus ideais foram seguidos por muitos profissionais da área da dança, o que deu origem a dança moderna, e foram incorporados e difundidos por profissionais de diversas outras áreas da arte, principalmente nas artes cênicas. Hoje, existem vários centros de estudo especifico ao redor do mundo sobre Laban e seu trabalho.
Este artigo foi escrito por Amanda Rocha e publicado originalmente em Prensa.li.